terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Parente Mais Próximo

Por Guilherme

Página Virada completou, no início deste mês, dois anos de existência. Nos mais de 270 posts publicados até aqui, muitos livros foram citados e algumas histórias foram contadas. E, dando uma olhada naquilo que foi publicado, percebi que uma das histórias mais interessantes que já li – narrada em O Parente Mais Próximo (Objetiva, 1998), de Roger Fouts com colaboração de Stephen T. Mills - ainda não havia sido mencionada nesse espaço.
    No final da década de 1960, o psicólogo Roger Fouts tentava ingressar em um programa de pós-graduação em psicologia clínica, pois seu interesse era ter uma sólida base de conhecimento para atender crianças. O curso era caro, e Fouts só poderia bancá-lo se conseguisse um trabalho na universidade. O psicólogo, então, encaminhou uma carta à instituição, solicitando um emprego de assistente de pesquisa na pós-graduação e, sem muita esperança de receber uma resposta positiva, já se preparava para trabalhar na empresa do irmão, como bombeiro hidráulico.
    Felizmente, Fouts conseguiu a vaga. Seu trabalho? Auxiliar em um experimento no qual a Língua Americana de Sinais (ASL) era ensinada a chimpanzés, e uma fêmea, Washoe, seria seu primeiro objeto de estudo.
    Em O Parente Mais Próximo, Fouts relata as décadas de convivência com Washoe (que morreu em outubro de 2007 - quando adulta, Washoe sabia cerca de 350 sinais, e entendia um grande número de palavras faladas) e com outros chimpanzés do projeto. O respeito e a admiração por nossos parentes mais próximos fizeram de Fouts um grande crítico das condições sob as quais os chimpanzés são mantidos em laboratórios americanos, especialmente os animais utilizados em experimentos de pesquisa sobre o HIV e outros vírus.
    A grandeza do livro de Fouts não está apenas na narrativa do incrível desenvolvimento das habilidades comunicativas de Washoe e de seu grupo. Há também a dura trajetória pessoal e os dramas do próprio psicólogo, que buscava manter um equilíbrio em suas relações familiares e na sua carreira enquanto lutava para garantir o bem-estar dos chimpanzés sob sua tutela. O Parente Mais Próximo é uma obra altamente recomendada não somente a quem gosta de animais ou de relatos autobiográficos, mas a todos que se emocionam com histórias de superação, respeito e amor.

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