quinta-feira, 21 de julho de 2011

Comer Animais

Por Guilherme


Há algumas semanas falamos aqui sobre o livro Comer Animais (Rocco, 2011), de Jonathan Safran Foer. Terminei recentemente a leitura da obra, e volto a ela pois algumas de suas passagens são realmente instigantes. O livro analisa a indústria americana da carne (não muito diferente da nossa, por sinal) e a critica veementemente, por ser fonte de sofrimento animal e devastadora do meio ambiente.
        Já li outros livros sobre o mesmo assunto, como Libertação Animal, de Peter Singer, mas nunca vi um livro com argumento contrário, alguma obra na qual o autor se posiciona favoravelmente à indústria da exploração animal e menciona seus benefícios. E isso, por si só, já explica porque é mais confortável que não saibamos a origem da carne que para em nossa mesa. Foer escreve:

        Quase sempre, quando eu dizia a alguém que estava escrevendo um livro sobre ‘comer animais’, todos presumiam, mesmo sem saber coisa alguma sobre minhas opiniões, que eu defendia o vegetarianismo. É uma suposição reveladora, uma suposição que implica não apenas que uma pesquisa extensa sobre a pecuária afastaria o pesquisador do consumo de carne, mas que a maioria das pessoas já sabe que esse é o caso.

        Os relatos das visitas do autor a abatedouros, e as conversas que ele manteve com funcionários desses locais mostram uma realidade apavorante e, ao mesmo tempo, revoltante. Não é possível admitir que animais sencientes sejam tratados como objetos em uma linha de montagem. Adicionalmente, os danos ambientais causados pela pecuária são impressionantes. Além das fezes e resíduos orgânicos que se originam deles, os animais de criação são os maiores emissores de metano na atmosfera. O metano é uma substância pior que o CO2 quando se trata da retenção do calor na atmosfera, e a pecuária contribui mais para o fenômeno do aquecimento global do que todos os meios de transporte do planeta somados. Curiosamente, é raro vermos alguém insistir na diminuição do consumo de carne e na adoção do vegetarianismo em respeito ao meio ambiente. Preferimos apoiar “o dia sem carro” e outras “soluções” paliativas, como se quiséssemos aliviar nossa consciência, imaginando assim que estamos realmente preocupados com o ambiente.
        Apesar do grande impacto ambiental causado pela criação de animais para o consumo humano, o ponto principal da argumentação de Foer a favor de uma dieta vegetariana é o sofrimento dos animais, que deriva da violência imposta pelos humanos.

        Se algum dia encontrássemos uma forma de vida mais forte e inteligente do que a nossa, e ela nos considerasse como nós consideramos os peixes, qual seria nosso argumento contra virar comida?

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