A
década de 1960 foi, em termos de música popular, o mais brilhante período do
século passado. Nunca, na história contemporânea, vimos artistas tão bons como
os daquela época. Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Beach Boys, Creedence,
Simon & Garfunkel, Eric Clapton e Rod Stewart, entre vários outros, faziam
a cabeça dos apaixonados pelo rock em todo o mundo. No Brasil, havia a Jovem
Guarda, com o rei Roberto, Erasmo Carlos e Os Incríveis.
No interior do Rio Grande do Sul, jovens se
organizavam em conjuntos, animados com a possibilidade de levar a música a
outras pessoas e de imitar os seus heróis. Ao final de uma década na qual o
Brasil passou a ser mais uma ditadura na América do Sul, e a liberdade civil
foi cerceada, a música era também um dos meios encontrados para que as pessoas
pudessem se expressar. No entanto, a possibilidade de encontro com outras
pessoas ao som de uma boa música, em um baile, era um dos principais motivos
para os artistas de então.
Nesse contexto surgiu o Blue Moon, um
conjunto de Veranópolis que levou a boa música a várias cidades de nosso
estado. O nome do grupo foi extraído de uma famosa canção de mesmo nome,
composta em 1934 por Richard Rodgers e Lorenz Hart, e executada por um grande
número de artistas, como Elvis Presley, Bob Dylan, Frank Sinatra, Cliff Richard
e Rod Stewart. O nome em inglês também refletia uma tendência da época, mesmo
para conjuntos brasileiros.
Tendo que conviver com as limitações
impostas a músicos que vivessem no interior gaúcho na década de 1960 (os instrumentos
eram caros, assim como caixas de som e outros aparatos importantes, era difícil
conseguir as cifras das músicas e as letras em inglês, as estradas eram
precárias, a Kombi, desconfortável,...), o Blue Moon teve uma passagem marcante
pelo cenário cultural de Veranópolis e da Serra Gaúcha, e deixou saudades entre
aqueles que tiveram a chance de acompanhar a performance do conjunto.
Em Velhos
Tempos, Belos Dias: o conjunto Blue Moon nos incríveis anos sessenta
(Editora do Maneco, 2013), meu pai (e baixista do grupo), Valdemir Guzzo, conta
a história da trajetória do grupo Blue Moon aliada a informações sobre a vida
no Brasil da época e a atmosfera cultural que rodeava a sociedade de então.
Além de tratar do amor pela música que os integrantes do grupo tinham, a obra
faz um importante resgate histórico de uma época saudosa, na qual a música era
um meio de unir as pessoas e de emocioná-las. O prefácio de Velhos Tempos, Belos Dias foi escrito
por Nenê Benvenuti, baixista de Os Incríveis e uma das influências do Blue
Moon.
O livro será lançado no início de maio em Veranópolis, com uma reunião dos membros do conjunto.
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