domingo, 1 de janeiro de 2012

Blue Highways

Por Guilherme

“Está na veia do americano sair para algum outro lugar quando o lar se torna intolerável.” As palavras, do escritor americano William Least Heat-Moon, foram transformadas em ação por ele próprio, no final da década de 1970. Recém divorciado, Heat-Moon recebera um aviso da universidade onde trabalhava lecionando inglês, anunciando que as baixas matrículas para o próximo semestre estavam provocando corte de gastos na universidade, e o seu cargo de professor não existia mais.
Com 38 anos de idade, Heat-Moon não deixou que os golpes o derrubassem. Comprou uma van, apelidada de Ghost Dancing e que possuía o essencial para uma vida na estrada, e pegou alguns mapas antigos das estradas americanas. Decidiu que circularia os Estados Unidos dirigindo apenas por vias secundárias, estradas rurais marcadas em azul nos mapas, parando em cidades pouco conhecidas até pelos próprios americanos, conversando com as pessoas locais e redescobrindo a América perdida. Em sua companhia, apenas livros de Walt Whitman e John Neihardt.
        O relato da viagem de três meses ao redor dos EUA está em Blue Highways: a journey into America (Back Bay Books, 1999). Na obra, Heat-Moon descreve os lugares pelos quais passou e as conversas que manteve com os mais variados tipos de pessoas que encontrou no caminho, incluindo pastores, prostitutas, andarilhos, fazendeiros e estudantes. Há relatos muito interessantes sobre as passagens de Heat-Moon em locais históricos, como Selma, no Alabama, local onde ocorreram marchas pelos direitos civis na década de 1960, e New Harmony, em Indiana, uma cidade que foi palco de experiências de engenharia social no século 19.
        Para quem se interessa por relatos de viagem, e também gosta de aprender história, Blue Highways é uma boa dica. Infelizmente, o livro ainda não foi editado aqui no Brasil.

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