Página Virada completou, no início deste mês,
dois anos de existência. Nos mais de 270 posts publicados até aqui, muitos livros
foram citados e algumas histórias foram contadas. E, dando uma olhada naquilo
que foi publicado, percebi que uma das histórias mais interessantes que já li –
narrada em O Parente Mais Próximo
(Objetiva, 1998), de Roger Fouts com colaboração de Stephen T. Mills - ainda
não havia sido mencionada nesse espaço.
No final da década de 1960, o psicólogo
Roger Fouts tentava ingressar em um programa de pós-graduação em psicologia
clínica, pois seu interesse era ter uma sólida base de conhecimento para
atender crianças. O curso era caro, e Fouts só poderia bancá-lo se conseguisse
um trabalho na universidade. O psicólogo, então, encaminhou uma carta à
instituição, solicitando um emprego de assistente de pesquisa na pós-graduação
e, sem muita esperança de receber uma resposta positiva, já se preparava para
trabalhar na empresa do irmão, como bombeiro hidráulico.
Felizmente, Fouts conseguiu a vaga. Seu
trabalho? Auxiliar em um experimento no qual a Língua Americana de Sinais (ASL)
era ensinada a chimpanzés, e uma fêmea, Washoe, seria seu primeiro objeto de
estudo.
Em O
Parente Mais Próximo, Fouts relata as décadas de convivência com Washoe
(que morreu em outubro de 2007 - quando adulta, Washoe sabia cerca de 350
sinais, e entendia um grande número de palavras faladas) e com outros chimpanzés
do projeto. O respeito e a admiração por nossos parentes mais próximos fizeram
de Fouts um grande crítico das condições sob as quais os chimpanzés são
mantidos em laboratórios americanos, especialmente os animais utilizados em
experimentos de pesquisa sobre o HIV e outros vírus.
A grandeza do livro de Fouts não está
apenas na narrativa do incrível desenvolvimento das habilidades comunicativas
de Washoe e de seu grupo. Há também a dura trajetória pessoal e os dramas do
próprio psicólogo, que buscava manter um equilíbrio em suas relações familiares
e na sua carreira enquanto lutava para garantir o bem-estar dos chimpanzés sob sua
tutela. O Parente Mais Próximo é uma
obra altamente recomendada não somente a quem gosta de animais ou de relatos autobiográficos,
mas a todos que se emocionam com histórias de superação, respeito e amor.
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