sábado, 30 de outubro de 2010

Em breve, não haverá tigres na natureza. E daí?

Por Guilherme

      Foi publicada, há poucos dias, uma notícia dando conta do possível desaparecimento de tigres em seu ambiente natural até 2022 (leia a notícia aqui). De acordo com a WWF, uma das mais importantes organizações não governamentais do planeta, existem aproximadamente 3200 desses animais soltos na natureza, e esse número declina a cada ano. Planos para salvar a espécie já estão em andamento, mas não se pode ter certeza de que funcionarão, já que esses felinos são visados por sua pele e por seus ossos, que possuiriam supostas propriedades medicinais (nunca comprovadas). Algumas pessoas, ao lerem a notícia, poderão se perguntar: “E daí? Minha vida não vai mudar nada com isso.” É verdade: a extinção dos tigres não vai alterar o cotidiano de quase ninguém. Mas sempre que vejo uma notícia como essa, lembro daquilo que o biólogo Edward O. Wilson escreveu em A Criação: como salvar a vida na Terra (Companhia das Letras, 2006):

É possível que nunca cheguemos a avistar pessoalmente certos animais raros – podemos lembrar o lobo, o pica-pau-bico-de-marfim, o panda, gorila, a lula-gigante, o grande tubarão-branco, o urso-pardo –, mas precisamos deles como símbolos. Eles proclamam o mistério do mundo. São as joias da coroa da criação. Só saber que eles existem em algum lugar, estão vivos e passam bem é importante para o espírito, para que nossa vida seja inteira. Se eles vivem, então a Natureza também vive. Com certeza nosso mundo estará em segurança, e nós estaremos numa situação melhor. Imagine o choque dessa manchete: ABATIDO O ÚLTIMO TIGRE – A ESPÉCIE ESTÁ EXTINTA.”

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quando um Crocodilo Engole o Sol

Notícias vindas do Zimbábue não são muito comuns aqui no Brasil. Quando chegam, elas mostram, em sua maioria, os enormes problemas sociais e políticos vividos por esse país africano. Antes da Copa de 2010, a seleção brasileira aceitou fazer um amistoso contra o selecionado zimbabuano, na África, recebendo mais de R$ 2,5 milhões para isso. Além do absurdo que foi receber essa quantia de um país miserável, divulgou-se recentemente que a renda do jogo, de mais de 640 mil dólares, desapareceu!
      O Zimbábue é governado pelo ditador Robert Mugabe desde 1980. Seu governo é considerado um dos mais corruptos do planeta, com visões políticas pré-históricas, violadoras dos direitos humanos, homofóbicas, racistas e que levaram o país a um colapso econômico e social. Enquanto alguns países africanos têm melhorado consideravelmente seus índices sociais, no Zimbábue a situação atual é muito semelhante (pior em alguns aspectos) àquela do início do governo de Mugabe.
      Para entender um pouco do declínio do Zimbábue nas últimas décadas, uma boa leitura é Quando um Crocodilo Engole o Sol (Nova Fronteira, 2008), de Peter Godwin. O jornalista, um zimbabuano branco nascido em 1957, narra a vida de sua família em um país sob constante mudança. Invasões de terra, assassinatos, ameaças, corrupção e terror foram testemunhados por Godwin na África. Ao mesmo tempo em que a situação de seu país se degrada, o escritor tem que lidar com dramas familiares, já que seu pai, idoso e doente, e sua mãe, também debilitada, lutam para sobreviver em meio ao caos.
      Quando um Crocodilo Engole o Sol é uma narrativa brilhante sobre a vida familiar e social no Zimbábue em anos recentes. Godwin aborda com habilidade diversos aspectos do país africano como a desigualdade social, o racismo, a cultura do povo local, a formação de guerrilhas e, principalmente, a trajetória de Mugabe, inicialmente um salvador, e agora tirano. Ler o relato de Godwin sobre a situação do Zimbábue é desolador. Histórias como a dele e, principalmente, a de Philip Gourevich, sobre a guerra civil de Ruanda em 1994, descrita em Gostaríamos de Informá-lo de que Amanhã Seremos Mortos com Nossas Famílias (Companhia de Bolso, 2006) mostram o lado mais obscuro da humanidade que, de tempos em tempos, teima em aparecer.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Livro da Minha Vida (2)

Por Natália

      Eu poderia indicar, para cada fase de minha vida, várias obras marcantes. Para a pré-adolescência, livros policiais de autores como Agatha Christie, Conan Doyle e Marcos Rey. Para a adolescência, O Mágico de Oz (recentemente resenhado) e O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder. Para a época da graduação, os clássicos de Machado de Assis, os romances policiais de P.D.James e obras da Literatura Ocidental em geral (como O Morro dos Ventos Uivantes e Drácula). Recentemente, fui presenteada por uma professora muito querida, Prof. Flávia Saretta, com um livro escrito por volta de 1940 e publicado mais de 60 anos depois. Sua autora, Irène Némirovsky, é um dos maiores nomes da literatura do século passado. E essa obra, Suite Française, é um dos retratos mais impressionantes sobre a ocupação alemã na França durante a Segunda Guerra Mundial.
      Ao contrário de outras obras sobre a II Guerra, Suite Française não descreve os grandes conflitos nem as aflições dos soldados no campo de batalha. Os personagens da obra são pessoas comuns, mais ou menos afortunadas, que procuram fugir de Paris nos dias anteriores à invasão alemã. São apresentados, portanto, não indivíduos heroicos ou cidadãos com forte sentimento patriótico; o que a obra traz a seus leitores são famílias, casais e jovens que, temendo por sua vida e zelando pelo próprio conforto, são capazes tanto de ajudar como de prejudicar as pessoas que estão em situação semelhante à sua.
      Na primeira parte da obra, quando Paris está prestes a ser ocupada, alguns episódios chamam a atenção. Em meio a bombardeios, a mãe de uma família aristocrática aconselha seus filhos a compartilharem seus doces com crianças mais pobres. Quando percebe que todas as mercearias estão fechadas e que, se a distribuição de guloseimas continuar, os próprios filhos ficarão sem doces, ela proíbe-os de prosseguir com tal gesto de boa-vontade. Mais tarde, na tentativa de fugir de outros ataques, essa mesma família abandona um abrigo no meio da madrugada, levando consigo o gato da família e se esquecendo do avô, que sofria de uma doença degenerativa.
      Já na segunda parte da obra, com a ocupação alemã estendendo-se também pela região ao sul da capital francesa, observamos como a rotina de um vilarejo se altera por causa da presença de soldados nazistas. Os homens da localidade dirigem aos invasores um ódio quase violento, pois temem que o charme dos combatentes faça-os perder suas mulheres. E, enquanto as mulheres mais novas de fato suspiram pelos soldados, uma vez que veem neles uma oportunidade para desviarem-se de sua maçante rotina rural, as mais velhas culpam-nos pelo desaparecimento de seus filhos durante o conflito. É nessa parte da obra que, entre uma francesa e um oficial alemão, criam-se laços quase que fraternais: os dois sabem que o destino de suas nações e de suas famílias foi enormemente modificado por causa da guerra.
      O mais surpreendente de Suite Française (Vintage International, 2006) é a maneira como Némirovsky consegue construir, a partir de pequenos episódios, uma grande narrativa. Além disso, é interessante perceber que, ao contrário da maioria das obras (literárias ou não) sobre a Segunda Guerra Mundial, Suite Française é imparcial, sem defender os franceses e atacar os alemães. Em vez de fazer isso, a obra mostra o quanto o conflito é doloroso, independentemente da nacionalidade dos envolvidos. Vale destacar, porém, que Némirovsky adota essa postura neutra apesar de sua situação na França. Nascida em Kiev, na Ucrânia, e oriunda de uma família judaica, Irène Nemiróvsky muda-se para Paris em 1918, para fugir da Revolução Russa. Na França, converte-se ao Catolicismo e casa-se com um banqueiro, Michel Epstein, também um judeu convertido. Irène e a família viviam em Paris quando a ocupação alemã ocorreu, e foi nessa ocasião que ela começou a redigir Suite Française, atualmente sua obra mais reconhecida. Porém, o romance não foi finalizado porque a autora e seu marido foram presos e deportados a Auschwitz. Michel Epstein foi imediatamente mandado à câmara de gás. Irène morreu pouco tempo depois, de tifo. Suite Française permaneceu escondida por muito tempo até que, há menos de uma década, foi publicada. Ainda que inacabada, é uma obra de arte de brilhantismo e grandeza incalculáveis.

"O Livro da Minha Vida" é um projeto do Blog Página Virada. O blog publicará todas as quartas-feiras um post sobre uma obra que marcou a vida de alguém. Para participar, mande seu texto para paginaviradablog@yahoo.com.br

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um assassino entre nós

O clímax de Um assassino entre nós, de Ruth Rendell (L&PM, 2007), é anunciado já na primeira página:
     “Eunice Parchman matou a família Coverdale porque não sabia ler nem escrever.
     Não houve nenhum motivo real e nenhuma premeditação; ninguém ganhou dinheiro nem segurança. Como resultado do crime, a deficiência de Eunice Pachman ficou conhecida não só por uma única família ou um punhado de cidadãos, mas por todo o país. Ela não conseguiu nada com isso além de desgraça para si e, desde o início, em algum lugar de sua mente estranha, ela sabia que não conseguiria nada. Mas, ainda que sua companheira e parceira fosse louca, Eunice não era. Ela tinha a terrível e prática sanidade do macaco atávico disfarçado de mulher do século XX.”
Porém, não importa tanto o desfecho ao qual é submetida a família Coverdale, mas sim os fatos que levam Eunice Parchman, a empregada doméstica, a assassinar friamente seus integrantes. Os Coverdale (o casal George e Jacqueline e os filhos Melinda e Giles) procuram uma funcionária para que a mãe não faça todo o trabalho de casa sozinha. Assim, Eunice se apresenta, e a família nem desconfia que suas ótimas referências são falsificadas.
Apesar de todas as gentilezas que lhe são dirigidas, Eunice é calada, estranha e por vezes grosseira. O que os Coverdale não sabem é que a nova funcionária guarda um segredo que, para ela, é terrível: ela é analfabeta. Eunice ignora que os bilhetes deixados pela dona da casa são ordens que ela deve cumprir; logo, as advertências que Jacqueline e George lhe dirigem por causa das tarefas não feitas começam a alimentar um incontrolável ódio na mulher. Todos os atos e gestos dos Coverdale passam a ser interpretados equivocadamente por Eunice, que acredita estar sendo vítima de uma espécie de conspiração. O leitor percebe, então, que o inevitável fim está para ocorrer.
Ruth Rendell constrói uma narrativa tensa, e o leitor, ao passar a simpatizar com as excentricidades dos Coverdale e a se assustar com a frieza de Eunice, torce para que a família consiga escapar de seu cruel destino. Um assassino entre nós, lançado em 1977, é, além de um clássico da literatura policial inglesa, uma crítica inteligente às diferenças entre as classes sociais da Grã-Bretanha da década de 1970.

domingo, 24 de outubro de 2010

Mafalda!

      Criada pelo cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, Mafalda é uma personagem que definiu as histórias em quadrinhos dos anos 60. Fã dos Beatles e do Pica-Pau, Mafalda é uma criança que tem preocupações de gente grande. Nascida em uma época de conflitos e guerras em várias partes do mundo, de grandes desigualdades sociais (que permanecem até os dias atuais), a menina tem dificuldade para entender por que as pessoas não conseguem relacionar-se bem. Seus pais, sempre presentes, tentam responder às angústias da menina, embora nem sempre consigam atender às expectativas dela.
      Como qualquer outra criança, Mafalda brinca com seus amigos sempre que pode. Filipe, Manolito, Susanita, Miguelito e Liberdade estão sempre com Mafalda, inventando brincadeiras e discutindo assuntos sérios. Seu irmãozinho caçula, Guile, é um menino espirituoso, cheio de dúvidas (como Mafalda) e que, com o passar do tempo, torna-se o principal companheiro de aventuras da menina.
      Mafalda é o principal personagem de quadrinhos da América Latina. As tiras de Quino ainda hoje influenciam vários cartunistas e escritores, que veem nas histórias de Mafalda uma rica fonte de inspiração. Na Argentina, várias homenagens foram feitas a Quino, duas das quais se encontram na capital portenha: uma praça, chamada “Praça Mafalda”, no bairro Colegiales, e uma escultura da menina sentada em um banco, no bairro San Telmo. Para quem visita Buenos Aires e é fã da garotinha, ambas são paradas obrigatórias.
      Para quem quer conhecer as tiras de Mafalda, recomendamos Toda Mafalda: da primeira à ultima tira (Martins Fontes, 1993).

O Mágico de Oz

Uma garotinha órfã, um cachorro, um espantalho, um homem de lata e um leão. Esse é o time de personagens que compõe um dos clássicos da literatura infanto-juvenil norte-americana, O Mágico de Oz, publicado em 1900 por Lyman Frank Baum. Além deles, há ainda bruxas (boas e más), macacos voadores, criaturas ferozes, povos desconhecidos e, é claro, o Grande Mágico.
A história é bem conhecida: Dorothy e o cãozinho Totó são levados do Kansas por um tornado, junto com a casa em que estão, à Terra de Oz. Chegando lá, aterrissam sobre a Bruxa Má do Leste, que vinha aterrorizando a Terra dos Munchkins, um povo muito agradável. A Bruxa Má do Oeste aparece, jurando vingança pela morte da amiga, e Dorothy se assusta. Os Munchkins, então, aconselham-na a ir à Cidade das Esmeraldas e pedir para que o Mágico faça-a retornar ao Kansas. Dorothy e Totó preparam-se para sair pela Estrada dos Tijolos Amarelos quando a Bruxa Boa do Norte surge e presenteia a menina com os sapatos prateados que pertenciam à feiticeira esmagada.
No caminho para a Cidade das Esmeraldas, a garotinha conta sua história a quem quiser ouvi-la, e assim acaba fazendo alguns amigos: o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde. Como também têm pedidos a fazer ao Mágico de Oz, eles decidem acompanhá-la. O Espantalho quer um cérebro; o Lenhador de Lata, um coração; e o Leão Covarde, coragem. Com a ajuda de seus novos amigos e de Totó, a menina enfrenta as ameaças da Bruxa Má do Oeste e os vários perigos que aparecem ao longo da jornada.
Ao chegarem à Cidade das Esmeraldas, porém, se decepcionam: o Grande Oz é, na verdade, um impostor e não pode atender aos pedidos de Dorothy e de seus amigos. Desesperada, a menina procura a Bruxa Boa do Norte, que lhe assegura que a forma de voltar para casa é mais simples do que parece e que ela já possui os meios de fazer isso: é só bater os calcanhares que os sapatinhos prateados sabem aonde levá-la.
Nesse momento, seus amigos se dão conta de algo muito importante: eles também já possuem o que tanto buscam. O Espantalho percebe que foi ele quem elaborou os planos mais mirabolantes executados pelo grupo; o Lenhador de Lata descobre que ele não precisa de um coração para ser capaz de ter sentimentos nobres e puros; e o Leão Covarde nota que foi ele quem sempre defendeu seus amigos dos perigos enfrentados durante a aventura. Os três, então, reconhecem que Dorothy fez com que eles se dessem conta de suas próprias qualidades e que, se não tivessem atravessado a Terra de Oz em busca de seus desejos, ainda seriam criaturas muito infelizes.
O Mágico de Oz (L&PM, 2001) é uma obra que, além de bom entretenimento, proporciona ao seu leitor esperança e conforto. É impossível não encerrar sua leitura com um suspiro encantado, pois certamente a obra faz perceber que cada um de nós tem um pouco de Espantalho, Lenhador de Lata ou Leão Covarde. Mais do que um livro divertido, O Mágico de Oz faz com que o leitor note que as respostas às perguntas muitas vezes se encontram no interior de quem as busca, e que a solução para os problemas está em nós mesmos. Há autoajuda melhor do que isso?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um Antropólogo em Marte

      O médico inglês Oliver Sacks é famoso pela habilidade com que relata a história de pacientes cujas vidas são impactadas por condições de saúde incomuns. Em Um Antropólogo em Marte (Companhia de Bolso, 2006), Sacks dá continuidade à sua celebrada carreira de escritor, iniciada com Enxaqueca (1970), detalhando os desafios diários enfrentados por sete indivíduos que possuem características especiais. Um deles é um pintor americano que, após sofrer um acidente automobilístico, passou a ver o mundo em preto e branco, apesar de perceber uma melhora na sua acuidade visual. Também há o incrível caso de outro pintor, o italiano Franco Magnani, nascido em 1934 na cidade de Pontito, próxima a Florença. Magnani é conhecido como “Um Artista da Memória” devido à sua capacidade de retratar detalhes de sua cidade natal sob praticamente qualquer ângulo. Uma visita ao site do pintor (http://francomagnani.com/default.aspx) revela a qualidade de sua obra. Até aqui, a história de Magnani não parece adequada para ser incluída em um livro que trata de condições médicas raras, afinal muitos artistas pintam muito bem utilizando apenas a memória fotográfica de algum objeto ou lugar. O fato extraordinário sobre o italiano é que ele deixou sua cidade natal em 1946, com 12 anos de idade, e em suas pinturas representava Pontito antes de 1943. Magnani parece ter ficado obcecado com a vida em sua cidade natal, e passou a retratá-la compulsivamente após ter sido internado em um sanatório nos Estados Unidos, país no qual escolheu viver após sair da Itália. Apesar de ter visitado Pontito algumas vezes após 1946, o artista sempre representava detalhadamente a cidade como ele a conhecia quando criança, no que parece um saudosismo bastante incomum.
      Entre os sete pacientes de Sacks, Temple Grandin é a mais conhecida no meio acadêmico. Grandin é doutora em Ciência Animal e professora na Colorado State University. Ela é uma das maiores especialistas em bem-estar animal do mundo, tendo percorrido diversos países para palestrar e assessorar governos e indústrias em questões relacionadas às condições de vida de animais de abate. Também escreveu livros de sucesso, como Na Língua dos Bichos (Rocco, 2006) e O Bem-Estar dos Animais (Rocco, 2010). Grandin desenvolveu novos aparatos para a lida com os animais de abate, como corredores de gado de formato distinto dos habituais, para que os animais sigam com maior conforto e menor estresse em direção aos veículos de transporte ou aos currais. Para desenvolver os corredores, Grandin utilizou uma técnica pouco convencional: ela própria caminhou por corredores tradicionais, tentando perceber que tipo de ruído, movimento ou formato de peças poderia causar sensações de mal-estar nos bois. Saber por antecedência como os animais reagirão sob determinadas condições é algo bastante complicado para qualquer estudioso do comportamento animal. E um cientista na condição de Grandin teria, teoricamente, ainda mais dificuldade para conseguir resultados satisfatórios nesse campo. Temple Grandin é autista, e é incapaz de perceber a maioria dos sentimentos de outras pessoas. Apesar disso, poucos têm a percepção que ela possui sobre os sentimentos de animais não-humanos.
      Assim como nas histórias narradas por Sacks em suas outras obras, os setes pacientes de Um Antropólogo em Marte têm algo em comum: eles demonstram a incrível capacidade humana de se adaptar e seguir a vida contra grandes adversidades. Ao término da leitura poderemos entender melhor a citação do biólogo evolucionista J.B.S. Haldane no começo da obra:

      O universo não é mais excêntrico do que imaginamos, mas mais excêntrico do que podemos imaginar.

Memórias de um Primata

O neurocientista Robert Sapolsky é um dos mais respeitados pesquisadores do efeito do estresse no organismo de seres humanos e de outros animais. Seu livro mais famoso, Por que Zebras Não Têm Úlceras? (Editora Francis, 2008), é uma obra muito lida e citada que trata de diversas questões relacionadas ao assunto (o que é, como surge, quais são os seus efeitos físicos e psicológicos, o que fazer para lidar com situações estressantes, etc) e traz os resultados do trabalho de Sapolsky com babuínos no Quênia. O cientista foi à África procurar por animais que viviam em grandes grupos para observar se a posição social dos indivíduos era determinante para seu nível de estresse. Acabou descobrindo que tanto os líderes do grupo como os animais subordinados apresentavam altos índices do hormônio cortisol, um dos indicadores do estresse. Em suma: é estressante dominar um grupo e ter que reafirmar seu domínio sempre que desafiado; do mesmo modo, ser o último animal a ter acesso a comida, não conseguir parceiras e ser vítima constante de ataques é viver diariamente sob estresse.
      De seu tempo na África, além de dados importantes sobre os mecanismos do estresse, Sapolsky trouxe inúmeras histórias curiosas. Em Memórias de um Primata: a vida pouco convencional de um neurocientista entre os babuínos (Companhia das Letras, 2004), o autor relata as mais engraçadas e emocionantes situações que viveu junto aos babuínos. A descrição de seus apertos por causa da ingestão de alimentos estranhos, do medo de ataques de búfalos, da sua interação com os habitantes locais e, principalmente, a maneira pela qual Sapolsy narra as relações entre os indivíduos de seu grupo de estudo, e dos babuínos com ele próprio, certamente irão agradar aos leitores que gostam de livros divertidos e informativos.
      Como acontece com todos os animais em nosso planeta, os amigos babuínos de Sapolsky também tiveram sua vida influenciada por outros seres humanos. A história, tratada no final do livro, é a parte mais emocionante de Memórias de um Primata. Aqui, o autor demonstra que além de ser um grande cientista é também um ser humano notável.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Livro da Minha Vida (1)

Por Guilherme

            Para qualquer pessoa que goste de ler, escolher uma obra para dizer que é "o" livro de sua vida é uma tarefa muito difícil. Não sou um grande leitor de romances, prefiro livros de filosofia popular e divulgação científica e, assim, o livro que marcou minha vida foge um pouco dos padrões. Escolheria Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, de Robert Pirsig, que me trouxe grandes ideias e sempre me proporciona paz de espírito em momentos complicados. Mas como já escrevi sobre Zen em outro post, decidi falar de outra obra à qual frequentemente recorro quando estou em busca de pensamentos inspiradores: Walden, do americano Henry David Thoreau (1817-1862).
            Conheci os escritos de Thoreau por curiosidade, pois queria saber mais sobre a história de um cara que havia sido preso por não pagar impostos (que financiavam conflitos com o México e a escravidão nos EUA), e teria escrito seu principal manifesto (A Desobediência Civil) na cadeia. Depois, descobri que o autor era considerado um dos pais do pensamento anárquico, embora hoje em dia muitas pessoas se inspirem nele quando pregam a presença mínima do Estado na sociedade. Também soube que Thoreau foi o mentor intelectual de muitas revoluções silenciosas, como a de Gandhi na Índia. Como se isso não bastasse, o autor passou dois anos afastado (não completamente isolado, como se pensa), vivendo em uma cabana construída por ele próprio nas proximidades do lago Walden, no estado americano de Massachusetts. Essa experiência de fuga da civilização é relatada em Walden, publicado em 1854.
            Walden é uma homenagem à natureza e à simplicidade. Thoreau era um grande crítico do modo de vida de seus contemporâneos, que se preocupavam excessivamente com as aparências e o acúmulo de capital, deixando de lado virtudes como a constante busca pelo conhecimento (de si mesmo e do mundo) e o aprimoramento pessoal. Aliás, aprimoramento pessoal é uma ideia sempre presente nos escritos do autor. O americano não admitia que pudéssemos nos portar tão mal em relação às outras pessoas e à natureza. Para ele, cada um de nós tinha poder suficiente para, conscientemente, agir cada vez melhor, elevando moralmente sua própria vida e influenciando positivamente a de outros. Essa é, para mim, a ideia mais nobre em Walden.
            Admiro a obra de Thoreau porque nela encontrei o meu próprio pensamento sobre a conduta dos seres humanos. Custo a entender como algumas pessoas podem ser tão negligentes com as suas vidas, ou como não fazem a mínima questão de aprimorar-se, de buscar algo a mais. Para aqueles que imaginam que pode haver epitáfios diferentes de “Fulano de Tal, torcedor fanático do Pradense, que dirigia aos sábados à noite com o som explodindo e gostava de beber e jogar as garrafas de cerveja nas calçadas”, Walden é um sopro de esperança.


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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Do que realmente necessitamos?

Por Guilherme

O trecho a seguir foi retirado do livro Conservar e Criar: natureza, cultura e complexidade (Editora Senac São Paulo, 2005), da bióloga e socióloga Rita Mendonça. Gostaria que suas palavras ecoassem em uma sociedade na qual o consumo parece ter se tornado um valor maior do que a ética e o bom senso.

"Cada cultura define para si o que é necessidade e o que é conforto. A cultura urbana e industrial, ou seja, a cultura do consumo, definiu uma necessidade um pouco diferente da dos outros povos: a necessidade de criar necessidades."

Granada

O escritor gaúcho Vitor Diel esteve na Feira do Livro de Antônio Prado divulgando o seu livro Granada. A obra é uma coletânea de crônicas que tratam de temas variados, que vão desde amor e relacionamento até a crise do rap americano. Os textos são escritos de forma leve e muito bem-humorada, o que dá a impressão de que estamos ouvindo o autor contar as suas histórias.
Na última crônica, que dá nome ao livro, Vitor revela como decidiu tornar-se escritor: sentia-se deslocado na escola, e queria destruir a tudo e a todos. A solução que encontrou foi fazer isso através das palavras (escritas, entenda-se bem). A ideia que o autor traz ao final de seu texto resume aquilo que muitos de nós creem que aconteça com os grandes artistas:

"Todo mundo que se dedica a qualquer trabalho criativo tem questões de infância mal resolvidas. Porque criar ainda é a melhor opção, considerando-se a força de ataque que há dentro do espírito criativo. Antes usar essa força na criação e ouvir de desconhecidos que você é bom no que faz a matar meia dúzia de gatos-pingados e acabar atrás das grades, com uma mísera manchete no jornal. Dentre estas, criar ainda é a opção mais segura."

domingo, 17 de outubro de 2010

Uma Breve História do Mundo

            Um dos assuntos que mais interessa a nós, seres humanos, é a nossa própria história. Conhecer de que modo surgimos, como evoluímos e o que fizemos no planeta é uma maneira de apreciar a incrível capacidade humana de criar coisas novas a cada momento, o que nos torna uma espécie altamente adaptável à vida em praticamente qualquer lugar da Terra. Infelizmente, a nossa capacidade intelectual não nos trouxe somente benefícios, mas também nos impeliu a conflitos e à destruição. O resumo de nossa história, com suas glórias e tragédias, é contado pelo professor e historiador australiano Geoffrey Blainey na obra Uma Breve História do Mundo (Editora Fundamento, 2008).
            Blainey inicia a sua narrativa contando como os ancestrais humanos viviam enquanto habitavam as planícies africanas há cerca de 2 milhões de anos. Após nos tornarmos humanos, nos espalhamos pelo continente africano e depois para outras terras. O escritor dá maior ênfase aos fatos que se passaram entre a chamada revolução agrícola (ocorrida no Oriente Médio há cerca de 10 mil anos, e que catapultou o processo de expansão das sociedades humanas devido ao excedente de alimentos) e o final do século XIX. Alguns dos fatos mais relevantes ocorridos no século passado, como as duas guerras mundiais, a chegada do homem à Lua, e o surgimento e declínio do regime soviético são tratados com mais brevidade, visto que Blainey dedicou outra obra a esses assuntos, Uma Breve História do Século XX (Editora Fundamento, 2010).
            A capacidade do autor de sintetizar alguns dos eventos mais representativos de nossa história em 342 páginas certamente vai agradar aos leitores interessados em conhecer melhor o caminho que os seres humanos traçaram desde sua origem até os dias atuais.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mario Vargas Llosa no Fronteiras do Pensamento

Por Guilherme

Tive a oportunidade de assistir à conferência do escritor peruano Mario Vargas Llosa ontem (14/10), no salão de atos da UFRGS, como parte do programa Fronteiras do Pensamento. Llosa, prêmio Nobel de Literatura em 2010, discorreu sobre cultura em sua apresentação. Às vésperas do dia do professor, gostei da posição do autor sobre a crise educacional das últimas décadas. O diagnóstico do peruano é simples: a figura da autoridade do professor foi perdida e, com isso, não há mais respeito dos alunos pelos seus colegas e professores. Não sei se a origem do problema foi a citada por ele, a revolução de maio de 1968 na França e seu lema, "é proibido proibir", mas concordo que estamos vivendo uma crise de valores, e isso repercute principalmente nas escolas.
Vargas Llosa também falou sobre suas influências literárias, desconversou quando perguntado qual de seus livros o agradava mais (é como escolher qual o melhor filho, disse ele), brincou quando disse não saber exatamente o motivo pelo qual recebeu o Nobel, previu o declínio do livro de papel à medida que os livros eletrônicos forem se popularizando e, por último, revelou o que vai fazer com o valor de mais de um milhão de dólares que recebeu em consequência do Nobel: "minha mulher é quem vai decidir. Espero reservar um pouco do dinheiro para comprar uns livros." Levando o público às gargalhadas, Llosa demonstou que é, na essência, tão humano quanto qualquer um de nós.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Paixão Índia

Anita Delgado era uma simples jovem espanhola que, com a irmã, apresentava um número de dança num teatro-café de reputação duvidosa. Foi em uma dessas apresentações que conheceu Jagatjit Singh, marajá de Kapurthala, um pequeno distrito localizado no norte da Índia, próximo à fronteira com o Paquistão. Para o marajá, foi paixão à primeira vista; para Anita, nem tanto, pois pensou que o soberano queria comprá-la com suas ofertas de joias e dinheiro. Com o passar dos meses, Anita deixou-se seduzir pela generosidade e pelo cavalheirismo de Singh, enquanto sua família deixou-se encantar pela sua fortuna. Em 1908, Anita e o marajá, 18 anos mais velho do que ela, que tinha 17, casaram-se, e sua história de amor ficou conhecida no mundo todo.
Javier Moro conta a história (verídica) de Anita Delgado na obra Paixão Índia (Editora Planeta do Brasil, 2006), um livro indispensável àqueles que apreciam as culturas orientais e adoram tudo aquilo que pareça “exótico”. E Anita de fato teve uma vida que pode ser chamada de exótica: recém-casada (no civil), foi à Índia, onde se casou à maneira hindu, e passou a morar no palácio do marajá, e não na casa das concubinas, onde já moravam as quatro outras esposas de Singh. O fato de Anita esperar ser tratada como uma esposa ocidental despertou a ira das demais esposas, que chegaram a armar intrigas para afastá-la do marajá. Além disso, os costumes indianos – como a divisão da sociedade em castas, a alimentação bem temperada e as artimanhas para a prevenção de doenças tropicais – às vezes confundiam Anita, que acabou se sentindo muito solitária. Em alguns anos, a história de amor da dançarina e do marajá tornou-se um emaranhado de mentiras, desculpas e traições. Paixão Índia é, de certa forma, um conto de fadas. Dele, porém, não se pode esperar um final feliz.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Livro da Minha Vida

A partir do dia 20/10, o blog Página Virada iniciará o projeto "O Livro da Minha Vida". O blog publicará todas as quartas-feiras um post sobre uma obra que marcou a vida de alguém. Se você quiser participar do projeto, envie um texto para nosso e-mail (paginaviradablog@yahoo.com.br) com seu nome completo, contando por que esse livro é importante para você.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Tosco" na Feira do Livro de Antônio Prado

Rodrigo Pelliccioli, o Peli, traz à Feira do Livro de Antônio Prado, no dia 14, quinta-feira, seu personagem "Tosco", dos livros de tirinhas Tosco bom de cama e Tosco 2 (a ser lançado na Feira). Tosco é um sujeito pouco educado e nada elegante que, apesar de fazer uso das mais diversas cantadas, tem pouco sucesso com as mulheres. Em resumo: Tosco é tosco mesmo. O mais engraçado, porém, é que esse personagem (por sinal tão politicamente incorreto como todo bom personagem de tirinhas) se mete em situações com as quais o leitor pode se identificar.
Peli gentilmente enviou ao Blog algumas de suas tirinhas. Divirta-se!





Abertura da Feira do Livro de Antônio Prado

Amanhã, dia 12, às 19 horas, começa a 9ª Feira do Livro de Antônio Prado. Na abertura, haverá apresentação do Coral Vozes do Prado, contação de história com o Prof. Edson Luiz Carra e lançamento do livro De um a oitenta anos, de autoria do patrono da Feira, Virgínio José Bortolotto (Seu Nilo). Até o dia 17, a praça Garibaldi será palco para as mais diversas atividades culturais. Além disso, as escolas receberão a visita de escritores, para bate-papos com os alunos. As livrarias (Livraria Do Aluno e Livraria Mister Jú) oferecerão desconto na compra de livros. Aproveite!

sábado, 9 de outubro de 2010

Guilherme Fiuza na Feira do Livro de Caxias

Por Natália

Quando conheci o jornalista e escritor Guilherme Fiuza, na Jornada Literária de Passo Fundo de 2009, sua simpatia e disponibilidade em atender o público despertaram minha curiosidade quanto à sua obra. Já tinha ouvido falar em seus livros, especialmente em Meu nome não é Johnny, que foi transformado em filme, mas ainda não havia tido a oportunidade de ler nenhum deles. Depois da conversa com o autor e da leitura dessa obra, tornei-me uma grande admiradora de Fiuza.
Meu nome não é Johnny (Editora Record, 2004) conta a história de João Guilherme Estrella, um jovem carioca que, seduzido pelo mundo das drogas, torna-se não apenas usuário de cocaína, mas um dos maiores traficantes da região. Com pouco mais de trinta anos, chegou a levar a droga para a Europa e passou a ser o principal fornecedor da alta-sociedade carioca. Sua vida de extravagâncias, porém, foi interrompida quando Estrella foi preso e, pouco depois, enviado ao manicômio judicial. Começa, então, a luta do ex-traficante para se libertar da dependência e dos clientes mais fieis. Meu nome não é Johnny é um livro baseado nos relatos das personagens reais dessa história, e é impressionante como a vida (real) chega a ser tão cheia de reviravoltas quanto um bom romance policial.
Guilherme Fiuza estará na Feira do Livro de Caxias do Sul neste domingo, dia 10, às 18 horas, para um bate-papo sobre seu novo livro, Bussunda: a vida do Casseta (Editora Objetiva, 2010). Vale conferir!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lançamento do livro "A outra face"

O Blog Página Virada convida seus leitores para o lançamento do livro A Outra Face, de autoria do professor e historiador Lucas Caregnato, nos dias 14 e 16 de outubro. O livro trata da presença de afrodescendentes em Caxias do Sul na primeira metade do século XX.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Esquisitologia

      Richard Wiseman começou a sua carreira profissional como mágico. Estudando como eram feitos os truques e, principalmente, como as pessoas reagiam a eles, Wiseman se interessou pela psicologia da mágica. Mais tarde, graduou-se, fez um doutorado em psicologia e passou a investigar alguns aspectos peculiares do comportamento humano. Parte de suas pesquisas recentes encontra-se em Esquisitologia: a estranha psicologia da vida cotidiana (BestSeller, 2008). O livro inicia com uma discussão sobre a possibilidade de os astros orientarem o trabalho de quem diz adivinhar o futuro, um dos temas preferidos do autor, que, como todo bom mágico, é extremamente cético quanto à possibilidade de alguém ter poderes sobrenaturais. Wiseman recrutou uma astróloga financeira profissional, um analista de finanças e uma criança de quatro anos de idade, e pediu-lhes que selecionassem empresas para investir 5 mil libras. O investidor financeiro e a astróloga analisaram com cuidado o mercado (e os astros), enquanto a menina usou um método diferente: Wiseman jogou um monte de papeis para o ar, cada um com o nome de uma empresa, e ela pegou quatro, ao acaso. Depois de um ano, o analista financeiro havia perdido 46,2% de seus investimentos, e a astróloga, 6,2%. A única participante que havia ganhado era a menina, que conseguiu um lucro de 5,8%. Além de colocar em cheque a veracidade de quem afirma ter a capacidade de ver o futuro, o trabalho mostra que questões como a variação no mercado financeiro são difíceis de prever, mesmo para especialistas, e estão ligadas a fatores como a sorte.
      Ao longo do livro, o autor comenta sobre sorte, piadas, a influência do nome e da data de nascimento sobre a vida das pessoas (sim, isso ocorre, mas não é nada sobrenatural), o poder da sugestão, magia e superstição (tema desenvolvido com maior profundidade por Bruce Hood em seu recente Supersentido: por que acreditamos no inacreditável, publicado no Brasil pela editora Novo Conceito em 2010). A propósito, se você tivesse que escolher entre usar um suéter que caiu em cima de fezes de um cão e não foi lavado ou outro, lavado, que pertencia a um assassino em série, qual deles usaria?
      Escrito em um estilo informal e engraçado, Esquisitologia é um livro que certamente irá agradar as pessoas que se interessam por conhecer mais o comportamento humano. Para quem quer ir além e conhecer mais sobre as pesquisas de Wiseman, o autor mantém um site (http://www.richardwiseman.com), no qual é possível saber mais sobre a sua obra e encontrar os artigos científicos dele, em inglês. Recomendamos também uma visita ao blog http://richardwiseman.wordpress.com, que é atualizado constantemente com vídeos, fotos e truques de mágica tão interessantes quanto os assuntos tratados por Wiseman em seu livro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poema

Lenise Baldin Cavazzola é uma talentosa poetisa pradense. Em 2007, publicou a coletânea de poemas A Doce Flor da Poesia (EST Edições). O belo poema abaixo não foi incluído nessa obra, mas foi selecionado pelo blog por lembrar um evento que em breve acontecerá em Antônio Prado: a 9ª Feira do Livro.


Na biblioteca
                            Lenise B. Cavazzola

Em um mundo de gente doente
louca, correndo, ocupada
eu sou aquela que ainda frequenta
a biblioteca
e passa horas sentada
degustando páginas de pura cultura...

No mundo em que o moderno
em segundos fica ultrapassado,
eu escolho o livro,
bom amigo companheiro,
onde as palavras e histórias e sonhos
permanecem
enquanto tudo é efêmero...


Lenise estará na Feira do Livro de Antônio Prado. Para conhecer melhor o trabalho dela, visite o site http://leniiiii.blogspot.com/ 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O patrimônio natural da serra gaúcha

Por Guilherme

Os patrímônios cultural e gastronômico da serra gáucha são bem conhecidos por todos e, frequentemente, motivo para reportagens na televisão ou em jornais. Menos divulgado, mas não menos importante, é nosso patrimônio natural. Mesmo entre os habitantes da região, não são muitas as pessoas que tiveram a oportunidade de encontar animais como bugios, graxains, veados, seriemas e tucanos em seus ambientes naturais. E, a julgar pelo que estamos fazendo com eles, será cada vez mais raro vê-los livres na natureza.