domingo, 18 de dezembro de 2011

Sobre Christopher Hitchens

Por Guilherme

Estamos acostumamos a ver pessoas que defendem ideias pela cor do partido ou posição política que representam (como fazem as revistas Veja e Caros Amigos, e seus articulistas), menosprezando boas realizações de seus adversários, e só enxergando a podridão dos outros (os últimos exemplos, e infelizmente não são os únicos, são os infames mensalão petista e a privataria tucana). Não há, no Brasil, intelectuais independentes, pessoas desligadas a partidos que tenham a capacidade de criticar livremente aquilo que julgam errado, e aplaudir as boas realizações, não importando quem as tenha feito.
        O jornalista inglês Christopher Hitchens, um dos mais polêmicos e influentes escritores das últimas décadas, foi um exemplo de intelectual independente que inexiste aqui. Famoso mundialmente por sua luta contra o pensamento religioso, Hitchens foi um expoente do chamado neoateísmo, com Richard Dawkins, Daniel Dennett e Sam Harris. Dos autores ateus, o que menos conheço é justamente Hitchens. Comprei recentemente Deus Não É Grande: como a religião envenena tudo (Ediouro, 2007), seu livro mais famoso, e The Portable Atheist: essential readings for the non-believer (Perseus Books, 2007), uma seleção de textos de ateus famosos como Mark Twain, Darwin, Bertrand Russell, Daniel Dennett, Richard Dawkins, Carl Sagan e Salman Rushdie, entre outros. Não li nenhuma das duas obras, e pretendo aproveitar as férias para isso.
        Se Hitchens fosse um autor como a maioria, sua luta contra a religião talvez se devesse ao seu alinhamento político. Ao contrário do que se poderia esperar, Hitchens foi um dos poucos ateus a defenderem a política americana no Iraque, elogiando o comando de Bush e criticando os democratas. Para Hitchens, a intervenção americana no Afeganistão e no Iraque era mais do que necessária, e o governo não poderia ficar de mãos atadas depois de 11 de setembro de 2001.
        Outras ideias polêmicas de Hitchens foram em relação à vida e ao trabalho de Madre Teresa de Calcutá (“uma fraude, fanática e fundamentalista, amiga da pobreza, não das pessoas pobres”), do documentarista Michael Moore (“manipulador”), de Bill e Hillary Clinton, Mel Gibson e Jimmy Carter.
        Hitchens faleceu no último dia 15. Sua partida marca a despedida de um sujeito que nos ensinou que qualquer discussão relevante deve estar sempre baseada na razão, e não em argumentos supersticiosos e sem qualquer fundamento racional.

Boa parte dos textos de Hitchens foi publicada na revista americana Slate. No Brasil, o site da revista Época disponibiliza diversos textos do autor.

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