quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A docência e a expansão do conhecimento

Por Guilherme

Eu não conhecia o cientista húngaro Albert Szent-Györgyi até ver o logotipo do Google formado por um conjunto de laranjas há algumas semanas. Fiquei curioso, cliquei no logotipo e fui direcionado a uma página com informações sobre Szent-Györgyi e suas pesquisas com a vitamina C. Em 1937, o cientista ganhou o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia pela descoberta dessa vitamina e de mecanismos do ciclo do ácido cítrico, o ciclo de Krebs. Lendo sobre o trabalho do cientista, cheguei a um artigo que Szent-Györgyi escreveu para a revista americana Science em 1964. No texto, é possível perceber a visão humanista de um homem da ciência quando escreve sobre os livros, a educação, a escola, o estudo da história e, fundamentalmente, sobre o papel dos professores na sociedade.

O texto de Szent-Györgyi pode ser lido aqui.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Roberto Quenedi no Rock in Rio

Por Guilherme

O Rock in Rio começou hoje, e deve ser um dos assuntos mais comentados no Brasil pelos próximos dias. Liguei a TV e lá estava Cláudia Leitte, cantando em inglês. Lembrei, imediatamente, do grande Roberto Quenedi, personagem do humorista argentino Diego Capusotto. Se você não conhece Roberto Quenedi, veja-o em ação abaixo:

Outros quadros do programa de Capusotto:






Heladería de los gustos

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Espírito do Ateísmo

Por Guilherme

Na última década, vários livros foram lançados contestando os principais dogmas das religiões organizadas. Autores como Richard Dawkins (de Deus, um Delírio), Sam Harris (de Carta a Uma Nação Cristã), Christopher Hitchens (de Deus Não é Grande) e Daniel Dennett (de Quebrando o Encanto) decidiram tornar públicas as suas ideias sobre questões religiosas, explicando que se pode viver plenamente, e eticamente, sem seguir qualquer tipo de culto a um ser superior. O quarteto ateu foi massacrado por grupos religiosos, que perceberam que o incentivo ao livre pensamento não traria muitos benefícios para boa parte das religiões. Os nomes de Dawkins e de Dennett ainda estão tão ligados ao debate religioso que o principal foco de seus trabalhos nas áreas da biologia e da filosofia, respectivamente, quase não é discutido publicamente.
        A maneira incisiva ao criticar alguns pontos da prática e do discurso religioso, principalmente nos escritos de Dawkins, Harris e Hitchens, fez com que poucas pessoas religiosas tivessem a disposição para ler obras de temática ateísta. E se alguém de fé tiver curiosidade de ler algo sobre o ateísmo, mas não quer se sentir ofendido pela veemência dos ataques à religião, O Espírito do Ateísmo, de André Comte-Sponville (Martins Fontes, 2007) é o livro mais indicado.
        O Espírito do Ateísmo é dividido em três partes. Na primeira, Sponville afirma que podemos viver sem religião, e que a ética e o bom comportamento das pessoas não depende da crença em um ser superior. A segunda parte é dedicada a argumentos a respeito da existência (ou não) de um Criador. Sponville levanta ideias muito interessantes aqui, mas o item principal, no meu ponto de vista, serve mais como uma crítica às pessoas do que qualquer outra coisa: não é possível que um ser perfeito tenha como sua imagem e semelhança o ser humano:
        “Quanto mais conheço a mim mesmo, mais difícil me parece acreditar em nossa origem divina. E quanto mais conheço aos demais, ainda considero isso difícil... Em algum lugar, escrevi que crer em Deus é um pecado de orgulho. Seria atribuir uma grande causa para um efeito tão pequeno. O ateísmo, ao contrário, é uma forma de humildade. Somos filhos da terra (húmus, de onde vem ‘humildade’), e isso se nota... Melhor assumir isso e inventarmos o céu que nos corresponde.”
        A última parte do livro fala sobre a espiritualidade, um termo difícil de definir.  Para o autor, uma vida repleta de espiritualidade é a vida que valoriza a sabedoria, a ética, a fidelidade à verdade e aos princípios e o amor. Espiritualidade é cultivar os bons sentimentos, e isso independe de crenças religiosas.
        Comte-Sponville é conhecido por defender a busca por uma vida plena aqui na Terra, que é a única que temos com certeza. E em O Espírito do Ateísmo ele afirma isso novamente:
        “É o amor, e não a esperança, que nos faz viver; é a verdade, e não a fé, que nos liberta.
        Já estamos no Reino dos Céus: a eternidade é agora.”

terça-feira, 20 de setembro de 2011

“In dreams the world keeps going ‘round and ‘round”

Por Guilherme

Não se pode listar as grandes bandas de rock sem mencionar o grupo liderado pelo inglês Jeff Lynne, a Electric Light Orchestra, ou ELO, como é chamada pelos fãs. A ELO produziu melodias e letras clássicas que ainda hoje emocionam aqueles que gostam da boa música. Jeff Lynne, por sinal, é um dos músicos mais subestimados da história. Além de compor sucessos como Livin’ Thing, Mr. Blue Sky, Telephone Line,  All Over the World, Don’t Bring Me Down, Can’t Get It Out Of My Head e Last Train to London, Lynne fez parte dos Traveling Wilburys, uma super banda que tinha também George Harrison, Bob Dylan, Tom Petty e Roy Orbison.
        A última apresentação de Lynne com a ELO aconteceu em 2001, na Zoom Tour, cancelada devido a baixa venda de ingressos. Escrevo isso com tristeza, pois acabo de ler que o show do Exaltasamba em Caxias do Sul teve mais de 11 mil espectadores. Nada contra a banda, nem contra seus fãs, mas o mundo está realmente mudando.

Livin’ Thing

Telephone Line


One Summer Dream

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O que já foi escrito sobre a felicidade

Por Guilherme

A esperança não passa de um charlatão que nos engana sem cessar; e, para mim, a felicidade só começou quando eu a perdi.
Nicolas Chamfort, escritor francês, citado por André Comte-Sponville em A Felicidade, Desesperadamente

Só é feliz quem perdeu toda a esperança; porque a esperança é a maior tortura que há, e o desespero, a maior felicidade.
Trecho do Mahabharata, livro sagrado do hinduísmo, citado por André Comte-Sponville em A Felicidade, Desesperadamente

A felicidade não é um absoluto, é um processo, um movimento, um equilíbrio, só que instável (somos mais ou menos felizes), uma vitória, só que frágil, sempre a ser defendida, sempre a ser continuada ou recomeçada.
André Comte-Sponville em A Felicidade, Desesperadamente

As melhores coisas de nossas vidas – os momentos em que estamos, como diríamos, no auge da felicidade – são ao mesmo tempo agradáveis e profundamente desagradáveis. A felicidade não é um sentimento; é um modo de ser. Se enfocarmos os sentimentos, não iremos entender o que é importante.
Mark Rowlands em O Filósofo e o Lobo

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ética e Formação de Professores

Por Guilherme

A Editora Cortez lança, na próxima semana, Ética e Formação de Professores: política, autoridade e responsabilidade em questão, uma obra composta por artigos que abordam a relação entre a ética e a prática educativa, assunto que parece estar em segundo plano para quem toma decisões em educação e prefere empilhar conteúdos a discutir questões que realmente trariam alguma mudança significativa no panorama educacional brasileiro.

        O livro é organizado pela Professora Francisca E. S. Severino e um de seus autores é Valdemir Guzzo.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Fracasso da Educação Ambiental (e o que podemos fazer para mudar isso)

Por Guilherme

Estou lendo The Failure of Environmental Education (and how we can fix it), de Charles Saylan e Daniel Blumstein (University of California Press, 2011, sem tradução para o português), um livro que traz ideias muito boas sobre o que pode ser feito para que as pessoas tornem-se realmente conscientes sobre os problemas socioambientais que nos ameaçam.
        Os autores partem da ideia que a educação ambiental, da maneira como é atualmente concebida, não tem oferecido resultados significativos porque não consegue provocar mudanças suficientes na percepção das pessoas.
O melhor da obra é que ela não foca apenas na abordagem ambiental em disciplinas de ciências. Para que seja consciente em relação ao meio ambiente, um indivíduo precisa, antes de qualquer outra coisa, ser um bom cidadão, saber que existem regras para a vida em sociedade, saber que ele possui deveres em relação às outras pessoas, e parte desses deveres inclui a responsabilidade ambiental. As escolas, segundo Saylan e Blumstein, deveriam discutir questões de cidadania, respeito e responsabilidade com os alunos. Recebemos toneladas de informação sobre os danos que causamos ao meio ambiente, mas se não agirmos de maneira correta e sensata, nosso conhecimento será absolutamente inútil.
Outro detalhe sobre a atuação das escolas, e das políticas educacionais: os governos parecem importar-se em demasia com índices (como temos visto no Brasil) e não discutem a qualidade da educação. Os autores escrevem que, enquanto os índices de analfabetismo estão diminuindo no mundo inteiro, poucos se preocupam com o analfabetismo funcional, ou seja, a incapacidade de alguém entender aquilo que está lendo. Quem vive o dia-a-dia das escolas (e, infelizmente, das universidades) no Brasil sabe que esse é um problema gravíssimo aqui. O analfabetismo funcional é outro inimigo, não só do meio ambiente, como da boa vida em sociedade.
      The Failure of Environmental Education destaca também que podemos buscar outra orientação para nossas vidas, algo como uma mudança na nossa visão de mundo. O conceito de sucesso está atrelado a isso. Hoje, pessoas bem sucedidas são empresários e outras que possuem gordas contas bancárias, grandes posses de terra e um patrimônio material de vulto. Saylan e Blumstein citam Thomas Jefferson, que dizia que o sucesso não estava relacionado ao dinheiro, mas se baseava na contribuição e na participação do indivíduo na sociedade.

Para conhecer mais sobre os tópicos discutidos no livro, leia a entrevista de Charles Sayan (na qual ele diz que o termo ambientalismo deveria ser substituído por cidadania responsável) e visite o blog de Daniel Blumstein.
      The Failure of Environmental Education (and how we can fix it) pode ser adquirido na versão ebook em livrarias virtuais brasileiras.