quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quando não é possível distinguir ficção e realidade

Por Guilherme

Livros, ou filmes, inspirados ou baseados em histórias reais geralmente abusam da liberdade de criação e distorcem completamente a história original. Alguns fazem isso propositalmente, como na bizarra série de filmes O Massacre da Serra Elétrica, "inspirada" na vida de Ed Gein, um psicopata americano que sequer chegou perto de fazer o que Leatherface fazia às suas vítimas. Desse modo, o exagero se constitui em um modo interessante de chamar a atenção do público para a obra. Mas existem poucas histórias que só podem ser contadas de modo mais suave, pois são potencialmente perigosas para quem as conta e para aqueles envolvidos nelas.
Terminei recentemente a leitura de Elite da Tropa (Objetiva, 2008), de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel. A obra é apresentada como um relato fictício, inspirada em eventos reais, sobre a ação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) nas favelas do Rio de Janeiro. O enredo da história é conhecido por quem já assistiu aos filmes Tropa de Elite 1 e 2: as sessões torturantes de treinamento dos homens do pelotão, perigosas incursões noturnas por favelas dominadas por traficantes, violência policial, o papel do usuário na manutenção do esquema do tráfico, corrupção policial e formação de milícias, etc. O livro traz uma visão idealizada do BOPE (comprada até pela revista Veja), como um batalhão incorruptível, eficiente e violento. E é essa a visão do Batalhão que o temos ao assistir aos filmes e ler o livro.
Infelizmente, notícias recentes (veja aqui e aqui) mostram que a história pode não ser exatamente essa. Aos que vivem no mundo real, resta perguntar: em quem se pode confiar?

Um comentário:

  1. Em quem confiar? Creio que já deixamos a responsabilidade lá longe ao permitir que leis sejam votadas por parte dos que nos 'representam'.
    Prof. Valdemir

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