sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Estranho Caso do Cachorro Morto

Por Guilherme

Christopher é um adolescente especial. Aos 15 anos de idade, ele sabe muito sobre ciências e matemática, tem uma capacidade incrível de fazer cálculos, faz mapas mentais perfeitos sobre os lugares pelos quais já passou, lê muito e também gosta de assistir a documentários na TV. Apesar da grande capacidade cognitiva, Christopher tem dificuldade em entender certas coisas nas pessoas a sua volta, e elas também não conseguem entendê-lo facilmente. O jovem é autista.
      Christopher divide a casa onde mora com seu pai e, em uma de suas andanças pela vizinhança, o jovem vê o corpo de Wellington, o cachorro da vizinha, morto no quintal dela. O cachorro certamente havia sido morto por alguém, pois um instrumento de jardinagem estava atravessado em seu corpo. Fã de Sherlock Holmes, Christopher decide investigar por conta o assassino de Welington.
      O Estranho Caso do Cachorro Morto (Record, 2004), de Mark Haddon, conta a história da busca de Christopher pelo assassino do cachorro da vizinha. Na verdade, a busca incessante do jovem por saber a verdade sobre tudo (ele é incapaz de mentir) faz com que ele se envolva em muitas outras histórias além daquela que inicia a obra. O livro é narrado por Christopher, que também almeja escrever um livro, e traz situações cotidianas, como pegar um ônibus ou um trem, que se transformam em verdadeiras aventuras quando vivenciadas por ele. O tom divertido da narrativa (o que não é proposital, pois o jovem não gosta e costuma não entender piadas) contrasta com a delicadeza das situações familiares vividas por Christopher. Ao final, o leitor ficará comovido com a naturalidade que o jovem apresenta ao enfrentar dramas que certamente desestabilizariam a maioria das pessoas. E essa é uma das grandes mensagens do livro. Como diz Christopher, olhar para as estrelas é um exercício interessante. Vê-las tão longe, e perceber o quanto o universo é grandioso e como há muitas coisas por aí faz com que nós nos sintamos como realmente somos: muito, muito pequenos. E nossos problemas são também, em sua maioria, muito, muito pequenos.

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