Por Guilherme
Terminei ontem a leitura de Para Que Serve Tudo Isso? – a filosofia e o sentido da vida, de Platão a Monty Python (Zahar, 2008), do filósofo inglês Julian Baggini. A obra apresenta uma discussão racional sobre quais aspectos de nossa vida podem realmente dar sentido (ou não) a nossa existência. Um dos capítulos é dedicado ao tema “sucesso” porque, de acordo com o autor, muitas pessoas acreditam que uma vida profissional e financeiramente bem sucedida basta para tenhamos uma existência plena. Em um trecho do capítulo, Baggini questiona a validade dos ensinamentos da maioria dos chamados livros de autoajuda, com uma argumentação bastante pertinente.
“Acho que a proliferação desses livros só foi possível porque eles tocam em um desejo quase universal dos seres humanos de desenvolvimento pleno de potencial. A relação entre esses livros e o que eu tenho dito é que as pessoas querem, sim, ser alguém e, com isso, dar sentido às suas vidas. Contudo, o que me preocupa é que esses livros podem estar usando esse desejo e canalizando-o para direções pouco produtivas.
Por exemplo, eles podem prometer a felicidade. Tudo bem, mas como vimos no capítulo anterior, a felicidade não é tudo, e, se você fizer da busca da felicidade a principal questão da sua vida, é bem provável que não a consiga. Eles também podem prometer o sucesso, mas podem focar somente no sucesso palpável, ao passo que o sucesso de verdade é o desenvolvimento interior. Esses livros podem prometer coisas demais de maneira exageradamente fácil, ignorando que o tornar-se é uma forma de luta. (Apesar de que, nem sempre, é uma luta desagradável.) Eles podem apresentar o desenvolvimento pessoal como um meio para se chegar a determinado fim – reconhecimento, admiração e sorrisos abertos –, quando na verdade ele deveria ser um fim em si mesmo.”