quarta-feira, 30 de maio de 2012

Vandana Shiva no Fronteiras do Pensamento

Por Guilherme

Na última segunda-feira, dia 28, a ativista ecológica indiana Vandana Shiva esteve em Porto Alegre para palestrar no Programa Fronteiras do Pensamento.
    Não conhecia as ideias de Shiva antes de acompanhar a sua conferência, mas algumas de suas posições são bem interessantes. No início, ela argumentou que a dualidade homem X natureza ainda continua presente, e a nossa insistência em negar que somos parte da natureza é uma das causas da negligência humana com o meio ambiente.
    Shiva também deixou muito claro que se opõe ao grande poder que as multinacionais exercem sobre os governos atualmente. Hoje somos parcialmente governados por políticos, pois boa parte das políticas públicas é definida por empresas com forte lobby sobre os governos. O exemplo dado por Shiva foi a atuação da Monsanto na Índia (a empresa atua em vários países, inclusive o Brasil), que patenteou diversas sementes e variedades de grãos, aumentou seu poder sobre a produção agrícola naquele país e reduziu o espaço dos produtores locais que, com poucas opções, acabaram virando reféns de mercado da Monsanto.
    Quando ouvi a argumentação de Shiva lembrei imediatamente das grandes corporações educacionais e das indústrias de planos de saúde aqui no Brasil. Hoje, por exemplo, é impossível algum Ministro da Educação acenar com a hipótese de redução ou limitação no número de alunos nas salas do Ensino Superior. A explicação é simples: algumas faculdades acabaram se tornando grupos gigantescos com poderio financeiro enorme, e cujo alcance político é igualmente assombroso. Se algum Ministro se pronunciar sobre algo que possa diminuir os ganhos absurdos dessas instituições, como a redução do número de alunos por turma (que passam de 120, em algumas faculdades), ele estará fora do governo no dia seguinte. Somos governados por corporações, não por governos, e sucumbimos aos seus interesses sem perceber isso.
    Outro detalhe importante da apresentação de Shiva foi a sua crítica ao consumismo. Vivemos em um mundo cheio de dinheiro (mal distribuído, diga-se de passagem), mas que também está cheio de pessoas infelizes. Nos Estados Unidos, segundo Shiva, é grande o número de pessoas que recorrem a antidepressivos para conseguir tocar a vida diária. Vale dizer que esse é o país mais poderoso do planeta, e um dos mais ricos também. A conclusão parece óbvia, mas é importante discutir como podemos viver de maneira menos atrelada aos ganhos financeiros e mais ligada a outros valores, como o afeto, a empatia, a civilidade e a cultura.
    Consumo, aliás, é o antigo termo dado à tuberculose. Do mesmo modo que a tuberculose consumiu a vida de inúmeras pessoas em séculos passados, nossos hábitos desenfreados de consumo podem acabar fazendo o mesmo, de outras maneiras.

domingo, 27 de maio de 2012

Por Que As Pessoas Acreditam Em Coisas Estranhas?

Por Guilherme

As passagens abaixo estão em Por Que As Pessoas Acreditam Em Coisas Estranhas? – pseudociência, superstição e outras confusões de nossos tempos (JSN Editora, 2011), do americano Michael Shermer. Shermer estará em Porto Alegre no dia 27 de agosto para palestrar no programa Fronteiras do Pensamento. Seu livro é uma preciosidade em uma época na qual pretensos possuidores de poderes mediúnicos, conspiracionistas e outros charlatões prosperam às custas de nossa propensão em acreditar em qualquer coisa.

A ciência se funda na convicção de que a experiência, o esforço e a razão são válidos; a magia, na crença de que a esperança não pode falhar, nem o desejo enganar.
Citação de Bronislaw Malinowsky, p. 39

Hume fazia distinção entre um ‘ceticismo antecedente’, tal como o método de René Descartes de duvidar de tudo que não tenha um critério ‘antecedente’ infalível de crença, e o ‘ceticismo consequente’, o método que Hume empregou, que reconhece as ‘consequências’ dos nossos sentidos falíveis, mas corrige-os por meio da razão: ‘um homem sábio faz com que sua crença seja proporcional à evidência’. Não saberíamos encontrar palavras melhores para o lema cético.
p. 74

Quem tem que provar o que para quem? A pessoa que faz a afirmação extraordinária é que precisar arcar com o ônus de provar aos especialistas e à comunidade em geral que a sua crença tem maior validade do que a aceita por quase todos os demais. Tem-se que fazer intermediações para a nova opinião ser ouvida. Depois, tem-se que arregimentar especialistas na defesa dela para convencer a maioria a apoiá-la e a abandonar a opinião antes apoiada. Por fim, quando estiver em maioria, o ônus da prova passará a quem estiver do outro lado e quiser contestar a afirmação vigente a partir das suas próprias não usuais.
p. 79

Nós céticos temos a tendência de muito humana de nos comprazer em derrubar o que já acreditamos ser uma bobagem. É divertido identificar o raciocínio falacioso de outras pessoas, mas essa não é bem a questão. Como pensadores céticos e críticos, devemos ir além das nossas reações emocionais, pois, ao compreender como foi que os outros erraram e como a ciência está sujeita ao controle social e a influências culturais, podemos melhorar a nossa compreensão de como o mundo funciona. Por isso é tão importante compreender a história tanto da ciência como da pseudociência. Se olharmos para o quadro geral, vendo como esses movimentos evoluem, e entendermos como o seu pensamento deu errado, não cometeremos os mesmos erros. O filósofo holandês do século 17 Baruch Spinoza colocou isso de maneira perfeita: ‘Tenho me esforçado sempre para não ridicularizar, não deplorar, não desprezar as ações humanas, mas tentar compreendê-las.’
p. 89

...Infelizmente, o corolário é que os humanos com excessiva frequência se dispõem a agarrar-se a promessas não realistas de uma vida melhor ou a acreditar que uma vida melhor só pode ser conseguida prendendo-se à intolerância e à ignorância, depreciando a vida dos outros. E, às vezes, ao ficarmos focados numa vida futura, perdemos o que temos nesta vida. Trata-se de uma fonte diferente de esperança, mas é esperança de qualquer modo: esperança de que a inteligência humana, combinada com compaixão, possa resolver nossa miríade de problemas e melhorar a qualidade de cada vida; esperança de que o progresso histórico continue a sua marcha em direção a maiores liberdades e aceitação para todos os humanos; e esperança de que a razão e a ciência, assim como o amor e a empatia, possam ajudar a compreender o nosso universo, nosso mundo e a nós mesmos.
p. 310

domingo, 20 de maio de 2012

“I’ve just got to get a message to you, hold on”

Por Guilherme

Boa parte do que sei de inglês se deve ao hábito de ouvir músicas nesse idioma desde a infância. Comecei com Pink Floyd, Creedence, Dire Straits e Paul McCartney. Junto com essa turma, estava a banda dos irmãos Gibb, os Bee Gees.
     Fiquei triste ao saber que, com a morte de Robin, o único dos irmãos que ainda pode ser ouvido é Barry. Lembro que Robin Gibb tinha show marcado para Porto Alegre no ano passado, e eu estava combinando com minha irmã para irmos vê-lo. Infelizmente, por problemas de saúde, Robin precisou cancelar o show e nós perdemos a chance de acompanhar seus grandes sucessos ao vivo.
     Robin se foi, mas seu trabalho solo e, principalmente, as coisas que fez com seus irmãos, serão contempladas por muito tempo por aqueles que gostam de música popular internacional.

Se você não conhece o trabalho de Robin e dos Bee Gees, não deixe de ouvir os clássicos abaixo:

Too much heaven (uma de minhas favoritas)

sábado, 19 de maio de 2012

A Lei de Cambpell na prática?

Por Guilherme

Em um post anterior, escrevi sobre Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano (Sulina, 2011), de Diane Ravitch, uma aula sobre políticas educacionais escrita por uma das maiores especialistas no assunto.
    Há inúmeros pontos interessantes no livro de Ravitch, mas vou destacar apenas um neste post pois penso que o momento é propício para isso. Ravitch cita Donald Campbell, criador de um aforismo bastante conhecido no campo das ciências sociais, e que se aplica perfeitamente na questão das avaliações educacionais e dos índices que delas resultam.
      De acordo com a Lei de Campbell:
Quanto mais qualquer indicador social quantitativo for usado para tomada de decisões sociais, mais ele será sujeito a pressões corruptoras e mais apto ele estará para distorcer e corromper os processos sociais que ele deve monitorar.

      Resumindo a conversa: se os índices de reprovação diminuírem no Rio Grande do Sul nos próximos anos, devemos interpretar isso como a) uma melhora no ensino gaúcho; b) uma diminuição no nível de exigência dos professores; c) a solicitação, por parte do governo, de um regime de aprovação facilitado; ou d) uma maquiagem nos dados, para que a situação não pareça tão feia.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Números

Por Guilherme

- 13,1 é a porcentagem de reprovação de estudantes de Ensino Médio no Brasil;
- No Rio Grande do Sul, o índice de reprovação dos alunos do Ensino Médio é de 20,7%, o mais alto no país;
- Na rede de escolas públicas do Pará, a porcentagem de repetência é de inacreditáveis 62%;
- Aproximadamente 92% dos professores que fizeram o concurso público estadual, no RS, não foram aprovados no exame;
- 100 é porcentagem de certeza de que a educação brasileira, reflexo de nossa sociedade, está em processo de colapso.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Os bichos, os livros e eu

Por Guilherme

Comprei no ano passado um livro extraordinário sobre animais, Animal Life (DK, 2008), de Charlotte Uhlenbroek. Animal Life é um guia visual sobre o comportamento animal e sobre a enorme variedade de espécies que dividem o planeta conosco, e é uma leitura mais do que recomendada para quem gosta de aprender sobre a vida dos animais.
      Há poucos dias, tirei esse livro da estante e comecei a folheá-lo aleatoriamente. Enquanto observava as fotos, me peguei pensando naqueles que foram o primeiro grande interesse da minha vida, os animais. Desde pequeno, sempre fui fascinado por bichos. Nas viagens de carro, era comum meus pais pararem o carro para que eu pudesse olhar um rebanho de vacas pastando placidamente em algum campo. Quando visitava minha avó em Veranópolis, uma atividade sagrada era pegar alguns ramos de funcho e ir até o antigo seminário para alimentar as cabras e ovelhas que ficavam por lá. Eu ficava completamente fascinado ao dar funcho aos bichos, que eram mais altos que eu na época, e comiam até o saco de papel no qual eu colocava o alimento deles. A jornada ficava completa, para mim, quando íamos depois ao clube de caça e pesca, onde eu caminhava ao redor do lago e jogava pão aos patos e gansos que nadavam por lá.
      Minha admiração pela vida animal me conduziu a outra paixão: os livros. Era Natal e eu devia ter em torno de uns 8 anos de idade. Meu pai pegou a filmadora e começou a registrar o pessoal da família abrindo os presentes, animado, na sala da casa da minha avó em Veranópolis. A câmera me enquadrou, sentado no sofá, com as pernas que sequer chegavam perto de tocar o chão, segurando um grande pacote no colo, e muito curioso. Comecei a abrir o pacote e vi uma caixa de papelão, na qual estava escrito “Os Bichos”. Eu abri um pouco a caixa e percebi que “Os Bichos”, na verdade, era uma coleção de livros sobre animais. Imediatamente olhei para a câmera e gritei: “Mãe, olha! Os bichos! Os bichos!” A memória muitas vezes nos prega peças, mas eu não hesitaria em dizer que foi um dos momentos de maior euforia na minha vida. Uma coleção de livros sobre animais, o que mais uma criança fascinada pelo assunto poderia querer?
      Meu interesse pelos animais e pela leitura segue até hoje, firme e forte, e um foi impulsionado pelo outro, como em um ciclo de retroalimentação. Depois de guardar o livro de Uhlenbroek na estante, fiquei satisfeito por ter tido uma infância bastante rica em estímulos à minha curiosidade. Além de poder ver e interagir com animais em inúmeras ocasiões, também tinha acesso a livros sobre eles (e com seis ou sete anos de idade já sabia dos hábitos de animais como o babirusa, o gnu e o guepardo em detalhes). O acesso e interesse pelos livros também se expandiram, e uma das consequências disso pode ser vista neste blog, nos livros sobre os quais comento.
      No entanto, ao sentimento de satisfação pela influência dos animais e dos livros em minha vida se seguiu um lamento. Quantas crianças podem, hoje, ter uma infância realmente interessante, cheia de estímulos ao intelecto? Vejo adultos pouco interessados em qualquer coisa que não seja seu trabalho ou dinheiro, que não têm curiosidade em conhecer nada além do que recebem passivamente pela TV, e que sequer fazem questão de conhecer. Seus filhos, salvo milagre, crescerão de maneira parecida. É uma pena que muitas crianças crescerão sem ter algo como “Os Bichos” por perto.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano

Por Guilherme

Entre os estudiosos contemporâneos das políticas educacionais, poucos são tão destacados quanto a americana Diane Ravitch. Ravitch trabalhou nos governos de George Bush (o pai) e Bill Clinton, escreveu inúmeros artigos e livros sobre educação e atuou como professora e pesquisadora em destacadas universidades americanas.
     O último livro de Ravitch, Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação (Sulina, 2011) deve ser leitura obrigatória para professores e políticos que tomam decisões sobre os rumos da educação brasileira, pois é uma espécie de “tapa de luva” para quem imagina que a educação americana tem muito a nos ensinar.
     Estamos nos atrelando a algumas práticas e modelos educacionais de resultado bastante discutível, como a avaliação (e absoluta responsabilização) dos professores a partir do desempenho de seus alunos em testes padronizados e a abertura de capital privado na administração de escolas e instituições de ensino superior. Para alguns comentaristas, parte da solução para os graves problemas educacionais brasileiros é diminuir a interferência e controle do estado sobre os estabelecimentos de ensino, deixando que “empresários da educação” (não sei se esse profissional existe, mas creio que não deveria existir) apliquem a lógica do mercado no campo educacional. Não tenho muita experiência com isso, mas vivi algumas situações que me dizem que esse pensamento pode nos levar a um colapso social a partir da formação de profissionais de baixa qualificação e de rasa formação cultural, um perfeito exemplo da lógica “lucros individuais, prejuízos coletivos”. Quando se prioriza dinheiro em detrimento de qualidade da educação, em uma instituição educacional, é sinal de que algo está terrivelmente errado.
     Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano apresenta uma argumentação detalhada e consistente, com extensas referências sobre as questões comentadas acima. Um ponto de destaque é que Ravitch era uma defensora de parte das políticas que hoje condena, e sua opinião mudou com a experiência cotidiana em instituições de ensino e através da observação de exemplos de como uma gestão empresarial da educação pode ser danosa a alunos e professores.
     Abaixo, transcrevo duas passagens do primeiro capítulo do livro que merecem a leitura e reflexão.

Há alguma coisa de confortadora sobre a crença de que a mão invisível do mercado, como Adam Smith a chamou, trará melhorias através de alguma força desconhecida. Na educação, essa crença nas forças do mercado permite que nós reles mortais saiamos da forca, especialmente aqueles que não descobriram como melhorar as escolas de baixa performance ou como romper com a lassidão de adolescentes desmotivados. Ao invés de lidar com problemas rancorosos, como de que forma ensinar a ler ou como melhorar a testagem, pode-se redesenhar a administração e a estrutura do sistema escolar e concentrar-se em incentivos e sanções. Não é preciso saber nada sobre crianças e educação. O apelo do mercado é a ideia de que a libertação das mãos do governo é a solução por si só. Essa ideia é muito tentadora, especialmente quando tantas reformas escolares aparentemente bem planejadas falharam em atender às expectativas.
     Os novos reformadores corporativos demonstram sua precária compreensão da educação construindo falsas analogias entre a educação e o mundo empresarial. Eles pensam que podem consertar a educação aplicando princípios de negócios, organização, administração, lei e marketing, e pelo desenvolvimento de um bom sistema de coleta de dados que proporcione as informações necessárias para incentivar a força de trabalho – diretores, professores e estudantes – com recompensas e sanções apropriadas.

É tempo, eu acho, de aqueles que querem melhorar nossas escolas focarem nos elementos essenciais da educação. Nós temos que garantir que as nossas escolas tenham um currículo forte, coerente e explícito, que seja enraizado nas artes e ciências, com muitas oportunidades para as crianças se engajarem em atividades e projetos que tornem o aprendizado vívido. Nós precisamos garantir que os estudantes ganhem o conhecimento que precisam para compreender debates políticos, fenômenos científicos e o mundo em que vivem. Nós precisamos nos certificar de que eles estão preparados para as responsabilidades da cidadania democrática em uma sociedade complexa. Nós precisamos cuidar para que nossos professores sejam bem educados, não apenas bem treinados. Nós precisamos ter certeza de que as escolas tenham a autoridade de manter tanto os padrões de aprendizado quando os padrões de comportamento.


     Currículos fortes em escolas, oportunidades reais de aprendizado, estudantes com senso crítico desenvolvido e com boas noções de cidadania, professores bem educados, e a autoridade nas escolas. Que sonho, não?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Livro da Minha Vida (6) - Dom Quixote

Por Valdemir Guzzo*

Escolher um livro, um único, é como escolher uma música, um filme, uma viagem... Penso que o momento também é importante: ele faz a leitura, a música ou um passeio interessantes. Mas um livro? Vou voltar aos anos sessenta e trazer um pouco da minha juventude e adolescência. Tínhamos muito a fazer, como hoje ainda fazemos muito todos os dias. Apenas as situações eram diferentes e toda a novidade nos atraía. Lembro do cinema Dom Vital, lá na praça XV com algumas sessões intermináveis de bons filmes, quase sempre. As pessoas eram atraídas pelo novo, pelo inusitado. Uma tarde, em meio a semana, um avião ‘enorme’ desceu na pista do aeroclube da cidade. Dá para pensar o que aconteceu: uma verdadeira romaria para ver o avião que, em pane, encontrou a pista de Veranópolis. Hoje sei que aquele avião era da antiga Sadia e trazia perto de 30 passageiros mais tripulantes e que atraíram a atenção de boa parte da cidade, inclusive a minha. As coisas eram assim e por isso passávamos horas com os livros, que também nos permitiam viagens imaginárias.
      Mas um livro, e este provavelmente tenha desencadeado meu gosto pela leitura, foi Dom Quixote. Na escola líamos muito. Líamos em parte por cumprir normas e em parte pelo gosto que essa rigidez pelo livro acabou nos proporcionando. O engenhoso Fidalgo de La Mancha me fez rir muito com as peripécias do Cavaleiro e de seu fiel escudeiro Sancho. Moinhos e demônios não me assustaram.
        Hoje, se adolescente, talvez eu desse preferência aos muitos autores regionais. Temos editoras em Caxias do Sul que têm trabalhado muito escritores emergentes e bons escritores. Só nos falta ler seus livros e valorizar seus escritos.

*Valdemir Guzzo é professor

"O Livro da Minha Vida" é um projeto do Blog Página Virada. O blog publicará regularmente um post sobre uma obra que marcou a vida de alguém. Para participar, mande seu texto para paginaviradablog@yahoo.com.br

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Consultório-biblioteca

Por Guilherme

O blog Palavra Escrita destacou uma matéria, publicada no jornal Zero Hora do último domingo, que trata de um consultório odontológico diferente. Na cidade de Campos Borges, no Rio Grande do Sul, um cirurgião-dentista mantém uma admirável biblioteca de mais de mil exemplares em seu consultório. Os livros podem ser consultados pelos pacientes enquanto esperam pela consulta e podem também ser retirados por eles, ou por qualquer outra pessoa da comunidade.
A ideia é excelente e merece nosso aplauso. Tomara que outros profissionais da área da saúde (e de outras áreas) tenham a mesma preocupação em tornar a leitura uma atividade cotidiana e de fácil acesso.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A moderna fábula de Fausto

Por Guilherme

Na história de Goethe, Dr. Fausto recebe a visita do demônio Mefistófeles, que promete ao velho homem o rejuvenescimento, o poder, a sabedoria e a possibilidade de amar uma jovem senhora. Em troca, Dr. Fausto cede sua alma ao demônio, abrindo o caminho para a desgraça.
     Existem várias versões da história de Fausto no folclore e na literatura e, recentemente, um pequeno editorial da revista inglesa New Scientist sugere que a fábula também tem aplicações na vida moderna. Com o título de “Estamos vendendo nossas almas para as redes sociais?”, o texto discute o fato de estarmos fornecendo cada vez mais informações pessoais e nos expondo publicamente em troca de supostos benefícios promovidos pelas redes sociais, como possibilidades de emprego e encontro com amigos, no que parece um contrato informal feito à moda de Fausto e Mefistófeles.
      O tema é polêmico, e o pequeno texto da New Scientist obviamente não o esgota. A afirmação que inicia o editorial, por si só, pode gerar grandes discussões. Afinal, é justo dizer que “se você não está pagando pelo produto, você é o produto?”

Para ler o texto, clique aqui.