sexta-feira, 13 de maio de 2011

Monstro de Deus

Por Guilherme

Viajar pelo mundo em busca de histórias impressionantes de animais devoradores de humanos. Essa foi a tarefa do jornalista americano David Quammen, para a elaboração de seu livro Monstro de Deus – feras predadoras: história, ciência e mito (Companhia das Letras, 2007). Quammen, um escritor especializado em temas científicos, é fascinado pelos relatos sobre pessoas que estiveram próximas da base da cadeia alimentar, e serviram de alimento para grandes predadores como ursos, leões, tigres e crocodilos. De acordo com o autor, ser alimento de um grande carnívoro é um dos pesadelos mais terríveis dos seres humanos, pois tal situação inverte totalmente a nossa lógica falaciosa de que somos os mais poderosos seres do planeta.
        Quammen viajou à Romênia atrás dos grandes ursos-pardos europeus, verdadeiros sobreviventes em um continente em que as áreas verdes se tornam cada vez mais escassas. Além de reunir relatos sobre a presença desses predadores na Romênia e da interação deles com as comunidades locais, o jornalista também apresenta um histórico recente desse país do leste europeu, da Cortina de Ferro até a violenta queda do ditador Ceausescu, um entusiasta da caça aos ursos. Na Índia, Quammen conversou com pessoas que vivem ao redor da Floresta de Gir, o único local fora da África no qual ainda é possível encontrar leões no ambiente natural, embora não existam mais do que 450 desses animais atualmente. Nessa região, o aumento populacional humano tem causado uma grande pressão sobre os leões, que são envenenados por fazendeiros, mortos por caçadores, e vítimas de incêndios florestais e doenças.
        Apesar das inúmeras histórias assustadoras sobre a fragilidade do ser humano quando confrontado com os maiores carnívoros terrestres, as mais de 400 páginas do livro de Quammen deixam algo claro: a mais perigosa de todas as bestas é o Homo sapiens. Nossas ações poderão eliminar os grandes carnívoros da face da Terra em algumas décadas, e será cada vez mais difícil ver animais admiráveis, como tigres e leões, vivendo fora do cativeiro. A previsão do autor é que por volta do ano de 2150 não mais existirão na natureza os chamados predadores alfa. Tristemente, comenta Quammen, as crianças do futuro “ficarão surpresas e entusiasmadas ao aprender, se alguém lhes contar, que uma vez houve leões à solta neste mundo.”

Um comentário:

  1. A verdade é quem sem uma arma de fogo na mão , que só se justifica o uso em situação de legítima defesa o homo sapus é quase nada se comparado as grandes feras do planeta, e se revela uma criatura frágil, medrosa e mediocre quando encara de frente um grande predador como um tigre ou leão.

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