quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Insustentável Leveza do Ser e as nossas escolhas

Por Guilherme

Estou lendo A Insustentável Leveza do Ser (Companhia de Bolso, 2008), do escritor tcheco Milan Kundera. A história se passa na então Tchecoslováquia do final dos anos 60, quando o país ainda estava sob domínio soviético e as pessoas se organizavam em manifestações pela liberdade do país. Nesse ambiente, a obra narra a história de quatro indivíduos, Tomas, Teresa, Franz e Sabina, cujas vidas estão entrelaçadas por encontros e desencontros eróticos e amorosos, discussões sobre o futuro do país e liberdade, arte e filosofia.
      No meu entender, o grande mérito da obra de Kundera é discutir o papel das escolhas individuais na vida das pessoas (tendo em mente que as escolhas afetam tanto o indivíduo que as faz como as pessoas que estão ao seu redor). Boa parte de A Insustentável Leveza do Ser se desenvolve a partir das reflexões e angústias dos protagonistas em relação a algumas de suas decisões, ou das conseqüências delas. Como escreveu o filósofo Mark Rowlands, tomar decisões sempre é difícil, ainda mais porque não sabemos exatamente o que vai acontecer a partir delas. Mas, ele pondera, existem escolhas que devemos fazer sem nos preocuparmos muito com as suas consequências, simplesmente porque sentimos que isso é o melhor a fazer, porque é a decisão correta.
      Uma boa metáfora para a vida, usando as palavras de Milan Kundera, é a de um ator que chega a uma peça sem ensaiar e já começa a se apresentar, de improviso, sem saber qual será a reação do público, e sem mesmo conhecer quais serão os seus próximos passos no palco. A vida, em si, é o ensaio e a apresentação juntos, pois não passamos por um período de “testes” antes de chegar aqui. Os eventos em nossas vidas nunca se repetem da mesma maneira que aconteceram originalmente. Situações podem ser parecidas, eventos não, e por isso é praticamente impossível saber o que causaremos com nossas escolhas. E, mesmo considerando a insustentável leveza que sentimos por sermos livres para tomar os caminhos que quisermos em nossas vidas, carregamos um fardo por desconhecer aonde eles nos levarão.

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