domingo, 12 de dezembro de 2010

A Arte de Ser Desagradável

Por Guilherme

      “Rebelde sem causa” é o termo que melhor descreve a vida do jornalista americano Jim Knipfel até o início de sua idade adulta, ou bem mais do que isso. Knipfel gostava de atazanar a vida alheia, às vezes de modo agressivo e perigoso. Parte de suas memórias dos anos de delinquência está em A Arte de Ser Desagradável (Bertrand Brasil, 2010).
      Nem o fato de Knipfel ser portador de uma doença degenerativa nos olhos, chamada retinite pigmatosa, que o impede de ver as coisas claramente na maioria das situações, o deteve de levar a cabo planos como o incêndio da sala da administração da universidade na qual ele e seu amigo inseparável, o maluco Grinch, estudavam.
      Os relatos de passagens da infância do autor mostram que nem tudo o que ele fez foi atentar contra a integridade de outras pessoas. Certa feita, ele se vestiu de palhaço em uma festa de sua escola. Sua função era ficar dentro de uma caixa e aparecer subitamente, mexendo seus braços e agindo de forma boba. Aborrecido pela situação, o menino prostrou-se no fundo da caixa, ficando lá por todo o tempo, frustrando sua professora e colegas. Hoje com 45 anos, Knipfel afirma continuar aborrecendo os que estão a sua volta, mesmo involuntariamente, por causa de sua cegueira parcial ou pelo fato de ele ser um sujeito anti-social que é obrigado a conviver com outras pessoas.
      No final de sua narrativa, Knipfel deixa transparecer algo que é recorrente à maioria das pessoas de passado conturbado: o arrependimento. A chegada da maturidade trouxe uma maior paz de espírito ao autor, que finalmente pode aplicar aquilo que chama de “budismo para cachaceiros”, ou seja, aproveitar a vida agora, respeitando os demais, sem tentar ser um chato na maioria das ocasiões (o termo usado por ele no livro é outro). Isso pode parecer simples, e é mesmo, mas para um sujeito com o histórico de Knipfel, viver desse modo é como atingir o Nirvana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário