quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

59 Segundos

Por Guilherme

Nunca fui fã de livros de autoajuda por considerá-los muito banais, cheios de sugestões simplórias que, ditas por pessoas comuns, não fariam muito sucesso. Quando essas obviedades são ditas pelos “gurus”, entretanto, elas tomam a forma de grandes conselhos para a felicidade e a realização pessoal e profissional. Verdadeiros milagres. Recentemente, assisti a um programa onde um dos mais famosos “gurus” brasileiros dava dicas sobre como resolver problemas cotidianos. Uma senhora mandou uma mensagem de socorro, porque não aguentava mais a postura de seu genro quando ele a visitava: o rapaz chegava e logo se acomodava no sofá, ligava a televisão e ainda pedia para ela buscar uma bebida na geladeira! O conselho do “guru” foi extraordinário, algo realmente fora do comum, que certamente deve ter mudado a vida dessa senhora para sempre: “a senhora precisa dizer a ele que ele é um folgado!” Depois disso, entendi porque o especialista cobra mais de 20 mil reais por uma palestra. São poucos os sujeitos tão sábios.
Assim, não preciso dizer que dificilmente me interessaria por um livro intitulado 59 Segundos: pense um pouco, mude muito (BestSeller, 2011). Mas decidi comprá-lo porque sou fã de seu autor, Richard Wiseman, e que, por isso, sabia que o livro não seria um amontoado de besteiras.
59 Segundos, na verdade, é quase a anti-autoajuda. Ao invés de dar conselhos guiados pelo senso comum ou fórmulas batidas, Wiseman se dispôs a procurar na literatura científica trabalhos que enfocassem os temas mais comuns da autoajuda, mas com um bom embasamento (para ter uma ideia da extensão da pesquisa do autor, basta dar uma olhada no final do livro e verificar a bibliografia utilizada por ele). Os dados das pesquisas citadas por Wiseman algumas vezes desafiam o senso comum. Por exemplo, a técnica do brainstorming, na qual um grupo é reunido e se pede às pessoas para que apresentem livremente suas ideias para ajudar a resolver algum problema, sempre foi considerada um procedimento padrão de grandes empresas quando elas estão à procura de ideias inovadoras. Wiseman explica que isso não é necessariamente verdade, e que pessoas que trabalham em grupo podem produzir menos, por apresentar a chamada “vadiagem social”, ou seja, elas se esforçam menos porque imaginam que a responsabilidade esteja dividida igualmente entre os integrantes do grupo, e assim não há pressão por resultados individuais.
Mesmo que alguns dos resultados apresentados por Wiseman sejam baseados em poucos estudos, e que pareçam contra-intuitivos, é inegável que a ciência tem muito a contribuir para o bem-estar humano, dando dicas importantes de como podemos agir em situações do dia-a-dia, interpretar as nossas próprias ações e, mais importante, as dos outros.

Um comentário:

  1. "Trabalho em equipe nada mais é do que dividir a responsabilidade e/ou culpa com ou para os demais". Héh!
    :-)

    J.Cataclism

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