sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Por Que Cometemos Erros?

Por Guilherme

Há alguns meses, quando eu voltava de uma caminhada com meus cães, na companhia de minha irmã, segurei as coleiras bem firmes quando vi o que parecia ser um cachorrinho preto a cerca de 30 metros de onde estávamos. Comentei com a Natália que era melhor esperar o cachorro preto sair do meio da rua para passarmos, porque a Nana fica irritada quando encontra outro de sua espécie que não seja seu conhecido. Minha irmã concordou, mas disse que poderíamos caminhar devagar, que assim o cachorrinho se espantaria e fugiria ao encontrar os nossos cães. Nos aproximamos uns poucos metros, e o que parecia ser um cão agora se assemelhava a um gato. “Pior ainda”, pensei, “vamos ter que voltar e afastar os cachorros daqui.” Então minha irmã comentou: “Não, não é um gato, é um saco preto de lixo que está no meio da rua. Vamos andando.” Voltamos a caminhar, e o que inicialmente era um cachorro, depois um gato, e agora parecia um saco de lixo era, na verdade, a bota de um homem. E, por incrível que pareça, a bota não estava largada no meio da rua. O homem estava de pé, parado, com uma roupa cuja cor se confundia com a do calçamento naquele início de noite. Ficamos impressionados com o fato de termos reparado apenas no que víamos no chão, e deixamos de reparar que aquilo era parte de algo maior, nesse caso um ser humano.
        “A maioria das pessoas é capaz de ver, mas não sabe observar”, teria dito o médico escocês Joseph Bell, inspiração para Conan Doyle criar o famoso detetive Sherlock Holmes. De fato, é muito comum percebermos apenas parte de alguma situação quando tentamos captar seu panorama geral. Muitas vezes, perdemos detalhes fundamentais: a pessoa que usa a bota, o carro que está vindo em nossa direção quando atravessamos a rua, o cabelo que nossa namorada cortou há dois dias, a informação contida no parágrafo que acabamos de ler, etc.
        Por Que Cometemos Erros? Como olhamos sem ver, esquecemos as coisas em segundos, e temos a absoluta certeza de estarmos acima da média, de Joseph T. Hallinan (Globo, 2009), é uma obra indicada para quem pretende conhecer um pouco mais sobre como mecanismos biológicos e aspectos culturais nos predispõem a cometer erros. Da incapacidade de observar o que está na frente de nosso nariz à superestimação de nossas reais capacidades, uma coisa é certa: fomos feitos para errar. E muito.

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