segunda-feira, 21 de março de 2011

SOS Brasil

Por Guilherme

Sempre acreditei que o melhor espelho da sociedade é a escola. Tudo o que acontece nas salas de aula do Brasil é um reflexo do que ocorre nas casas e nas ruas do país. Boas atitudes, grosserias, respeito e a falta dele, interesse, desinteresse, falta de comprometimento, etc., fazem parte da rotina daquele que entra em uma sala de aula com o pretexto de “ensinar”, seja lá o que isso signifique nos dias de hoje.
      Para quem é professor, convive com algum, ou tem o mínimo de interesse pelo futuro da sociedade brasileira, recomendo a leitura de uma reportagem publicada na Folha de São Paulo do dia 21/03. Com o título (autoexplicativo) de Professor “novato” desiste de aulas na rede estadual de SP, a reportagem fala da alta taxa de desistência dos docentes que enfrentam o seu primeiro ano de atividade em escolas públicas de São Paulo, embora o texto sirva para discutir a situação dos professores e da educação em qualquer lugar de nosso país.
      Em um dos relatos, um professor comenta que desistiu de trabalhar em uma escola estadual ao final do primeiro dia de aula, desiludido pelo que viu. O principal fator da desistência dos professores é a desmotivação, principalmente em relação às condições de trabalho.
      Mais interessante que a reportagem da Folha são os comentários postados na página do jornal. A maioria deles é forte, e fala de ausência e desinteresse da família com a formação dos filhos (Pra mim a raiz do problema é a família (só como exemplo: existe lei proibindo celular dentro da sala de aula. Mas a família ajuda a cumprir essa lei?)), falta de interesse pelo conhecimento (O problema não é esse, é falta de cultura, de interesse por conhecimento... hj em dia ninguém faz questão que o filho vá bem na escola, que se forme um bom profissional... O que interessa é ganhar $... quanto mais rápido, melhor), os péssimos exemplos da mídia, os governos (que, na minha opinião têm muito menos culpa do que as famílias) e a falência da sociedade brasileira (O buraco é mais embaixo, não se pode dar aula, não se pode ir mais ao shopping, ao banco, à lotérica, ao cinema, ao restaurante, sequer ir à rua. E não é mérito de SP, o país está reduzido ao descaso, não somos respeitados como cidadãos). Alguns falam da carreira docente como em vias de extinção.
      Uma notícia dessas é de uma tristeza sem tamanho. Enquanto algumas pessoas gostam de perder tempo discutindo banalidades e o sexo dos anjos, a base da sociedade brasileira vai ruindo, bem na frente dos nossos olhos. E, a julgar pelo valor dado pela sociedade à educação, as coisas continuarão muito complicadas.

2 comentários:

  1. ", a julgar pelo valor dado pela sociedade à educação, as coisas continuarão muito complicadas.".
    É, tá nessas.
    Várias vezes, quando eu era piá, mencionei minha vontade de "quando crescer, quero ser professor", de tanto que os estudos me agradavam. As únicas coisas que eu ouvia era "tá louco?! Nem pensar! Vai te incomodar e morrer de fome?". E isso vindo de parentes próximos que, desde aquela época, são (eram) professores. Já tem uns vinte e cinco anos que isso aconteceu, mas tenho certeza de que, hoje, eu escutaria coisa muito pior.

    Simplesmente não consigo discordar de praticamente argumento algum das matérias deste tópico.

    J.Cataclism.

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  2. Infelizmente este é o retrato fidelissimo do que acontece com a educação no Brasil. Os dados repassados pelo MEC dando conta que todas as crianças em idade escolar estão nas escolas refletem uma obrigação legal. Minha pergunta é o que estarão elas fazendo em sala de aula? E os professores?

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