sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O que sua estante de livros diz sobre você?

Por Guilherme

Quando visito amigos ou conhecidos, e sei que eles possuem o hábito da leitura, uma das coisas que não deixo de pedir é se posso dar uma espiada em suas estantes de livros. Para mim, conhecer o tipo de livros que alguém lê é um modo seguro de conhecer mais sobre a própria pessoa.
    Um artigo publicado recentemente na edição digital do The Guardian trata de um site cujo motivo são exatamente as estantes de livros. No Share your Shelf (Compartilhe sua estante), o leitor pode enviar fotos de sua coleção de livros e ver as obras que outros leitores têm em casa. A iniciativa é curiosa, e parece que muita gente gostou dela e já compartilhou fotos de seus livros no site.
    Temos quatro estantes de livros em minha casa, e nelas temos livros técnicos de educação, filosofia, linguística e biologia, clássicos da literatura nacional e estrangeira, livros de história regional, brasileira e mundial (meu pai tem uma coleção interessante de livros sobre guerras, especialmente a Segunda Grande Guerra Mundial), livros sobre animais, países, etc. É quase uma pequena biblioteca.
    Meus livros (uma parte deles, na verdade) e minha estante, estão nas fotos abaixo. Na estante, é possível encontrar uma boa variedade de gêneros literários. Meus preferidos são a divulgação científica, a filosofia e a psicologia, além de relatos de viagem e livros de crônicas, e minha estante está forrada deles.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A sabedoria em "O Livro dos Livros"

Por Guilherme

O Livro dos Livros: uma Bíblia humanista (Lua de Papel, 2011), de A. C. Grayling, já foi tema de alguns posts aqui no blog. A obra é organizada do mesmo modo que a Bíblia, com capítulos e versículos, mas a abordagem de Grayling é secular e não invoca deuses nem qualquer coisa que não seja terrena, humana.
A passagem abaixo é o último capítulo de Sabedoria, um dos 14 livros da obra. Mantive a grafia do exemplar que possuo, editado em Portugal.


Quaisquer que sejam as regras morais que, depois de pensares cuidadosamente, te propuseste a ti próprio, mantém-nas como se fossem leis / Não leves em consideração o que os outros dizem de ti, porque isso, afinal, não te diz respeito, a menos que tirar daí ensinamentos e te traga benefícios. / Por quanto tempo, então, adiarás achares-te digno dos maiores progressos e seguires a clareza da razão? / Que outro mestre esperas para com isso justificares a demora em corrigires-te? Já não és uma criança, mas um adulto. / Assim, se fores negligente e preguiçoso, acrescentando sempre adiamentos a adiamentos, propósitos a propósitos e demoras dia após dia até que atentes em ti mesmo, / Continuarás inconscientemente sem competências e, na vida e na morte, preservando o facto de seres um dos que não pensam. / Nesse instante, então, pensa em ti como alguém que merece viver como um adulto. Deixa que o que for melhor seja a tua lei. / E se te deparares com alguma circunstância de dor ou de prazer, de glória ou de desgraça, lembra-te de que o combate é agora, a luta é agora, não podem ser adiados. / E embora não sejas ainda um Sócrates, deverias viver como alguém desejoso de se tornar um Sócrates, que disse: ‘A vida que mais vale a pena viver é aquela que se considerou e escolheu.’ / A questão a colocar ao fim de cada dia é: ‘Quanto tempo demorarás a ser sábio?’ / E a grande lição que o fim de cada dia ensina é que a sabedoria e a liberdade devem ser ganhas de novo em cada dia.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

11ª Feira do Livro de Antônio Prado

Por Guilherme

Desde o último domingo, dia 9, a Praça Garibaldi é o palco de um dos eventos mais tradicionais de Antônio Prado, a Feira do Livro. Em sua décima primeira edição, a Feira tem como patrona a professora Rosa Guerra e oferece à comunidade pradense uma ótima programação cultural, além da possibilidade de aquisição de livros com 15% de desconto.
O evento termina no dia 16, domingo, e quem não passou pela praça ainda tem tempo de prestigiar essa grande iniciativa.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Na Patagônia

Por Guilherme

Localizada no centro-sul da Argentina e do Chile, a Patagônia é a região que contém algumas das mais impressionantes paisagens naturais do planeta. Devido à sua grande extensão territorial, é possível encontrar desertos, florestas, estepes, montanhas (pertencentes à cordilheira dos Andes), grandes lagos e geleiras ao longo da Patagônia, atrativos muito procurados pelos milhões de visitantes que chegam a cidades como Bariloche, El Calafate, Ushuaia e Punta Arenas todos os anos. Locais como o Parque Torres Del Paine, no Chile, hábitat de pumas, guanacos e condores, são tão impressionantes que seguidamente constam nas listas dos lugares mais bonitos da Terra.
     Esse local de sonhos, a Patagônia, foi o destino do escritor inglês Bruce Chatwin no final de 1974, para uma estada de seis meses. Chatwin tinha, desde cedo, uma ligação especial com a região, pois havia recebido de seus familiares um pedaço de tecido animal que acreditou inicialmente se tratar de um brontossauro, mas que era, na verdade, de uma preguiça-gigante, animal extinto há alguns milhares de anos, e que dividiu as estepes do sul da Argentina com aves gigantes, com ancestrais dos cavalos atuais e com o Pyrotherium, uma estranha criatura semelhante ao elefante.
     A experiência patagônica de Chatwin é contada em Na Patagônia (Companhia das Letras, 2006), obra que narra as visitas do autor a diversas cidades patagônicas e dos encontros de Chatwin com os moradores da região, muitos deles descendentes dos primeiros europeus que colonizaram a Patagônia, então habitada por grupos indígenas, como os yámanas da Terra do Fogo. Aliás, o nome “Patagônia” foi dado pelo navegador português Fernão de Magalhães que, quando chegava ao litoral da região, viu índios enormes e a eles deu o nome de Patagães (“pessoas de pés grandes”).
     Chatwin também fornece curiosidades sobre a região. Uma delas é a passagem do famoso ladrão de trens Butch Cassidy, que fugiu à América do Sul no começo do século passado, e que também ameaçou bancos e estâncias argentinas com seu grupo de foras-da-lei. Outro fato interessante é a menção da Patagônia em obras de escritores de várias partes do mundo, prova da magia que o local provoca em quem o visita (apesar de que Charles Darwin, quando esteve no sul da Argentina a bordo do Beagle, não teve uma impressão muito positiva dessa terra).
     Na Patagônia é uma leitura indicada para os interessados em relatos de viagem ou para aqueles que sonham em fazer algo parecido com a peregrinação de Chatwin. Estive na Patagônia no inverno de 2010, e desde então mantenho grande admiração pela beleza da região. Assim, me enquadro entre aqueles que desejam voltar à Patagônia e, como Chatwin, passar um bom tempo entre suas estepes e montanhas.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

"But there's one thing I know / The blues they sent to meet me / Won't defeat me..."

Por Guilherme

No último sábado, dia 01 de setembro, morreu o músico americano Hal David. Apesar de não ser um nome muito conhecido pelo público, David criou músicas incríveis em parceria com o mestre Burt Bacharach. A criatividade da dupla foi responsável por sucessos como Raindrops Keep Falling on my Head (famosa na interpretação de B.J. Thomas), I Say a Little Prayer (com a potente voz de Dionne Warwick), (They Long To Be) Close to You (famosa com os Carpenters), What the World Needs Now is Love, Always Something There to Remind Me, Walk On By e I’ll Never Fall in Love Again, minha favorita entre as composições da dupla, especialmente na versão de Elvis Costello.
Poucos na história da música contemporânea escreveram letras tão bonitas quanto David. Seu trabalho com Bacharach prova que é possível conjugar letra e música com perfeição, e produzir algo capaz de emocionar os apreciadores da boa música.

No vídeo abaixo, Burt Bacharach e Dionne Warwick apresentam algumas das canções mais famosas de Bacharach/David:

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Michael Shermer no Fronteiras do Pensamento

Por Guilherme

Você me diz que o Pé-Grande existe, e eu digo: ‘legal, onde está o corpo?’; você me diz que descobriu a cura para a AIDS, e eu te pergunto: ‘ótimo, mostre-me seus resultados’; você me diz que foi abduzido por alienígenas, e eu digo: ‘legal, posso ver o que você trouxe da nave?’

O espírito cético esteve presente na conferência apresentada pelo psicólogo e historiador da ciência Michael Shermer no Fronteiras do Pensamento. Espírito no sentido de “ideia, essência”, claro, pois o espírito tradicionalmente concebido pelas pessoas é, na opinião de Shermer, o próprio cérebro.
        Com um grande senso de humor e um raciocínio claro, Shermer apresentou suas ideias sobre como as pessoas formam seu sistema de crenças, assunto que o autor trata em seu último livro publicado aqui no Brasil, Cérebro & Crença: de fantasmas e deuses à política e às conspirações – como nosso cérebro constrói nossas crenças e as transforma em verdades (JSN, 2012). Baseando-se em estudos de psicologia e neurociência, Shermer argumentou que nosso cérebro é moldado para gerar crenças, juntando fatos e informações sensoriais desconexos, que resultam no absurdo de aceitar bobagens como a clarividência. Depois que começamos a acreditar em algo, elaboramos explicações para justificar isso, e assim mantemos nossa convicção em determinadas ideias.
        Ser cético, ao contrário do que muita gente pensa, não é negar a possibilidade do conhecimento e ser contrário a qualquer ideia. O ceticismo exige embasamento, evidência e argumentação sólida para que se aceite o novo conhecimento. Assim, se você pensa que fantasmas devem existir por causa das milhares de fotos borradas que circulam pela internet, talvez seja uma boa ideia refinar seu senso crítico.
        Um exemplo interessante de como se pode testar uma ideia foi o trabalho de Emily Rosa sobre o toque terapêutico, resumido por Shermer na conferência. O toque terapêutico é uma prática que tem por base os “chacras” corporais, locais por onde se afirma que nossa energia flui. Consequentemente, se estamos com dores em algum ponto do corpo, ou temos outros problemas mais graves, isso se deve à falta de fluxo da energia, que pode ser resolvida quando um “especialista” posiciona a mão acima do ponto onde se localiza o chacra, e faz a energia fluir, sem encostar no paciente, como se fosse uma “massagem à distância”. A ideia foi testada cientificamente por Emily, uma aluna da quarta série do Ensino Fundamental, através de um experimento muito bem elaborado, no qual foram submetidos 21 praticantes do toque terapêutico. Sem qualquer surpresa, os “especialistas” se saíram muito mal, e a menina, então com 11 anos, teve seu trabalho publicado em um dos mais importantes jornais da área médica. (clique aqui para saber mais sobre o experimento de Emily Rosa, e aqui para ver como a menina cresceu, uma sólida evidência contra qualquer cético que afirme não existir beleza na ciência)
        Shermer citou os trabalhos de Daniel Simons sobre a cegueira por desatenção (para quem não sabe do que se trata, clique aqui e veja o vídeo original da pesquisa de Simons), de Bruce Hood, sobre a essência em objetos (você vestiria a camisa  que foi usada por um serial killer no dia em que ele cometeu um crime?), e de Peter Brugger, sobre a influência da dopamina em nossas percepções sensoriais.
        No final de sua apresentação, Shermer respondeu a questões da platéia sobre religião, educação, Fritjof Capra e o poder da intuição como forma de adquirir conhecimento. Sobre o último tema, o conferencista afirmou que não podemos confiar plenamente em nossa intuição, porque muitas vezes ela está errada, carregada de preconceitos e más concepções sobre o mundo ao nosso redor.
        Em que acreditar, então? Em Cérebro & Crença, Shermer nos mostra o caminho mais seguro:
        “Eu também acredito que a verdade está lá fora, mas ela raramente é óbvia e quase nunca é infalível. Aquilo em que quero acreditar com base nas emoções e aquilo em que devo acreditar com base em evidências nem sempre coincidem. Sou cético não porque não queira acreditar, mas porque quero saber. Como saber a diferença entre o que gostaríamos que fosse verdade e o que é de fato verdade?.
        A resposta é: ciência. Vivemos na era da ciência, na qual se espera que as crenças sejam fundamentadas em sólidas evidências e dados empíricos.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma boa educação

Por Guilherme

Encerrando seu ótimo Ensine Ciência a Seu Filho (JSN, 2011), Michael Shermer cita o poeta e ensaísta inglês Joseph Addison, em uma passagem sobre educação. Se nós todos tivéssemos essa mesma percepção sobre a importância e a influência da educação em nossa vida, estaríamos a caminho de um mundo ideal.

A educação é uma companhia que nenhuma infelicidade pode abater, nenhum crime pode destruir, nenhum inimigo pode alienar, nenhum despotismo pode escravizar. Em casa é um amigo, no exterior uma introdução, na solidão um consolo, e na sociedade um ornamento. Ela castiga o vício, guia a virtude e dá, de uma vez, graça e governo ao gênio. Sem ela, o que é um homem? Um escravo esplêndido, um selvagem dotado de razão.