O Livro dos Livros: uma Bíblia
humanista (Lua de
Papel, 2011), de A. C. Grayling, já foi tema de alguns posts aqui no blog. A
obra é organizada do mesmo modo que a Bíblia, com capítulos e versículos, mas a
abordagem de Grayling é secular e não invoca deuses nem qualquer coisa que não
seja terrena, humana.
A
passagem abaixo é o último capítulo de Sabedoria,
um dos 14 livros da obra. Mantive a grafia do exemplar que possuo, editado em
Portugal.
“Quaisquer que sejam as regras morais que,
depois de pensares cuidadosamente, te propuseste a ti próprio, mantém-nas como
se fossem leis / Não leves em consideração o que os outros dizem de ti, porque
isso, afinal, não te diz respeito, a menos que tirar daí ensinamentos e te
traga benefícios. / Por quanto tempo, então, adiarás achares-te digno dos
maiores progressos e seguires a clareza da razão? / Que outro mestre esperas
para com isso justificares a demora em corrigires-te? Já não és uma criança,
mas um adulto. / Assim, se fores negligente e preguiçoso, acrescentando sempre
adiamentos a adiamentos, propósitos a propósitos e demoras dia após dia até que
atentes em ti mesmo, / Continuarás inconscientemente sem competências e, na
vida e na morte, preservando o facto de seres um dos que não pensam. / Nesse
instante, então, pensa em ti como alguém que merece viver como um adulto. Deixa
que o que for melhor seja a tua lei. / E se te deparares com alguma
circunstância de dor ou de prazer, de glória ou de desgraça, lembra-te de que o
combate é agora, a luta é agora, não podem ser adiados. / E embora não sejas
ainda um Sócrates, deverias viver como alguém desejoso de se tornar um
Sócrates, que disse: ‘A vida que mais vale a pena viver é aquela que se
considerou e escolheu.’ / A questão a colocar ao fim de cada dia é: ‘Quanto
tempo demorarás a ser sábio?’ / E a grande lição que o fim de cada dia ensina é
que a sabedoria e a liberdade devem ser ganhas de novo em cada dia.”
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