segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Valor de Educar

Por Guilherme

Estou lendo El Valor de Educar (publicado no Brasil em 2005 pela Editora Planeta, com o título de O Valor de Educar), do espanhol Fernando Savater, uma obra muito interessante sobre o papel da educação escolar na formação das pessoas, a função da família nesse processo e, principalmente, sobre a importância da educação para uma sociedade civilizada.
        Durante a leitura do início da obra percebi, infelizmente, que a condição do professor brasileiro parece ser compartilhada por docentes de países do mundo desenvolvido, como a Espanha. O autor afirma:

Incluso existe en España ese dicharacho aterrador de «pasar más hambre que un maestro de escuela»... En los talking-shows televisivos o en las tertulias radiofónicas rara vez se invita a un maestro: ¡para qué, pobrecillos! Y cuando se debaten presupuestos ministeriales, aunque de vez en cuando se habla retóricamente de dignificar el magisterio (un poco con cierto tonillo entre paternal y caritativo), las mayores inversiones se da por hecho que deben ser para la enseñanza superior. Claro, la enseñanza superior debe contar con más recursos que la enseñanza... ¿inferior?
        Todo esto es un auténtico disparate. Quienes asumen que los maestros son algo así como «fracasados» deberían concluir entonces que la sociedad democrática en que vivimos es también un fracaso. Porque todos los demás que intentamos formar a los ciudadanos e ilustrarlos, cuantos apelamos al desarrollo de la investigación científica, la creación artística o el debate racional de las cuestiones públicas dependemos necesariamente del trabajo previo de los maestros.

        Savater também argumenta que as famílias são indispensáveis na formação das crianças e adolescentes, embora muitas vezes os pais deleguem essa função integralmente às escolas. As famílias, nas palavras do espanhol, estão envolvidas em uma crise de autoridade:

La autoridad en la familia debería servir para ayudar a crecer a los miembros más jóvenes, configurando del modo más afectuoso posible lo que en jerga psicoanalítica llamaremos su «principio de realidad». Este principio, como es sabido, implica la capacidad de restringir las propias apetencias en vista de las de los demás, y aplazar o templar la satisfacción de algunos placeres inmediatos en vistas al cumplimiento de objetivos recomendables a largo plazo.

        O autor trata também de um tema frequentemente esquecido ou relegado ao segundo plano quando se fala em educação hoje, a disciplina:

¿Es preciso recordar que no es posible ningún proceso educativo sin algo de disciplina? En este punto coinciden la experiencia de los primitivos o los antiguos, la de los modernos y la de los contemporáneos, por mucho que puedan diferir en otros aspectos. La propia etimología latina de la palabra (que proviene de discipulina, compuesto a su vez de  discis,  enseñar, y la voz que nombra a los niños, pueripuella) vincula directamente a la disciplina con la enseñanza: se trata de la exigencia que obliga al neófito a mantenerse atento al saber que se le propone y a cumplir los ejercicios que requiere el aprendizaje. El término ha servido para denominar también a las diversas destrezas y conocimientos que se aprenden por este procedimiento: las matemáticas o la geografía son disciplinas cuyo aprendizaje exige a su vez disciplina.

La autoridad ha sido abolida por los adultos y ello sólo puede significar una cosa: que los adultos se rehúsan a asumir la responsabilidad del mundo en el que han puesto a los niños.»

        A falta de disciplina também é evidente quando a escola deixa de ser um local para aprimoramento pessoal e passa a ser local de constante conflito:

En ciudades como Nueva York, encontrar voluntarios cualificados para el arriesgado puesto de maestro es dificilísimo y hay que contentarse con el primer gladiador que se atreve a presentarse como candidato; las clases se han reducido a duraciones inverosímiles —menos de media hora en algunos casos— para que el permanente trasiego impida un cansancio que puede traducirse en agresividad. Malcriados en la cultura del  zapping, que fomenta el picoteo histérico entre programas, discos, etc., y les hace incapaces de ver o escuchar nada de principio a fin, es difícil  que aguanten una clase completa de algo que no les apasione sin tregua y, aún peor, les obligue a esforzarse un tanto. De modo que es el pobre profesor quien carga con la peor parte, a menudo con riesgo de su integridad física. Por supuesto, en gran parte estas situaciones semibélicas provienen de conflictos sociales de los que la escuela no es responsable y que por tanto ella sola no puede resolver, pero en cualquier caso es evidente que algo no marcha bien. La infancia y la adolescencia están cada vez con mayor frecuencia inmersas en la práctica de la violencia: en ciertos lugares padeciéndola, en otros ejerciéndola y en no pocos lo uno y lo otro, sucesivamente. Dentro de este panorama, la función humanizadora de la educación se convierte a veces en un sueño impotente...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fora de Série: Outliers

Por Guilherme

Malcolm Gladwell é um jornalista canadense cuja especialidade é escrever obras de um gênero chamado por americanos e ingleses de “smart thinking”, ou seja, livros com ideias originais, aparentemente incomuns, que explicam (ou tentam explicar) os mais variados aspectos do comportamento humano.
      Gladwell mantém a mesma fórmula em Fora de Série: Outliers (Sextante, 2008), obra na qual tenta explicar porque algumas pessoas prosperam em suas atividades enquanto outras, igualmente capazes intelectualmente, não. A justificativa, para o autor, é um conjunto de fatores sociais, entre eles ter nascido no local e no momento certo, e estar em um ambiente adequado para seu desenvolvimento intelectual e pessoal. Para embasar a sua teoria, Gladwell apresenta diferentes exemplos, aparentemente desconexos, que vão sendo interligados ao longo dos nove capítulos do livro. A data de nascimento de jogadores de hockey canadenses, o ano de nascimento de gênios da informática e da advocacia, aliado ao local onde eles viviam no começo da adolescência, a nacionalidade dos pilotos de avião, o número de horas de prática de determinada atividade, como a música – todos esses fatores parecem estar associados ao sucesso dos profissionais, e aumentam a probabilidade de que um deles seja um fora de série.
      Outliers é um livro interessante e de rápida leitura. Nele, Gladwell justifica a fama de bom contador de histórias e a habilidade em juntar casos distintos para explicar um panorama maior. No entanto, a base do livro é bastante óbvia: um sujeito fora de série, como Bill Gates ou Paul McCartney, deve ter uma habilidade natural e uma facilidade em desenvolver seu trabalho com qualidade, além de estar no local certo, na hora certa, encontrando pessoas certas. Isso não é novidade alguma.
      Após terminar Outliers fiquei pensando em um argumento que li há algum tempo, e que de certa maneira ilustra a teoria de Gladwell. Gandhi foi um grande líder pacifista porque era, acima de tudo, uma boa pessoa, motivada por ideais nobres. Entretanto, as circunstâncias foram fundamentais para que sua luta tivesse sucesso. Imagine se Gandhi tivesse nascido na Europa, na década de 1910, e durante a Segunda Guerra Mundial estivesse em luta contra a Alemanha. Certamente seus esforços pacifistas não teriam qualquer valia, já que ele seria morto pelos nazistas em sua primeira manifestação pela paz. Imagino quantas pessoas de índole semelhante a Gandhi habitaram a Europa na época da Segunda Guerra, e penso no tremendo azar que elas tiveram por encontrarem-se em tais circunstâncias.
      Questões alheias a nós, como mostrou Gladwell, podem nos tornar Outliers. Elas podem, da mesma forma, nos destruir.

domingo, 22 de abril de 2012

Ótimas leituras para o começo da semana

Por Guilherme

- O dia 23 de abril foi escolhido pela UNESCO como o Dia Mundial do Livro. A importância do livro deve ser louvada todos os dias, e a questão da formação dos leitores também deve estar constantemente na pauta das escolas e governos. O tema da formação dos leitores, aliás, foi abordado com propriedade pelo amigo Marcos Kirst em seu blog. O texto pode ser lido aqui.

- As novas tecnologias estão ajudando as pessoas a conhecer mais coisas? Ou estão nos tornando ligados a coisas mais fúteis e banalidades? A professora Daniela Torres, em um texto no blog da Zero Hora (clique aqui para acessá-lo), discute o uso da internet nas escolas. Vale a pena conferir.

- A idade autoriza as pessoas a agir da maneira que quiserem? Ou a falta de respeito por parte de idosos é simplesmente uma extensão de uma vida de pouca preocupação com as outras pessoas? Gilmar Marcilio usou sua afinada percepção do cotidiano para discutir esse assunto polêmico, e o seu texto pode ser lido aqui.

- O que deveríamos esperar dos outros? é o nome do texto do filósofo inglês Julian Baggini e de Antonia Macaro. O final do texto de Baggini e Macaro nos dá uma ótima ideia a respeito de como deveríamos entender nossas próprias expectativas. O artigo (em inglês) está aqui.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Aventureiro no Café Literário

Por Guilherme

Na próxima quarta-feira, dia 25 de abril, acontecerá o 27º Café Literário de Antônio Prado. O convidado para o bate-papo é o jornalista e escritor José Ferreira da Silva, o caxiense que viajou por 54 países – percorrendo mais de 85 mil quilômetros – com uma lambreta no final da década de 1960. As experiências da incrível viagem do jornalista estão em seu livro O Aventureiro – a volta ao mundo de lambreta.
Todos estão convidados para ouvir as histórias de Ferreira e conversar com o autor.


Para saber mais sobre o autor e sua viagem, clique aqui e aqui.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Fantasma da Ópera

Por Natália

Impossível haver alguém que nunca ouviu falar do Fantasma da Ópera. Gênio da música e perito na elaboração dos mais variados truques de mágica e ventriloquismo, o Fantasma da Ópera habita os porões da Ópera de Paris, e é ali que ele conhece e treina a soprano Christine Daaé, cujo talento parece emergir da noite para o dia, surpreendendo todos os frequentadores e funcionários da Ópera e despertando no Visconde Raul de Chagny um amor há muitos anos esquecido.
      Embora a existência de um fantasma seja temida por muitos, o espírito na verdade é um homem de carne e osso chamado Erik. Erik é dono tanto de uma voz incrível e de uma inteligência singular como de um rosto deformado, quase impossível de ser contemplado. O maior desejo do Fantasma, porém, é poder ser amado como qualquer pessoa normal, e ele espera que a jovem Christine possa conceder-lhe esse sonho.
      Quando Erik começa a conversar com Christine através das paredes da Ópera, ela acredita que seu falecido pai finalmente lhe enviou o Anjo da Música, conforme a promessa que ele havia lhe feito em seu leito de morte. As lições de canto logo aproximam o Fantasma e a moça, que, ao ver a aparência de seu tutor, não pode evitar sentir pena e uma certa aversão. Embora apaixonada por Raul, Christine se sente inexplicavelmente atraída pelo Fantasma, que parece dedicar sua vida a torná-la uma estrela do teatro francês. Raul, porém, não suporta a interferência de Erik na vida de Christine, e planeja fugir com a moça. Christine concorda com a fuga, mas decide cantar para o Fantasma uma última vez. É no meio dessa apresentação que Christine desaparece misteriosamente, deixando ao atordoado visconde a difícil tarefa de encontrá-la e livrá-la das mãos do Fantasma.
      O Fantasma da Ópera (Ediouro, 2005), de Gaston Leroux, é um clássico da literatura mundial. Muito mais do que uma deliciosa história de mistério (ou de terror, na opinião de alguns; ou de amor, na opinião de outros), a obra pode ser lida como uma metáfora sobre como o mal pode superar o bem se a vontade de conquistar algo é forte demais, sobre como a rejeição desperta nas pessoas o ódio e o desejo de vingança e sobre como a compaixão pode sobreviver mesmo depois que outros bons sentimentos já foram extintos. O Fantasma da Ópera é tudo isso e um pouco mais: as descrições das invenções de Erik e de seus elaborados mecanismos para enganar os frequentadores da Ópera são divertidas, enquanto sua adoração por Christine, sua reação inflamada ao espanto que sua presença e seu rosto causam às pessoas e os relatos sobre sua infância e juventude são profundamente tocantes. O Fantasma da Ópera é uma daquelas obras que deixam o leitor pensativo por um bom tempo depois que a última página foi virada. É também um daqueles casos em que, mesmo que suas adaptações cinematográficas sejam excelentes (e tragam um fantasma muito mais atraente do que o do original), o livro é sem dúvida insubstituível. Está na minha lista de obras a serem relidas um dia.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A educação é o melhor antídoto para a falta de civilidade?

Por Guilherme

Nosso país não precisa de futebolistas”, disse certa vez o Professor Girafales, e mais uma vez ele estava certo em seu raciocínio (normal para um sujeito que errou somente uma vez na vida). Em algumas ocasiões, porém, os jogares de futebol são úteis, mesmo que involuntariamente, por trazerem ao debate público algumas questões muito importantes. A última declaração brilhante partiu de Jô, atacante festeiro que parece não se incomodar com a perturbação que causa aos vizinhos, que precisam conviver com a barulheira das constantes festas promovidas pelo jogador do Inter. Ao invés de entender que cometeu excessos e tentar agir para corrigi-los, o jogador foi claro no recado aos vizinhos: “Quem estiver incomodado que se mude”. Depois dessa, é difícil encontrar maior exemplo de falta de civismo e de bom senso no convívio social.
      O Blog do Editor da Zero Hora publicou ontem um texto no qual discute as soluções para a crescente incivilidade que nos rodeia. Não vou repetir os argumentos do artigo (clique aqui para lê-lo), mas quero me deter em um ponto do problema.
      Costuma-se dizer que a educação pode salvar tudo e todos, e eu tendo a concordar com essa afirmação generalista. Mas, como professor, ouso dizer que a escola atual não é nenhum antídoto contra a falta de civilidade. Se pensarmos na educação da maneira como ela é gerida atualmente, há poucas chances de conseguirmos avanços no campo da cidadania.
      Nossas escolas são essencialmente conteudistas e extremamente preocupadas com o ensino teórico, técnico. Isso não é de todo ruim, pois qualquer pessoa deve ter uma boa base em matérias essenciais como português, matemática, ciências e história, por exemplo. O problema é que algumas disciplinas importantes para a formação dos cidadãos são subvalorizadas, mesmo dentro das próprias escolas. Se fizermos uma enquete nas escolas brasileiras, perguntando aos alunos “quais matérias são importantes para você?”, veremos que entre as últimas colocadas estarão as línguas estrangeiras, a filosofia e a sociologia. As matérias consideradas importantes são aquelas pedidas no vestibular ou no Enem, e as escolas encaminham os alunos para isso, para resolver questões teóricas que eles provavelmente nunca mais verão depois do vestibular. Um detalhe triste: não é somente na cabeça dos alunos que matemática é mais importante que filosofia. Muitos professores também pensam assim.
      A formação de bons cidadãos é um trabalho difícil e, para mim, deve começar na família, a partir de bons exemplos e de ensinamentos que incentivem o respeito aos outros e a empatia. A escola tem um papel complementar, discutindo a convivência social e a importância do papel individual na formação de uma sociedade melhor. A mídia também pode fazer sua parte, dando menos destaque aos “herois” do Big Brother e aos boleiros, por exemplo, e valorizando outros profissionais. As autoridades, como bem lembra o artigo da Zero Hora, também são essenciais ao dar bons exemplos, que andam em falta por aqui.
      O caminho para uma sociedade mais civilizada é longo, mas possível. E ele passa pela discussão e realização de mudanças significativas em nossas escolas.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Novidade

Por Guilherme

Iniciamos o Página Virada a convite do pessoal do jornal Cidadania, de Antônio Prado, como uma coluna destinada a resenhar obras literárias e dar dicas de bons livros para aqueles que acompanham o jornal. A partir da coluna elaboramos este blog, que mantemos desde setembro de 2010.
      Além do blog e do espaço no Cidadania, desde a semana passada estamos colaborando com o Folha de Sananduva, um jornal publicado semanalmente em minha terra natal. Lá, assim como neste blog e no jornal pradense, falaremos de livros, mas também dedicaremos algum espaço a discutir outros temas que aparecem aqui, principalmente educação.
      Para quem mora em Sananduva ou região e tem interesse em receber a versão eletrônica do jornal, é só mandar um e-mail para folhadesananduva@hotmail.com e solicitar o envio, que é gratuito.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Orozimbo Nonato, Pereirão, Aedes etílico e a cultura brasileira

Por Guilherme

O concurso público realizado na cidade paranaense de Cambé tornou-se nacionalmente famoso ao trazer, na prova aplicada aos candidatos a gari, questões muito peculiares. A prova era composta por 40 perguntas, sendo 20 de língua portuguesa, 10 de matemática e, o mais interessante, 10 de “atualidades”.
      Nunca participei da elaboração de provas para concursos, mas na minha ignorância penso que questões relevantes do grupo “atualidades” devam estar relacionadas a política (evitando perguntas do tipo “quem foi o maior presidente do Brasil”, o que parece óbvio, mas não é), a aspectos culturais e históricos relevantes, e até ao esporte e banalidades. O que o concurso de Cambé fez foi superar qualquer expectativa em termos de tosquice.

Se você ainda não viu a prova, clique aqui, vá direto às dez últimas questões e divirta-se.

      Falar de causa e efeito é geralmente complicado, pois muitas vezes os fatores se confundem e a gente não sabe se A causa B ou se B provoca o surgimento de A. Dessa forma, não sei se os potenciais candidatos ao concurso de Cambé (ou qualquer outro lugar do Brasil) estão afinados ao conteúdo das perguntas que foram feitas, ou foi o pessoal do concurso que imaginou que os candidatos devam ter esse nível cultural.
      Independentemente do real motivo de Michel Teló, Valéria “Bandida”, Uga Uga, Aedes Egípcio e outros constarem na prova, entristece saber que esse é nosso ambiente cultural atual.


Bom, é melhor parar de reclamar e falar sério. Qual é a resposta da questão 32?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Procura-se um Vampiro

Por Natália

Voltando para casa do trabalho, tarde da noite, a garçonete Sookie Stackhouse depara-se com um homem seminu correndo junto à rodovia, atordoado. Sookie o reconhece: ele é o vampiro Eric, o manda-chuva do grupo de vampiros que habita Bom Temps, uma cidade fictícia da Louisiana. Eric, porém, parece estar mudado: ele agora é um vampiro gentil, atencioso, e sem memória. Sookie decide levar o morto-vivo para casa e um pouco depois, em conversa com os subordinados de Eric, descobre que ele está sob o efeito de um feitiço lançado por uma bruxa. Agora, Sookie, Eric e o grupo de vampiros precisam encontrar uma maneira de quebrar esse encanto. Enquanto isso, a garota deve abrigar Eric em sua casa e não deixar ninguém o ver – o que acabará aproximando demais os dois.
      Procura-se um Vampiro (Benvirá, 2011), de Charlaine Harris, é uma obra repleta de aventura, mistério e sensualidade. O livro é o quarto volume da sequência que deu origem à série True Blood, exibida na HBO. O detalhe é que, quando comprei a obra, não me dei conta de que a história já estaria relativamente avançada – imaginei que estava adquirindo o segundo volume da série. Eu já conhecia por alto a história, por já ter assistido a alguns trechos de True Blood: nos tempos atuais, os vampiros decidem “sair do armário” (ou do caixão, como se afirma no livro) e lutar por seus direitos quando, após a invenção de um sangue sintético, a morte de seres humanos para sua alimentação se torna desnecessária. Sookie, a heroína da série, é telepata, mas não consegue ler a mente dos vampiros. Logo no início, ela se apaixona por Bill, um vampiro bonitão que lutou pelo Sul durante a Guerra Civil norte-americana. Em Procura-se um vampiro, Bill, que é subordinado a Eric, está brigado com Sookie e decide fazer uma espécie de retiro no Peru.

      O que me motivou a comprar a obra foi – acreditem – sua capa. Passando pela seção de livros estrangeiros em uma livraria, observei que as capas dos livros da série eram muito engraçadinhas (para uma sequência sobre vampiros): coloridas, com desenhos leves e inocentes – bem diferentes das capas da versão em português, que eu não conhecia na época. Pensei que, talvez, os livros fossem menos sensuais do que a série feita para a televisão. Após a leitura, continuo achando que de fato o são – mas prefiro não os recomendar àqueles que preferem uma história que envolve romances entre vampiros e humanos com juras de amor eterno, ao estilo Crepúsculo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Retratos da Leitura no Brasil

Por Guilherme

O Instituto Pró-Livro, organização criada em 2006, divulgou há poucos dias os resultados de sua última pesquisa sobre o comportamento do leitor brasileiro. Intitulado “Retratos da Leitura no Brasil”, o trabalho teve por objetivo levantar o perfil do leitor e do não-leitor brasileiro, verificar as preferências do leitor, identificar as barreiras para o crescimento da leitura de livros no Brasil, levantar o perfil do comprador de livros em nosso país e verificar a facilidade de acesso aos livros pela população brasileira.
Foram entrevistadas 5012 pessoas em 315 municípios brasileiros, e os resultados do estudo foram muito interessantes. Alguns dados eu reproduzo abaixo:
- Quando perguntados sobre quais atividades faziam em seu tempo livre, a maioria dos entrevistados (85%) citou “assistir televisão”. Apenas 28% dos entrevistados citaram a leitura.
- Em resposta à questão “Qual destas frases melhor explica o que é leitura?”, 64% dos entrevistados afirmaram que essa atividade é uma “fonte de conhecimento para a vida”, e 41% disseram que é uma “fonte de conhecimento e atualização profissional”, enquanto 12% consideraram uma atividade que “ocupa muito tempo”, 8% afirmaram que é uma “prática obrigatória”, 6% que “produz cansaço / exige muito esforço”, e 5% que é uma “atividade entediante”. (Obs: cada entrevistado podia marcar três opções nessa questão)
- A maioria dos entrevistados (64%) concordou com a afirmação que “ler bastante pode fazer uma pessoa ‘vencer na vida’ e melhorar a sua condição socioeconômica”, embora 40% deles não conheça ninguém que “‘venceu na vida’ por ler bastante”
- Metade dos entrevistados afirmou ter lido algum livro nos últimos três meses, e a maioria dos leitores é composta por mulheres (57%)
- Entre todos os entrevistados, a média de leitura foi de 1,85 livros nos últimos três meses
- Em relação aos gêneros lidos, a maioria dos entrevistados citou a Bíblia, os livros didáticos, os romances e os livros religiosos
- Os cinco escritores brasileiros mais admirados pelos entrevistados foram Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade
- Os cinco livros mais marcantes foram a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Pica-Pau Amarelo e O Pequeno Príncipe
- A maioria dos entrevistados afirmou que está lendo mais do que lia no passado, e entre os que estão lendo menos, a principal explicação é a falta de tempo ou interesse pela leitura
- Entre os responsáveis pelo incentivo à leitura, os mais citados foram os professores, seguidos pelos pais. Apesar disso, a maioria dos entrevistados afirmou nunca ter visto seus pais ou mães lendo um livro
- A maioria dos entrevistados afirmou obter livros através da compra, do empréstimo por particulares e, em terceiro lugar, nas bibliotecas
- 75% dos entrevistados afirmaram não ir a bibliotecas

O estudo é bastante detalhado e traz outras informações importantes e úteis na elaboração de estratégias para aumentar os índices de leitura no Brasil. Quando se fala em leitura, ainda estamos atrasados com relação a outros países emergentes, inclusive nossos vizinhos argentinos e uruguaios, e essa não é a situação ideal para quem almeja constar na lista dos países mais desenvolvidos do planeta.

Para ter acesso aos resultados estudo na íntegra, visite o site do Instituto Pró-Livro e clique em “Retratos da Leitura no Brasil