quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Caixa Vermelha

Por Natália

 

A morte da jovem Molly Lauck, que comeu um bombom envenenado de uma simpática caixa de doces, faz com que o excêntrico detetive Nero Wolfe seja acionado. O responsável por contatar Wolfe é Llewellyn Frost, um jovem com hábitos de bon vivant que teme que a prima, a bela Helen, tenha o mesmo destino que Molly. Um pouco a contragosto, o detetive aceita investigar o caso. Inicia suas averiguações na Boyden McNair Incorporated, empresa do ramo da moda onde Molly trabalhava. O dono da empresa, Boyden McNair, um sujeito que não parece muito inclinado a dar explicações, desperta suspeitas no jovem Frost, e Nero Wolfe decide verificar se há algo nessa empresa que possa custar a vida de uma moça.
      De Rex Stout, um renomado autor norte-americano de livros policiais, A Caixa Vermelha (Companhia das Letras, 2004) conta a investigação da morte de Molly Lauck, conduzida pelo corpulento Nero Wolfe com a inestimável ajuda de Archie, o narrador da história. A trama se passa em Nova York na década de 1930, e o leitor se vê transportado a uns Estados Unidos onde certas peças de vestimenta podiam custar apenas alguns centavos, caixas de doces eram artigos de luxo e esquecer-se de colocar o chapéu para sair à rua era algo praticamente impensável. É uma história policial agradável, com algumas reviravoltas e momentos de suspense, com conflitos de interesse entre os personagens envolvidos e com um detetive guardando para si tudo o que sabe quase até o instante final. Para os fãs do gênero, recomenda-se a leitura.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Cidade do Sol

Por Natália

Mariam tem pouco mais de 30 anos, pouca instrução e nenhum momento de lazer, é casada com Rashid, um sapateiro cerca de 15 anos mais velho do que ela, e vive de servir ao marido, sem poder sair da precária casa em que vivem. Laila tem cerca de 15 anos, nasceu numa família que valoriza a educação e o conhecimento, é apaixonada pelo melhor amigo, Tariq, e sofre com o fato de os irmãos mais velhos estarem na guerra e a mãe estar entrando em profunda depressão por conta disso.
        O destino dessas duas mulheres afegãs se entrelaça quando uma explosão mata os pais de Laila e ela se vê sozinha no mundo. Rashid aproveita-se disso – e também do fato de que Laila guarda um terrível segredo – para casar-se com ela à força. Agora, Laila e Mariam são esposas do mesmo homem e têm de dividir o espaço e as tarefas. Donas de personalidades muito diferentes, têm de aprender a conviver. As duas acabam tornando-se aliadas para rebelar-se contra a tirania de Rashid, que as mantêm praticamente em cárcere privado. Porém, voltar-se contra um homem, no Afeganistão, não é algo visto com bons olhos.
A Cidade do Sol (Nova Fronteira, 2007), de Khaled Hosseini, segue o estilo de O Caçador de Pipas, o primeiro livro desse autor. Com várias passagens dramáticas que podem levar o leitor às lágrimas, a obra proporciona uma viagem ao Afeganistão, dada a riqueza das descrições dos lugares, dos costumes e das pessoas. É uma história encantadora e, ao mesmo tempo, triste. É impossível que as leitoras brasileiras (e ocidentais, de modo geral) não se ponham no lugar de Mariam e Laila e não se sintam agradecidas por terem nascido numa sociedade que não obriga as mulheres a serem meras sombras (às vezes escravas) de seus maridos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Uma lição de filosofia com Peter Singer

Por Guilherme

O filósofo Peter Singer é um dos autores mais comentados aqui no blog. Seus escritos sobre ética, especialmente sobre a condição dos animais não-humanos, têm influenciado muitas pessoas em todo o mundo. Alguns o consideram “o homem mais perigoso do planeta”, por suas posições em relação ao aborto e a eutanásia, embora esses provavelmente não devem ter lido a obra de Singer com atenção, ou então estão carregados de superstições e preconceitos, que os impedem de avaliar as questões éticas por um viés livre de suposições religiosas.
        O vídeo abaixo mostra Singer discutindo ética nas ruas de Nova York. Ele é parte de um documentário lançado em 2008, chamado Examined Life: philosophy is in the streets, que apresenta oito grandes pensadores falando sobre diversas questões importantes para a humanidade, como a ecologia, a ética, a justiça e a verdade.
        No final do vídeo Singer dá sua resposta à questão que apresentamos há pouco no Página Virada: qual o sentido da vida?


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Você Pensa o Que Acha Que Pensa?

Por Guilherme

Humanos são animais cheios de contradições. Alguns afirmam gostar de animais não-humanos e defendê-los, mas consomem carne, que é proveniente de animais que passaram uma vida inteira de sofrimento e exploração (sou desses, admito, e tenho diminuído minha cota de carne). Outros não perdem a chance de invocar o nome de Deus em qualquer situação, mas são pessoas de caráter extremamente duvidoso que só almejam o sucesso financeiro próprio, não importa o que tenham que fazer para alcançá-lo. Há também quem defenda a ideia de que cada um é senhor de sua própria vida, mas se posicione contra a eutanásia voluntária.
        Pois bem, seja você uma pessoa de poucas contradições, ou um poço delas, mas que gosta de entender porque você pensa o que pensa e de avaliar como suas atitudes se relacionam com seus argumentos, dê uma olhada em Você Pensa o Que Acha Que Pensa? – um check-up filosófico, de Julian Baggini e Jeremy Stangroom (Zahar, 2010), um pequena obra que contém diversos testes que nos mostram o quão contraditórios podemos ser, mesmo quando fazemos coisas cotidianas e discutimos assuntos simples.
        Escrevendo sobre a lógica (os autores vão além de proposições como todos os homens são mortais – Sócrates é homem – portanto Sócrates é mortal), a ética e a liberdade, Baggini e Stangroom fizeram um livro adequado para quem não tem muita intimidade com temas filosóficos complexos. O primeiro dos doze capítulos, O Check-up Filosófico, traz 30 afirmações para que as avaliemos, concordando ou discordando delas. A partir disso, começamos a identificar algumas tensões na nossa argumentação, e os autores nos explicam quais são as contradições presentes em nossas respostas.
        Clint Eastwood certa vez disse que “opinião é que nem bunda: cada um tem uma.” Ele estava certo. E assim como se pode trabalhar a região glútea para que fique com uma aparência melhor, pode-se trabalhar também a massa encefálica para que sejamos mais sensatos naquilo que dizemos e, principalmente, fazemos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tosco voltou!

Por Guilherme

As tiras do personagem Tosco estão entre os posts mais vistos aqui no Página Virada. Falamos com Rodrigo Pelliccioli (Peli), o criador dessa figura, e ele gentilmente nos autorizou a publicar mais algumas das aventuras do Tosco. Assim, compartilharemos com nossos leitores as grandes tiradas de Peli, extraídas dos livros Tosco Bom de Cama e Tosco 2.




Para entrar em contato com o Peli, escreva para r.peli@terra.com.br

Qual é o sentido da vida?

Por Guilherme

Em janeiro de 2010, o jornal escocês The Herald convocou quatro filósofos para que respondessem à pergunta mais antiga, e difícil, da história: "qual é o sentido da vida?" (alguns afirmam que esta não é uma questão filosófica válida, então poderíamos perguntar algo como "qual é a melhor maneira de conduzir minha vida?")
Entre os autores que aceitaram o desafio estão A.C. Grayling e Julian Baggini (sobre quem falaremos em breve), e a resposta deles pode ser conferida aqui.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Blue Highways

Por Guilherme

“Está na veia do americano sair para algum outro lugar quando o lar se torna intolerável.” As palavras, do escritor americano William Least Heat-Moon, foram transformadas em ação por ele próprio, no final da década de 1970. Recém divorciado, Heat-Moon recebera um aviso da universidade onde trabalhava lecionando inglês, anunciando que as baixas matrículas para o próximo semestre estavam provocando corte de gastos na universidade, e o seu cargo de professor não existia mais.
Com 38 anos de idade, Heat-Moon não deixou que os golpes o derrubassem. Comprou uma van, apelidada de Ghost Dancing e que possuía o essencial para uma vida na estrada, e pegou alguns mapas antigos das estradas americanas. Decidiu que circularia os Estados Unidos dirigindo apenas por vias secundárias, estradas rurais marcadas em azul nos mapas, parando em cidades pouco conhecidas até pelos próprios americanos, conversando com as pessoas locais e redescobrindo a América perdida. Em sua companhia, apenas livros de Walt Whitman e John Neihardt.
        O relato da viagem de três meses ao redor dos EUA está em Blue Highways: a journey into America (Back Bay Books, 1999). Na obra, Heat-Moon descreve os lugares pelos quais passou e as conversas que manteve com os mais variados tipos de pessoas que encontrou no caminho, incluindo pastores, prostitutas, andarilhos, fazendeiros e estudantes. Há relatos muito interessantes sobre as passagens de Heat-Moon em locais históricos, como Selma, no Alabama, local onde ocorreram marchas pelos direitos civis na década de 1960, e New Harmony, em Indiana, uma cidade que foi palco de experiências de engenharia social no século 19.
        Para quem se interessa por relatos de viagem, e também gosta de aprender história, Blue Highways é uma boa dica. Infelizmente, o livro ainda não foi editado aqui no Brasil.