terça-feira, 31 de maio de 2011

Graves problemas educacionais não são privilégio nosso

Por Guilherme

Uma reportagem interessante, publicada pelo site português Jornal de Notícias, trata de uma questão muito delicada na educação: o fato de que muitos alunos saem da escola sem saber ler e escrever direito, na condição de semi-analfabeto. Nesse caso, o problema ocorre na Inglaterra, um dos vários países que tratam a educação com muito mais seriedade do que o Brasil. A julgar pelos comentários dos leitores portugueses, o problema está se espalhando pela Europa.

sábado, 28 de maio de 2011

"A Senha" entre os mais vendidos na feira do livro de Bento Gonçalves

Por Guilherme

A Feira do Livro de Bento Gonçalves encerrou-se há pouco tempo. Entre as obras mais vendidas na Feira, está A Senha (Editora do Maneco, 2011), que está em sua segunda edição. O livro foi escrito pela co-autora do blog, minha irmã Natália, que também publicou Os Cinco Suspeitos (na quarta edição) pela mesma editora.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cuidar bem da própria vida é o primeiro passo para conservar o ambiente

Por Guilherme


Nunca a temática ambiental esteve tanto em discussão como nos últimos anos. Assuntos como o aquecimento global, a poluição das águas e do ar, e o desaparecimento de espécies podem ser encontrados diariamente em qualquer meio de comunicação. E, se esses temas estão em destaque, é porque os seres humanos continuam absolutamente relapsos em relação ao meio ambiente.
        Na verdade, creio que os problemas ambientais se originam porque as pessoas não costumam prestar a atenção devida nem às suas próprias vidas. Poucos se dão ao trabalho de refletir sobre suas condutas diárias e sobre o que têm feito para viver melhor. E se alguém vive sem dar importância sequer à sua vida e ao que ocorre ao seu redor, não devemos esperar que esse indivíduo tenha qualquer grau de consciência ecológica. Há um pensamento do escritor americano Robert Pirsig, em seu romance Zen e Arte da Manutenção de Motocicletas, que diz algo nesse sentido. Durante uma conversa com seu filho, sobre como levar uma vida feliz e organizada, o protagonista aconselha: “Você, além disso, precisa levar uma vida ordenada. É sua maneira de viver que o predispõe a evitar as ciladas e a observar os fatos certos. Você quer saber como se pinta um quadro perfeito? É fácil. Seja perfeito, e depois pinte, naturalmente. É assim que fazem os especialistas. Pintar um quadro ou consertar uma motocicleta não são atividades isoladas do resto de sua vida.” Cuidar do ambiente a nossa volta também não é uma atividade isolada do resto de nossas vidas, e o modo como fazemos isso nos diz tudo sobre que tipo de pessoas somos.
        Respeitar o meio ambiente é, antes de tudo, saber cuidar de si mesmo. A partir do momento em que alguém realmente reflete sobre o modo como vive, atitudes como a de jogar um papel ou quebrar uma garrafa na rua se tornam inaceitáveis. Assim, no interior de cada pessoa está o caminho para a mudança. Pirsig também escreveu sobre isso: “Para melhorar o mundo, devemos começar pelo nosso coração, nossa cabeça e nossas mãos, e depois partir para o exterior.”

OBS: parece repetitivo postar novamente algo sobre as lições de Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas. No entanto, o desrespeito entre as pessoas e delas com meio ambiente é algo que, de tão repetitivo, se tornou banal. No momento em que aceitarmos que cada indivíduo pode viver de qualquer jeito, e não exigirmos nada das pessoas, poderemos mudar o modo como nos denominamos. Humanidade, desse jeito, não servirá mais para nós.

domingo, 22 de maio de 2011

Dois Passos Antes da Esquina

Por Guilherme

Aos oitenta anos de idade, Otto se despedia de sua esposa, com quem passara a maior parte de sua vida. Ao pensar na sua companheira, inevitavelmente vinha à sua mente tudo o que haviam feito juntos e os hábitos cotidianos que partilhavam. Sabia que tudo aquilo era passado, e que teria que se adaptar a sua nova condição. Não havia mais a companheira para o chimarrão, para a leitura e discussão dos assuntos do jornal, e para ver as novelas, costume que ele não tinha antes de conhecer a esposa.
      Pouco tempo após o falecimento da esposa, Otto ainda tentava retomar a sua rotina e, ao caminhar pela casa pensando no que poderia fazer com os pertences da companheira, decidiu parar por um momento e observar um dos bens mais valiosos dela, sua coleção de livros. Otto pegou o exemplar de O Nome da Rosa, de Umberto Eco, que sua esposa lia pela segunda vez. O livro estava lá, com sua capa coberta de poeira e com o marcador no local onde a leitura havia parado. Ao manusear o livro, Otto deixou cair um pequeno papel que estava perdido entre as páginas da obra. O bilhete havia sido escrito por sua esposa, e o teor do manuscrito dá um novo sentido aos dias restantes de Otto.
      Dois Passos Antes da Esquina (AGE Editora, 2009), primeiro romance do escritor e jornalista Marcos Fernando Kirst, narra a história da busca de Otto por respostas sobre a sua própria história. O duro caminho que o protagonista percorre, para tentar compreender as razões pelas quais sua vida tomou o rumo que tomou, parece produzir mais perguntas do que respostas.
      Perguntas são o que o leitor certamente fará a si mesmo quando terminar de ler o romance de Kirst. Será que uma vida a dois faz com que as pessoas consigam viver sem esconder segredos? É possível conhecer exatamente quem é nossa esposa/marido? Será que podemos ser nós mesmos quando vivemos com alguém? De todas as questões possíveis, a que me parece mais atordoante é: Em relação àquilo que somos, o que perdemos quando construímos nossas vidas com alguém?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A tragédia da Educação no Brasil

Por Guilherme

O vídeo abaixo mostra o discurso da professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, em uma audiência pública que ocorreu recentemente na Assembleia Legislativa daquele Estado. O que ela diz representa o que está ocorrendo com a educação no país inteiro e, infelizmente, esse assunto não é discutido com seriedade pela classe política, e nem pela sociedade.


terça-feira, 17 de maio de 2011

Férias!

Por Natália

Rachel Walsh não acreditava que seu vício em cocaína e antidepressivos precisaria ser tratado – até quase morrer de overdose e, por causa disso, perder o namorado e brigar com a melhor amiga, com quem dividia um apartamento em Nova York. Preocupados com sua saúde e seu comportamento, os pais de Rachel a levam de volta à Irlanda, onde a internam em uma clínica de reabilitação. Ela, porém, mal fazia ideia de que a clínica não tinha as banheiras de hidromassagem, os tratamentos estéticos e as refeições fartas com que havia sonhado. O que, para ela, seria uma forma de esquecer o ex-namorado e tirar férias de sua vida estressante torna-se um tormento – principalmente quando ela percebe que está rodeada de pessoas em recuperação e que seu vício pode ser, sim, muito pior do que imaginava.
      Férias!, de Marian Keyes (Bertrand Brasil, 2003), conta como Rachel Walsh afundou-se no vício e como sua tentativa de dar a volta por cima foi dolorosa e cruel. É um romance que, em muitos trechos, comove e surpreende o leitor, para logo fazê-lo rir às gargalhadas, ao melhor estilo Marian Keyes. A propósito, a obra é, de certa forma, autobiográfica, uma vez que a autora teve problemas com alcoolismo, dos quais se livrou passando um tempo numa clínica de reabilitação. Keyes comenta que escrever Férias! foi torturante, pois fez com que voltassem à sua memória fatos que ela gostaria de esquecer. No livro, o capítulo em que Rachel finalmente se dá conta de todas as mancadas que fez enquanto estava sob efeito das drogas ou dos remédios impressiona (é talvez o ponto alto da obra) e nos faz simpatizar ainda mais com a perturbada protagonista.

sábado, 14 de maio de 2011

Uma boa história fora dos livros: Gabriel Knight II - a fera interior

Por Natália

Há algum tempo, o primeiro jogo da série Gabriel Knight foi comentado por este blog (veja aqui). O segundo, Gabriel Knight 2: A Fera Interior (The Beast Within), foi lançado em 1995 e, assim como outros jogos da Sierra dessa época, inovou por ter atores reais interpretando as personagens. Gabriel Knight 2 se passa na Alemanha e, assim como o primeiro volume da série, mistura fatos históricos e acontecimentos fictícios e traz uma trama muito bem elaborada.
No primeiro jogo da série (Gabriel Knight: Sins of the Fathers), Gabriel Knight, que morava em New Orleans (EUA), acaba indo para a África a fim de investigar em detalhes alguns rituais de vodu que poderiam estar associados a uma série de crimes acontecidos em sua cidade nos EUA. Na África, ele conhece seu tio Wolfgang, que morava no castelo da família na Alemanha (na cidade fictícia de Rittersberg). Wolfgang também está investigando o vodu, já que é um Schattenjager (caçador de sombras). Gabriel Knight, que até então achava que era filho de um simples imigrante alemão, descobre que também é um caçador de sombras e que está para sempre envolvido na resolução de mistérios.
            Wolfgang morre na África e Gabriel herda seu castelo e seus bens. Gabriel se muda para Rittersberg, onde continua escrevendo seus livros (ele é dono de uma livraria em New Orleans e escreve livros policiais). Na vila alemã, Gabriel é muito respeitado. Os moradores o procuram para esclarecer suas dúvidas e o seguem como se ele fosse um conselheiro espiritual. Mas, numa noite, ele recebe a visita de vários moradores da localidade e de um casal vindo de Munique.
            O dono da hospedaria local conduz a conversa. Ele apresenta a Gabriel o casal de Munique e explica que a filha deles foi morta por um lobo na semana anterior. Ele diz a Gabriel que este é um caso em que somente um Schattenjager pode ajudar, já que eles acreditam que a menina não foi morta por um lobo qualquer, mas por um lobisomem. Gabriel fica em dúvida, mas aceita ajudar essas pessoas. O casal de Munique cede a ele sua casa e é para lá que ele vai. É aqui que o segundo jogo da série começa. Gabriel passa a investigar os arredores da cidade, e encontra pelos e a pegada de um animal perto da casa da menina morta. Ao levar as amostras para a universidade, descobre que elas não são dos lobos que podem ser encontrados no zoológico de Munique (coincidência ou não, dois lobos haviam fugido desse zoológico dias antes). Gabriel começa a achar que o animal envolvido na morte da menina pode não ser um lobo, e comunica suas preocupações a sua assistente, Grace Nakimura, que cuida da livraria em New Orleans.
            Grace, imaginando que Gabriel precisa de ajuda e convencida de que ele não conseguirá ir muito longe sozinho (ela teve que salvá-lo algumas vezes no primeiro jogo da série), vai para a Alemanha e hospeda-se no castelo em Rittersberg. Ao perceber que o caso que Gabriel investiga tem relação com as lendas locais de lobisomens, Grace passa a ler tudo o que pode sobre o assunto e a fazer perguntas aos moradores. Ao perceber que Grace está envolvida no caso, Gabriel decide afastá-la do “perigo”, e pede que ela investigue alguns aspectos históricos relacionados às lendas de lobisomens. É assim que Grace vai aos museus da região e constata que a vida do rei Ludwig II, da Bavária, pode estar diretamente ligada a essas lendas.
            Grace descobre que Ludwig sofria de alguns problemas comportamentais, que costumava fazer longas cavalgadas à noite, que nutria uma amizade profunda pelo compositor Wagner (o qual se beneficiava disso) e que morreu misteriosamente, possivelmente assassinado. Descobre, também, que Wagner pode ter uma ópera perdida, escrita especialmente a pedido de Ludwig. Grace sente que há relação entre a loucura do rei, a ópera perdida e as lendas de lobisomens. Mais para o final do jogo, Grace reúne pistas que a convencem de que a ópera perdida de Wagner trata de lobisomens e que muitas pessoas acreditavam que o próprio Ludwig fosse um lobisomem! 
            Nesse meio tempo, Gabriel tem contato com um grupo de caça, do qual faz parte o diretor do zoológico de Munique (um dos suspeitos da morte da menina, já que ele é evasivo a respeito da fuga dos lobos do local). Ele vai para uma excursão com esse grupo, e, ao seguir um de seus membros pela mata, o vê comendo restos humanos. Apavorado, Gabriel percebe que esse homem é um lobisomem! À noite, quando a transformação de homem a lobo já deve ter acontecido, Gabriel resolve caçar o lobisomem. Só que, antes de conseguir dar o tiro que mata o animal, Gabriel é mordido. Agora, ele precisa lutar para escapar dessa maldição.
            Gabriel Knight 2: A Fera Interior vale pela história bem estruturada, pelos enigmas que exigem soluções complexas e inteligentes e pelos lugares maravilhosos (como Rothenburg ab der Tauber, a Rittersberg do jogo, Munique, e os arredores de Neuschwanstein) por onde as personagens transitam. Para ter um gostinho do que foi o jogo, aqui está sua cena introdutória.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Monstro de Deus

Por Guilherme

Viajar pelo mundo em busca de histórias impressionantes de animais devoradores de humanos. Essa foi a tarefa do jornalista americano David Quammen, para a elaboração de seu livro Monstro de Deus – feras predadoras: história, ciência e mito (Companhia das Letras, 2007). Quammen, um escritor especializado em temas científicos, é fascinado pelos relatos sobre pessoas que estiveram próximas da base da cadeia alimentar, e serviram de alimento para grandes predadores como ursos, leões, tigres e crocodilos. De acordo com o autor, ser alimento de um grande carnívoro é um dos pesadelos mais terríveis dos seres humanos, pois tal situação inverte totalmente a nossa lógica falaciosa de que somos os mais poderosos seres do planeta.
        Quammen viajou à Romênia atrás dos grandes ursos-pardos europeus, verdadeiros sobreviventes em um continente em que as áreas verdes se tornam cada vez mais escassas. Além de reunir relatos sobre a presença desses predadores na Romênia e da interação deles com as comunidades locais, o jornalista também apresenta um histórico recente desse país do leste europeu, da Cortina de Ferro até a violenta queda do ditador Ceausescu, um entusiasta da caça aos ursos. Na Índia, Quammen conversou com pessoas que vivem ao redor da Floresta de Gir, o único local fora da África no qual ainda é possível encontrar leões no ambiente natural, embora não existam mais do que 450 desses animais atualmente. Nessa região, o aumento populacional humano tem causado uma grande pressão sobre os leões, que são envenenados por fazendeiros, mortos por caçadores, e vítimas de incêndios florestais e doenças.
        Apesar das inúmeras histórias assustadoras sobre a fragilidade do ser humano quando confrontado com os maiores carnívoros terrestres, as mais de 400 páginas do livro de Quammen deixam algo claro: a mais perigosa de todas as bestas é o Homo sapiens. Nossas ações poderão eliminar os grandes carnívoros da face da Terra em algumas décadas, e será cada vez mais difícil ver animais admiráveis, como tigres e leões, vivendo fora do cativeiro. A previsão do autor é que por volta do ano de 2150 não mais existirão na natureza os chamados predadores alfa. Tristemente, comenta Quammen, as crianças do futuro “ficarão surpresas e entusiasmadas ao aprender, se alguém lhes contar, que uma vez houve leões à solta neste mundo.”

sábado, 7 de maio de 2011

Para fazer um passeio virtual pelas editoras

Por Guilherme,

Para conhecer as últimas obras lançadas, ficar sabendo de promoções ou boas oportunidades de compra, ou mesmo para conhecer mais sobre seus livros e autores preferidos, é interessante fazer uma visita aos sites das principais editoras brasileiras. Os links para eles você encontra abaixo:

- Companhia das Letras e Companhia de Bolso

- Grupo Editorial Record

- Editora Martins Fontes

- Grupo Ediouro

- Editora Sextante

- Editora Rocco

- Grupo A (Artmed e Bookman)

- Editora Belas Letras

- Editora Globo

- Editora Zahar

- L&PM Editores

- Editora Objetiva

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Insustentável Leveza do Ser e as nossas escolhas

Por Guilherme

Estou lendo A Insustentável Leveza do Ser (Companhia de Bolso, 2008), do escritor tcheco Milan Kundera. A história se passa na então Tchecoslováquia do final dos anos 60, quando o país ainda estava sob domínio soviético e as pessoas se organizavam em manifestações pela liberdade do país. Nesse ambiente, a obra narra a história de quatro indivíduos, Tomas, Teresa, Franz e Sabina, cujas vidas estão entrelaçadas por encontros e desencontros eróticos e amorosos, discussões sobre o futuro do país e liberdade, arte e filosofia.
      No meu entender, o grande mérito da obra de Kundera é discutir o papel das escolhas individuais na vida das pessoas (tendo em mente que as escolhas afetam tanto o indivíduo que as faz como as pessoas que estão ao seu redor). Boa parte de A Insustentável Leveza do Ser se desenvolve a partir das reflexões e angústias dos protagonistas em relação a algumas de suas decisões, ou das conseqüências delas. Como escreveu o filósofo Mark Rowlands, tomar decisões sempre é difícil, ainda mais porque não sabemos exatamente o que vai acontecer a partir delas. Mas, ele pondera, existem escolhas que devemos fazer sem nos preocuparmos muito com as suas consequências, simplesmente porque sentimos que isso é o melhor a fazer, porque é a decisão correta.
      Uma boa metáfora para a vida, usando as palavras de Milan Kundera, é a de um ator que chega a uma peça sem ensaiar e já começa a se apresentar, de improviso, sem saber qual será a reação do público, e sem mesmo conhecer quais serão os seus próximos passos no palco. A vida, em si, é o ensaio e a apresentação juntos, pois não passamos por um período de “testes” antes de chegar aqui. Os eventos em nossas vidas nunca se repetem da mesma maneira que aconteceram originalmente. Situações podem ser parecidas, eventos não, e por isso é praticamente impossível saber o que causaremos com nossas escolhas. E, mesmo considerando a insustentável leveza que sentimos por sermos livres para tomar os caminhos que quisermos em nossas vidas, carregamos um fardo por desconhecer aonde eles nos levarão.