Esta tirinha inédita do Tosco nos foi enviada pelo seu próprio criador, o cartunista Peli, a quem o blog agradece!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
A boa música, no Fim do Mundo
Por Guilherme
Passei boa parte da minha adolescência ouvindo a rádio Antena1, ligado na frequência 102.7 de Caxias do Sul. Com ela, fazia minhas tarefas de casa, lia, descansava e passava meu tempo livre. Através dela, conheci melhor grandes nomes da música como Phil Collins, Alice Cooper, America, Johnny Rivers, Bee Gees, Peter Frampton, Chicago, entre outros, além de ouvir frequentemente músicas dos Beatles (foi através da Antena1 que ouvi In my life, a melhor música de Lennon/McCartney, na minha opinião). Lembro, inclusive, da noite em que liguei o rádio (já ajustado nos 102.7) e estranhei a programação da rádio, bem diferente da Antena1 que eu conhecia. E, de fato, não havia mais transmissão da rádio na serra gaúcha, e o único modo de ouvir os clássicos da Antena1 era sintonizar os 89.3 da transmissora de Porto Alegre, ou ir ao site da rádio, o que era complicado em uma época de conexões discadas e caras. O fim da Antena1 na serra gaúcha foi uma das tristezas da minha adolescência. Não encontrei outra emissora que tocasse os clássicos do rock e da música pop dos anos 60, 70 e 80.
Felizmente, descobri outra rádio com um perfil parecido com o da Antena1. A Rádio Centro, da cidade de Ushuaia, na Terra do Fogo argentina, tem uma programação dedicada aos clássicos das décadas passadas. Das 20h às 8h, a rádio toca muita coisa boa, como Neil Diamond, Paul McCartney, George Harrison, Electric Light Orchestra, Creedence, Rod Stewart, Phil Collins e Roy Orbison. Os outros horários são dedicados às músicas argentina e latina.
Além da boa programação, o pessoal da rádio entende o que a música significa para a vida das pessoas. Isso transparece na mensagem inicial do site:
Disfruten de una programación realizada para que puedan escuchar aquellos temas que marcaron sus vidas, los temas con que pasaron su juventud, con los que conocieron a alguien, con los que iniciaron un camino…
Esperemos que disfruten esta radio, en donde volvemos a la tradicional FM en donde se podía ESCUCHAR Música.
Esperemos que disfruten esta radio, en donde volvemos a la tradicional FM en donde se podía ESCUCHAR Música.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
A Vida no Limite: a ciência da sobrevivência
Por Guilherme
Recentemente, o até então desconhecido “campeonato mundial de sauna” despertou a atenção do mundo inteiro. Sua final foi disputada por dois competidores, um russo e um finlandês, e o campeão seria aquele que aguentasse mais tempo na sauna, sob uma temperatura superior a 100 graus centígrados. Resultado: depois de 6 minutos a 110 graus, ambos tiveram que ser encaminhados a um hospital, e o russo não resistiu. Por incrível que pareça, o campeonato de sauna era disputado desde 1999, e até então nenhuma morte havia sido registrada. Mais incrível ainda é saber que uma pessoa normal pode suportar temperaturas ainda maiores, em um ambiente seco. Experimentos indicam que é possível passarmos poucos minutos em um local com temperatura de 127ºC e sairmos sem sofrer quaisquer danos graves a nosso organismo.
A capacidade humana de resistir a extremos de temperatura, de escalar locais de alta altitude (às vezes sem oxigênio suplementar), de mergulhar em grandes profundidades, de conseguir correr uma maratona mantendo velocidades médias superiores a 20km/h, entre outras, é o tema principal de A Vida no Limite: a ciência da sobrevivência (Jorge Zahar, 2001), da fisiologista inglesa Frances Ashcroft. Além de discutir nossos limites corporais, Ashcroft também trata de alguns recordistas do mundo animal, como gansos que voam a altitudes superiores a 9000 metros (suficiente para sobrevoar o Everest), e bactérias que sobrevivem em fontes de águas termais de 100ºC.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010
A Revolução dos Bichos
Por Guilherme
Escrito em 1945 por George Orwell, A Revolução dos Bichos é um dos livros mais famosos do século XX. Sua história, bastante conhecida e discutida, narra a revolta dos animais da Granja do Solar contra seu proprietário Jones, um sujeito alcoólatra e violento no trato com os animais. A revolta é incentivada pelos porcos, animais mais intelectualizados, que convencem os demais de que é necessário um levante contra o abuso da autoridade humana. Um governo de animais, para animais, é a solução.
Os animais se unem e conseguem expulsar o então proprietário da Granja, e assim cumprem a primeira etapa de sua revolução. Sem humanos, e com um governo que considere e trate igualmente a todos os animais (“quatro pernas bom, duas pernas ruim”), a vida, pensam eles, ficará muito melhor.
Os dois porcos líderes, Napoleão e Bola-de-Neve, encarregam-se de dirigir o início da construção da nova granja, agora chamada Granja dos Bichos, e propõem os sete mandamentos dos bichos, que definem a vida igualitária da sociedade e tentam extirpar qualquer resíduo humano dela (proíbem-se as roupas, a ingestão de álcool, dormir em camas e matar animais).
O tempo passa e a Granja toma um rumo diferente daquele imaginado inicialmente, pelo menos para a maioria dos animais. O líder Napoleão passa a ter privilégios e age de modo deliberado, sem consultar os demais animais para tomar decisões e modificar as leis estabelecidas. Para os outros animais, especialmente os cavalos Sansão e Quitéria, só há trabalho, muito trabalho.
As revoltas, ou insubordinações, são punidas com perseguições e morte. Analfabetos e enganados pela boa propaganda governamental feita pelo porco Garganta, os animais não se dão conta de que os sete mandamentos aos poucos vão sendo levemente alterados (“nenhum animal matará outro animal, sem motivo”) de acordo com as necessidades dos líderes da Granja. Por fim, até os humanos, outrora inimigos mortais, se aproximam dos porcos e com eles se reúnem e negociam, sob o olhar perplexo dos habitantes da Granja.
A história de Orwell foi escrita como uma crítica direta ao governo stalinista da União Soviética e, por isso, acabou rejeitada por diversos editores ingleses, que não queriam publicar um manifesto tão aberto contra um aliado de guerra, ainda mais tendo seus líderes representados por porcos. Além de proibido em países comunistas, também foi banido em nações islâmicas, sob o pretexto de que retrata porcos, alimento proibido para os muçulmanos. Apesar de seu enredo tratar de uma situação particular, A Revolução dos Bichos continua atual. Corrupção, exploração de indivíduos por outros, a fome pelo poder, a ganância pelo dinheiro e pelo conforto, mesmo que isso custe o bem-estar alheio, são todas características humanas. O livro de Orwell é, acima de tudo, uma fábula sobre a natureza humana. Afinal, “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Uma boa história fora dos livros
Por Natália
Quem aprecia uma boa história não se importa com o meio pelo qual ela é contada. Para essas pessoas, um livro ou um filme são boas formas de entretenimento que rendem um mergulho de algumas horas a um mundo paralelo onde se deve exercitar a imaginação para acompanhar o que se passa. Contar uma história, porém, não é exclusividade de livros ou filmes. Há também jogos, de videogame ou computador, capazes de fazer isso.
Quando adolescente, tive o privilégio de conhecer uma série de jogos de mistério, chamada Gabriel Knight, que despertou em mim duas coisas: a admiração por histórias de suspense bem amarradas e a vontade de visitar os lugares onde o enredo dos jogos se passava.
O primeiro volume da série (que tem três jogos no total) se chama Gabriel Knight: Sins of the Fathers (Pecados dos Pais) e pode ser considerado um tanto simples por aqueles que não dispensam efeitos especiais de última geração ou tiroteios e carnificinas. Neste jogo, somos apresentados a Gabriel Knight, um aspirante a escritor e dono de livraria que nasceu e mora em Nova Orleans (EUA). Gabriel gosta de se inspirar em fatos reais para escrever seus romances, e os recentes e misteriosos assassinatos ocorridos na sua cidade têm chamado sua atenção. Embora sua assistente, Grace Nakimura, uma jovem de origem japonesa que recentemente se mudou de Nova York para Nova Orleans, o aconselhe a não se intrometer em assuntos perigosos, Gabriel vê-se envolvido cada vez mais na trama. Os crimes parecem estar ligados ao vodu, uma prática religiosa comum no sul dos Estados Unidos e no Caribe, e seguir um ritual bem delineado.
Gabriel é amigo de um detetive da polícia local, chamado Mosely, que lhe fornece informações importantes ao longo da história. É na companhia de Mosely que Gabriel Knight conhece uma bela (e de família rica e tradicional) moradora de Nova Orleans, Malia Gedde, por quem acaba se apaixonando.
Durante as investigações, Gabriel é quase surpreendido várias vezes por aqueles que ele julga serem os culpados pelos assassinatos. Quando imagina estar prestes a concluir o caso, recebe uma ligação da Alemanha, de um tio-avô que revela que Gabriel é um Schattenjäger (caçador de sombras) e que seu destino estará para sempre ligado ao sobrenatural. Gabriel Knight, então, entende o significado dos terríveis pesadelos que vem tendo constantemente: eles o avisam de que sua família havia sido amaldiçoada e que, para quebrar esse encanto, ele deverá solucionar imediatamente os crimes de Nova Orleans.
Gabriel decide viajar à Alemanha, mas não encontra seu tio, que havia ido para a África à procura de um local sagrado para a prática de ritos similares ao vodu. Gabriel o segue até lá e, ao voltar para Nova Orleans, descobre que Grace foi sequestrada pelos criminosos. O caçador de sombras, então, finalmente percebe quem está por trás dos assassinatos e o que realmente motiva esses crimes. Só que ele precisa agir rápido para que sua assistente não tenha o mesmo destino que as vítimas dos assassinos do vodu.
Gabriel Knight: Sins of the Fathers foi lançado em 1993. O que mais chama a atenção a respeito desse jogo é que todas as ações de Gabriel dependem da pessoa que o controla, que, embora precise realizar certas tarefas, pode escolher algumas atividades que queira fazer. A série Gabriel Knight foi criada por Jane Jensen, e os dois primeiros jogos foram transformados em livro nos Estados Unidos. Atualmente, jogos desse tipo parecem não estar mais em alta. Gabriel Knight, porém, é um clássico que todos os admiradores de quebra-cabeças deveriam conhecer.
sábado, 20 de novembro de 2010
Para Fazer do Mundo um Lugar Melhor
Por Guilherme
“Quais seriam as melhores formas de aumentar o bem-estar global e, particularmente, o bem-estar da população dos países em desenvolvimento, supondo que US$ 50 bilhões adicionais estivessem à disposição dos governos?” Esse foi o desafio proposto pelo Consenso de Copenhagen, um projeto criado pelo cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg, a um grupo de oito eminentes economistas, incluindo três vencedores do Prêmio Nobel.
Lomborg ficou mundialmente famoso após a publicação de O Ambientalista Cético. Nessa obra, o dinamarquês critica com vigor aquilo que ele considera “alarmismo ambiental” por parte de ecólogos e ambientalistas, e tenta desconstruir a ideia de que estamos vivendo uma situação ambiental de calamidade. O Ambientalista Cético foi um dos poucos livros de temática ambiental que não terminei de ler porque, admito, me irritei com a argumentação de Lomborg. Parecia absurdo um sujeito ir contra os resultados de pesquisas bem estabelecidas, há décadas, por biólogos bastante competentes e idôneos. O livro é, ainda hoje, motivo para inúmeros debates entre ambientalistas e céticos da crise ambiental.
Depois de abandonar O Ambientalista Cético, não imaginava que leria algo de Lomborg em breve. No entanto, uma entrevista recente do autor fez com que eu mudasse de ideia. Ao terminar a leitura da entrevista, percebi que o principal argumento de Lomborg é que, para realmente mudar a situação do mundo, são necessárias ações mais efetivas e menos propaganda e alarde, como acontece hoje. Infelizmente, muitos dos opositores de Lomborg sequer se dão ao trabalho de ouvir o dinamarquês. Deveriam.
A entrevista de Lomborg despertou novamente minha curiosidade pela sua obra. Assim, cheguei a Para Fazer do Mundo um Lugar Melhor: se você tivesse US$ 50 bilhões, por onde começaria? (Saraiva, 2008). Como exposto acima, um grupo de economistas foi desafiado a elencar áreas (educação, saúde, combate à corrupção, etc.) que necessitam de investimentos em todo o planeta. O livro é dividido em 10 capítulos, 9 que tratam dos temas em discussão e o capítulo final traz o resumo da avaliação do grupo, e a classificação das propostas. Foram consideradas 17 propostas e, de acordo com o painel de economistas, as três áreas mais necessitadas de recursos, e que dariam um bom retorno (humano e financeiro) aos governos e iniciativa privada, são: a) o controle do HIV/AIDS em países em desenvolvimento, especialmente na África; b) o fornecimento de micronutrientes, para diminuir os casos de desnutrição e fome no planeta; e c) a liberalização do comércio como medida de estímulo ao desenvolvimento das economias de países emergentes.
A leitura de Para Fazer do Mundo um Lugar Melhor pode ser um pouco tediosa, especialmente para aqueles (como eu) que não acreditam que todos os problemas mundiais devem ser vistos, inicialmente, do ponto de vista econômico. Você pode não concordar com a avaliação do painel – eu também não concordo – mas se a pergunta Se você tivesse US$ 50 bilhões para mudar o mundo, por onde começaria? fosse dirigida a você, qual seria a sua resposta?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O Livro da Minha Vida (3)
Por Tales Armiliato*
Contar a vida real através de testemunhos de uma profissão, a de jornalista, por vezes parece muito simples, mas não é. Escrever e publicar o cotidiano dos fatos, os acontecimentos envolvendo pessoas, representa demonstrar o que a vida também tem de ruim e de sofrimento. No dia a dia são inúmeros os exemplos: a falta de segurança, as mortes nas favelas, a briga pela liderança no tráfico de drogas e a corrupção em meio à política e aos próprios órgãos de segurança. Muitas vezes, aqueles que deveriam proteger ficam à margem da situação. Por isso, entre as leituras que marcaram a minha vida, seguindo a paixão pelo jornalismo e sua verdadeira função social, recordo do livro “Rota 66 – A História da Polícia que Mata”, do jornalista Caco Barcellos. Gaúcho e repórter da Rede Globo de Televisão, Caco é reconhecido pelo estilo marcante de suas reportagens. Em Rota 66, é apresentado ao leitor o verdadeiro mundo do crime com suas mais organizadas facções, infelizmente até na polícia. Sem escrúpulos. A vida real. A mais pura verdade, nua e crua, de uma sociedade brasileira que por vezes tenta esconder que a realidade de fatos possui consequências que se estendem pelos anos e na memória de muitas pessoas. A obra trata do triste episódio do assassinato de um grupo de jovens de classe média de São Paulo por uma incorreta ação de uma unidade da conhecida Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). O rumo da história começa a partir deste fato. O problema é que muitos outros assassinatos acontecem sem motivo, realizados pela polícia militar, que atira antes mesmo de perguntar. No livro-reportagem, Caco Barcellos também traz um pouco do dia a dia do repórter policial e investigativo. Ele relata suas experiências jornalísticas e aonde vai para conseguir o relato de suas fontes. O jornalista chega a lugares evitados até pela própria polícia e levanta um verdadeiro arquivo com dados e informações reveladoras sobre vítimas de tiroteios com a polícia militar. O livro Rota 66 se divide em três partes e prende a atenção do leitor como uma espécie de prisão ou filme de verdadeira ação cinematográfica. Fascinante! Os detalhes da obra chamam a atenção já no parágrafo inicial do livro, capítulo 1 – A perseguição:
"A Veraneio cinza nunca esteve tão perto. A 200, 300 metros , 15 segundos: a sirene parece o ruído de um monstro enfurecido. Os faróis piscam sem parar. O farolete portátil de 5 mil watts lança luzes no retrovisor de todos os carros à frente. Os motoristas, assustados, abrem caminho com dificuldade por causa do trânsito movimentado nesta madrugada de quarta-feira, no Jardim América. A Veraneio, com manobras bruscas, vai chegando perto, cada vez mais perto dos três homens do Fusca azul. Eles estão na Maestro Chiafarelli e têm à frente uma parede de automóveis à espera do sinal verde para o cruzamento da avenida Brasil".
Rota 66 - A História da Polícia que Mata, representa um belo incentivo aos profissionais da área e amantes da escrita. Um verdadeiro estímulo ao aperfeiçoamento de novas habilidades. Lembrar de Caco Barcellos é falar de um de nossos melhores jornalistas brasileiros na atualidade. Um homem de cabelos grisalhos e de meia estatura, conhecido pela crítica jornalística do centro do país como a “voz da minoria e das vítimas da violência”. Lembro que esta também é uma bela caracterização que ele mesmo gosta de acrescentar, sempre, durante suas palestras pelo Brasil e principalmente aos futuros jornalistas. Diz ele: “eu sou assim, e por que mudar?”
* Tales Armiliato é jornalista e repórter da Rádio São Francisco SAT – Caxias do Sul – RS.
"O Livro da Minha Vida" é um projeto do Blog Página Virada. O blog publicará regularmente um post sobre uma obra que marcou a vida de alguém. Para participar, mande seu texto para paginaviradablog@yahoo.com.br
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