sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Na Patagônia

Por Guilherme

Localizada no centro-sul da Argentina e do Chile, a Patagônia é a região que contém algumas das mais impressionantes paisagens naturais do planeta. Devido à sua grande extensão territorial, é possível encontrar desertos, florestas, estepes, montanhas (pertencentes à cordilheira dos Andes), grandes lagos e geleiras ao longo da Patagônia, atrativos muito procurados pelos milhões de visitantes que chegam a cidades como Bariloche, El Calafate, Ushuaia e Punta Arenas todos os anos. Locais como o Parque Torres Del Paine, no Chile, hábitat de pumas, guanacos e condores, são tão impressionantes que seguidamente constam nas listas dos lugares mais bonitos da Terra.
     Esse local de sonhos, a Patagônia, foi o destino do escritor inglês Bruce Chatwin no final de 1974, para uma estada de seis meses. Chatwin tinha, desde cedo, uma ligação especial com a região, pois havia recebido de seus familiares um pedaço de tecido animal que acreditou inicialmente se tratar de um brontossauro, mas que era, na verdade, de uma preguiça-gigante, animal extinto há alguns milhares de anos, e que dividiu as estepes do sul da Argentina com aves gigantes, com ancestrais dos cavalos atuais e com o Pyrotherium, uma estranha criatura semelhante ao elefante.
     A experiência patagônica de Chatwin é contada em Na Patagônia (Companhia das Letras, 2006), obra que narra as visitas do autor a diversas cidades patagônicas e dos encontros de Chatwin com os moradores da região, muitos deles descendentes dos primeiros europeus que colonizaram a Patagônia, então habitada por grupos indígenas, como os yámanas da Terra do Fogo. Aliás, o nome “Patagônia” foi dado pelo navegador português Fernão de Magalhães que, quando chegava ao litoral da região, viu índios enormes e a eles deu o nome de Patagães (“pessoas de pés grandes”).
     Chatwin também fornece curiosidades sobre a região. Uma delas é a passagem do famoso ladrão de trens Butch Cassidy, que fugiu à América do Sul no começo do século passado, e que também ameaçou bancos e estâncias argentinas com seu grupo de foras-da-lei. Outro fato interessante é a menção da Patagônia em obras de escritores de várias partes do mundo, prova da magia que o local provoca em quem o visita (apesar de que Charles Darwin, quando esteve no sul da Argentina a bordo do Beagle, não teve uma impressão muito positiva dessa terra).
     Na Patagônia é uma leitura indicada para os interessados em relatos de viagem ou para aqueles que sonham em fazer algo parecido com a peregrinação de Chatwin. Estive na Patagônia no inverno de 2010, e desde então mantenho grande admiração pela beleza da região. Assim, me enquadro entre aqueles que desejam voltar à Patagônia e, como Chatwin, passar um bom tempo entre suas estepes e montanhas.

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