sábado, 27 de agosto de 2011

As pessoas não discutem mais as boas ideias

Por Guilherme

O professor Neal Gabler, da University of Southern California, publicou um texto muito interessante há alguns dias no The New York Times, chamado “The Elusive Big Idea”. O termo “elusive” significa algo difícil de encontrar, esquivo. Muitas vezes se usa esse termo para algo que nem sequer existe, como quando se diz que o Pé-Grande é um animal “elusive”.
      Assim como o Pé-Grande, as grandes ideias estão difíceis de serem encontradas hoje em dia. E Gabler escreveu com propriedade sobre isso. Segundo o autor, as pessoas utilizam seu tempo para discutir futilidades e informações superficiais, como o que comem no almoço ou para onde estão indo. Em resumo, coisas que não interessam a ninguém, a não ser ao próprio autor (se é que realmente interessam a ele).
      Gabler sustenta que as pessoas não utilizam as facilidades da tecnologia para discutir grandes ideias, ideias que poderiam engrandecer as suas vidas. Ao invés disso, nós estamos cada vez mais vazios, sem conteúdo, e faltam pessoas capazes de criar coisas novas, de levantar grandes ideias.

      Quem está com o inglês afiado não pode perder o artigo de Gabler. Clique aqui para acessá-lo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Terceiro Chimpanzé


Por Guilherme

Já falamos aqui do escritor americano Jared Diamond, autor dos famosos Armas, Germes e Aço, e Colapso, obras que tratam da evolução das sociedades humanas e das maneiras pelas quais elas foram enfraquecidas ou desapareceram.
O livro que deu origem às mais famosas obras de Diamond foi O Terceiro Chimpanzé: a evolução e o futuro do ser humano (Record, 2010), publicado originalmente em 1992, e que trata das questões fundamentais da evolução biológica dos seres humanos com uma clareza poucas vezes encontrada em outros escritos sobre o tema.
Diamond dividiu O Terceiro Chimpanzé em cinco partes. A primeira apresenta informações a respeito de como, quando e onde boa parte da evolução humana ocorreu. A segunda e a terceira parte do livro são as mais interessantes, pois discutem comportamentos curiosos dos seres humanos, como o vício em álcool e outras drogas, a invenção da arte (origem da arte é o melhor termo, pois suspeita-se que manifestações artísticas também possam ser encontradas em outras espécies animais), a seleção de parceiros e o adultério. Nesses capítulos, Diamond também escreve sobre a biologia do envelhecimento e da morte, as origens da linguagem humana, e o início dos cultivos agrícolas, que nos trouxeram muitos benefícios, mas também muitos problemas.
      A quarta parte do livro explica como ocorreram as migrações humanas pelo planeta, desde a época em que saímos da África até as viagens dos europeus por novas terras. Um ponto em comum une a maioria das viagens: o conflito entre aqueles que chegam e os nativos, provocado por diferenças culturais, de linguagem, e de poderio bélico. É por isso que Diamond espera que não existam seres alienígenas capazes de nos visitar.
      A parte final de O Terceiro Chimpanzé é a mais reflexiva. Nela, o autor discute as implicações de um aumento sem controle da população humana em todo o planeta, e a catástrofe que poderemos provocar se explorarmos os recursos naturais sem nos preocuparmos com sua renovação. Muitos exemplos de sociedades que entraram em colapso ambiental são apresentados, e o autor espera que a história possa nos ensinar a partir deles. Por saber a importância desse tema, Diamond dedicou o livro Colapso para ampliar o debate sobre as consequências da má conduta ambiental nas sociedades humanas.
      O Terceiro Chimpanzé, assim como os outros livros de Jared Diamond, é leitura obrigatória para as pessoas curiosas por temas relacionados à nossa evolução e ao nosso futuro. Também deveria ser lido por quem toma decisões, ou seja, pelos governantes, que raramente pensam nas consequências ambientais e sociais de suas políticas que visam o desenvolvimento econômico a qualquer custo. A crítica de Diamond ao crescimento desenfreado de nossa população é explícita. Infelizmente, poucos políticos parecem interessados em propor programas de planejamento familiar. E os motivos para isso são óbvios.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Café Literário em Antônio Prado

Por Guilherme

Na próxima quinta-feira, dia 25, acontecerá mais uma edição do Café Literário no Centro Cultural Padre Schio, em Antônio Prado. O convidado do Café é meu amigo Rodrigo Cambará Printes, biólogo e doutor em ecologia pela UFMG. Rodrigo falará sobre o tema "Patrimônio Natural".
O evento é organizado pela Secretaria de Educação e Cultura de Antônio Prado, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município, e faz parte da Semana do Patrimônio.
O Café Literário tem início às 19h30 e a entrada é franca.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Venda de livros aumenta no Brasil

Por Guilherme

As vendas de livros no Brasil aumentaram 13% em 2010, comparadas ao ano de 2009, segundo pesquisa de um grupo da USP. Tomara que tal tendência se mantenha, e que as vendas cresçam ainda mais nos próximos anos. O Brasil ganha com isso, e os leitores também (se o aumento nas vendas se refletir em uma diminuição no valor dos livros). A notícia pode ser lida aqui.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Dia do Curinga

Por Guilherme

O norueguês Jostein Gaarder ficou famoso por seu romance O Mundo de Sofia, no qual conta a história da filosofia de maneira agradável a todos aqueles que gostam do tema. Discussões filosóficas, aliás, são aspectos sempre presentes nas obras de Gaarder.
        O Dia do Curinga (Companhia de Bolso, 2007) talvez seja o melhor dos livros escritos pelo noruguês. O romance conta a história de um menino chamado Hans-Thomas e de seu pai, em uma viagem pela Europa cujo objetivo é reencontrar Anita, uma top model que abandonou os dois há alguns anos dizendo que precisava “encontrar a si mesma”.
        Enquanto acompanha seu pai na busca por Anita, o menino descobre um livrinho que traz uma história fantástica, recheada de personagens esquisitos. Usando uma lupa para conseguir ler as pequenas letras da obra, Hans vai acompanhando o enredo a cada parada da viagem com seu pai. O que o menino não sabe é que o livrinho misterioso está mais relacionado a sua própria vida e a de seu pai do que se poderia imaginar.
        O Dia do Curinga é uma obra extraordinária, que prende o leitor do começo ao fim da narrativa. No final, descobrimos que o efeito do livro em nós é, de algum modo, semelhante ao do livrinho em Hans. E só uma grande obra pode nos dar essa sensação.

domingo, 14 de agosto de 2011

Quais intelectuais mudaram o mundo?

Por Guilherme

O blog Marginal Revolution é um espaço dedicado à discussão de como pequenas mudanças econômicas podem transformar o mundo. Um post recente do blog, Which Intellectuals Have Influence?, trata de um tema especialmente interessante: quais intelectuais realmente mudaram o mundo através de suas ideias? Não conheço as ideias de todos os autores citados. Como biólogo, li Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, que é considerada a obra que marca o fortalecimento do movimento de defesa do meio ambiente no planeta.
      Entre os autores atuais citados no texto, conheço os livros de Peter Singer, o professor australiano responsável pelo início da discussão filosófica sobre os direitos dos animais não-humanos. Seu livro Libertação Animal é o texto base para quem deseja conhecer mais sobre as relações nada amistosas entre nossa espécie e as demais.
      Algumas pessoas têm grandes ideias, mas elas não têm força suficiente para modificar a vida de outras pessoas, e para melhorar o mundo, de maneira geral. Entre essas pessoas, no post são citados Jared Diamond, Richard Dawkins, Noam Chomsky, Steven Pinker, e outros.
      A menção ao trabalho de Singer mostra que, definitivamente, ideias boas e consistentes podem mudar a vida das pessoas. E a partir disso, elas podem mudar os rumos do mundo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Burro diz que professores são inúteis. E tem certa razão nisso.

Por Guilherme
       
Notícias sobre educação no Brasil, quando aparecem nos grandes veículos da mídia, geralmente não significam coisas boas. A mais recente polêmica diz respeito à declaração de um vereador de Jacareí, em São Paulo. O nobre parlamentar, carinhosamente conhecido como Dario Burro (com B maiúsculo) afirmou que os professores são inúteis e não gostam de dar aulas.
        De acordo com reportagens sobre o assunto, há quem pense em buscar uma punição contra Burro. Como professor, sou contrário a isso, porque a conclusão de Burro é correta. Professores, no Brasil, são realmente inúteis, no sentido de que pouco, ou nada, podem fazer para mudar o panorama de ignorância que assola a nação. O tipo de ignorância que se apresenta aqui não é aquele que se resolve em uma sala de aula, é daqueles que só uma completa revolução na cultura do povo pode dar conta.
        Um professor não é muito útil em uma país no qual pessoas que sequer sabem gerenciar suas próprias vidas constituem “famílias”, e mandam seus filhos para a escola para que lá sejam educados, aprendam limites e saibam viver em sociedade. Na verdade, pais assim encaminham seus filhos para a escola porque não os suportam em casa. Pensando bem, os professores têm sua utilidade ao aguentar a falta de educação de quem nem os pais querem mais saber.
        Um professor também não é muito útil em um país no qual novelas (isso mesmo, NOVELAS) são consideradas meios de educação das massas. De fato, não se pode fazer nada quando bizarrices do tipo “Insensata Aberração” são líderes de audiência, consideradas por muitos como o meio mais eficaz de promover o debate de questões importantes para a nação. Não sei se devemos rir ou chorar com uma situação assim.
        Por último, um professor não pode fazer nada em um país que elege Burros como seus representantes. Um país no qual as propostas e a integridade de um candidato são os únicos itens que a maioria dos eleitores não considera quando tem que votar.
        Em um país onde há Burros em abundância, pouco pode fazer um professor.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Vivendo sustentavelmente


Por Guilherme

Uma das palavras mais ouvidas na atualidade é “sustentabilidade”. Em termos gerais, o conceito de sustentabilidade diz respeito ao uso dos recursos naturais de maneira inteligente e equilibrada, para que as necessidades da geração atual sejam atendidas, ao mesmo tempo em que sejam assegurados os recursos necessários para a manutenção das futuras gerações.
        O principal problema com o conceito de sustentabilidade é o que entendemos por “necessidade”. Quais são realmente as nossas necessidades materiais? Será que realmente precisamos consumir tanto quanto temos feito atualmente? Será que a quantidade enorme de matéria-prima que usamos na produção de combustíveis, plásticos, e outros bens, permitirá que as pessoas que vierem depois de nós utilizem esses produtos? Ou nosso consumo atual, desenfreado, está condenando a natureza e a própria vida humana daqui a algumas décadas?
        O conhecimento de que é necessário ter bom senso em relação ao uso de recursos naturais deve ser transformado em ações concretas. Em nosso dia-a-dia costumamos agir de modo “automático”, sempre fazendo as mesmas coisas e não pensando muito sobre elas. E é isso que precisamos mudar. Uma simples ida ao supermercado pode fazer a diferença, se optarmos por produtos com menos embalagens, olharmos a sua procedência, evitarmos aquilo que não precisamos, e levarmos nossas compras para casa com uma sacola de pano. Do mesmo modo, devemos estar atentos ao consumo de energia em nossas residências, deixando as luzes desligadas quando não precisamos delas, e prestando atenção ao uso de outros equipamentos que consomem energia, como chuveiros e máquinas de lavar.
        Consumir conscientemente não significa ter que reduzir nossa qualidade de vida. Significa repensar algumas de nossas atitudes com o objetivo de reduzir o impacto de causamos ao ambiente, em nosso próprio benefício, e em nome daqueles que estão por vir.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Como incentivar a leitura?

Por Guilherme

Algumas pessoas elogiam os livros da série Harry Potter, e similares, mais pelo fato de fazerem com que jovens se interessem pela leitura da obra do que pelo conteúdo dela. Não conheço os livros de J. K. Rowling, e  não pretendo ler nenhum deles, pois não me interesso muito por esse tipo de história. Por desconhecer o estilo da autora, não critico Harry Potter. Pelo mesmo motivo, não posso criticar Paulo Coelho.
      No entanto, o maior mérito desses autores pode ser (repito, PODE ser) trazer as pessoas à leitura, acostumá-las a ver essa atividade como interessante, fazendo com que procurem conhecer também outros autores e expandam seus interesses. Penso que esse é o objetivo principal da leitura: ampliar horizontes. E isso só pode ser iniciado com leituras agradáveis, que prendam a atenção do leitor. Obviamente, há milhares de livros que podem fazer isso, não somente os de Paulo Coelho e J. K. Rowling.
      Há mais de um ano, o jornal O Globo publicou um texto do escritor Zuenir Ventura que trata do incentivo à leitura através de obras mais adequadas aos jovens. O tema é controverso, mas penso que o argumento de Ventura é forte (ainda mais depois de ele transcrever um trecho de Iracema, de José de Alencar, em seu texto). Para acessar o artigo de Zuenir Ventura, clique aqui.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Entrevista Com o Vampiro

Por Natália

Louis era o filho mais velho de uma tradicional família de Nova Orleans, nos Estados Unidos, e administrador da fazenda da família quando foi mordido por Lestat e transformado em vampiro. Duzentos anos depois, ele decide contar sua história para um jovem jornalista, e é esse relato que pode ser conferido em Entrevista com o Vampiro (Rocco, 1991), de Anne Rice.
Após a transformação, Louis sente que está preso a Lestat, um vampiro sensual e misterioso, pois acredita depender dele para aprender os segredos de sua imortalidade. Ao mesmo tempo, porém, que sente ter um vínculo estreito com seu criador, Louis também lhe dirige um rancor silencioso. Esse rancor aumenta com a chegada de Claudia, uma criança que, ao invés de ter seu sangue sugado por Louis até a morte, é também convertida em vampiro por Lestat.
Claudia se apega a Louis, o vampiro que quase a matou, e desenvolve um ódio feroz contra Lestat. Numa falsa tentativa de fazer as pazes com seu criador, Claudia o envenena e o mata. Acreditando estarem livres de Lestat para sempre, Louis e Claudia planejam uma viagem para a Europa. Na hora da partida, porém, os dois têm uma surpresa: Lestat reaparece – e agora está disposto a acabar com os vampiros que quiseram destruí-lo.