Na
década de 1960, o biólogo Paul Ehrlich alertava sobre a necessidade de planejar
o crescimento da população humana. Segundo ele, o planeta chegaria ao colapso
através do que ele denominou de a “bomba populacional”, ou seja, de um número
de habitantes cuja manutenção é incompatível com a disponibilidade de recursos
de nosso planeta. A previsão de Ehrlich se mostrou equivocada, embora a base de
sua argumentação ainda seja válida: o planeta não pode suportar um consumo de
recursos maior, e mais veloz, do que a sua capacidade de reposição. E esse é um
problema considerado seriamente nos dias atuais.
Se todos os países do mundo tivessem um
padrão de consumo semelhante ao dos Estados Unidos, um planeta Terra não seria
o suficiente para manter uma população do tamanho da atual, com cerca de 7
bilhões de pessoas. Mais do que o número de habitantes, a preocupação de
ambientalistas e de estudiosos de ecologia tem sido o aumento no padrão de
consumo em todo o mundo, especialmente nos chamados países em desenvolvimento,
como o Brasil, a Índia e a China.
O aumento no consumo de um país é
consequência, obviamente, do aumento do uso de recursos por cada cidadão.
Assim, quando a população passa a comprar mais e a usar mais recursos, além dos
sempre citados aspectos econômicos positivos, cria-se uma série de potenciais
problemas socioambientais: de onde vem e para aonde vai tudo aquilo que
compramos? Ao nos preocuparmos com a origem dos produtos que consumimos,
estando pensando nas pessoas que o produziram (e em que condições trabalharam),
na matéria-prima que foi utilizada (e como foi extraída) e no processo de
produção e distribuição (quanta energia utilizou e de que maneira impactou o
ambiente). Em relação ao destino dos produtos que compramos, é importante
pensarmos o que será feito com eles depois que não estiverem mais em uso.
Para conhecer como boa parte daquilo que
compramos é produzida, e o que acontece com ela depois do consumo, uma leitura
bastante interessante é A História das
Coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo o que consumimos, de
Annie Leonard (Editora Zahar, 2011). Ao dividir a obra em cinco capítulos
(Extração, Produção, Distribuição, Consumo e Descarte), a autora faz um
panorama geral do processo de produção dos bens de consumo mais comuns em nossa
vida cotidiana, como latas de alumínio, camisas de algodão e aparelhos de
televisão, e avalia toda a cadeia de impacto ambiental causada por eles.
A
História das Coisas é um livro muito importante por nos deixar a par da
cadeia de eventos a qual nos juntamos quando compramos algo. Como afirma a
autora, o grande problema de toda essa história está no consumismo, na compra
desenfreada e irrefletida de produtos supérfluos ou desnecessários. Se a melhor
abordagem para resolução de um problema é ter muitas informações a respeito
dele, a leitura de A História das Coisas
deve ser um bom começo para todos nós.
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