terça-feira, 26 de julho de 2011

Mark Rowlands sem o lobo

Por Guilherme

O filósofo galês Mark Rowlands se tornou mundialmente reconhecido como um dos maiores divulgadores das ideias filosóficas para o grande público depois de escrever O Filósofo e o Lobo. No entanto, Rowlands já havia escrito outras obras para os leigos em filosofia, e duas delas foram publicadas no Brasil, Scifi=Scifilo: a filosofia explicada pelos filmes de ficção científica (Relume, 2005), e Tudo o Que Sei Aprendi Com a TV: a filosofia nos seriados de TV (Ediouro, 2008).
        As duas obras discutem os grandes problemas existenciais humanos: o mal realmente existe? É possível ter livre arbítrio? Por que devemos agir moralmente? O que é felicidade? O que é o amor? Existe realmente justiça? O principal questionamento, que aparece em quase todos escritos de Rowlands, é sobre o sentido da vida. E, apesar de o autor discutir essa questão à exaustão, ele parece não encontrar uma resposta defitiniva.
        Os problemas relacionados à ética e à moral são debatidos com mais profundidade em Sci=Scifilo. Aqui, o filósofo utiliza vários filmes de ficção científica, de Frankenstein aos clássicos com Arnold Schwarzenegger (um dos grandes pensadores modernos, na visão de Rowlands), para discutir ideias complexas, mostrando que o cinema pode ser uma boa fonte de debate filosófico.
        Para quem se interessa em conhecer alguns dos conceitos mais comuns da filosofia, como a justiça, a felicidade e o amor, o ideal é que comece por Tudo o Que Sei Aprendi com a TV. Com o auxílio de famosas séries de TV, como A Família Soprano, Friends, 24 Horas e Os Simpsons, Rowlands nos mostra que a filosofia não é um assunto restrito a especialistas, e que cada um de nós é, a seu modo, um filósofo. Falando sobre a vida familiar dos Simpsons, o autor levanta uma pergunta fundamental: qual é a melhor maneira de viver? Nesse aspecto, são apresentadas visões estóicas, epicuristas e cristãs sobre a chamada “boa vida”. Para tentar encontrar a melhor resposta possível à essa difícil questão, podemos dar uma olhada na vida da irmã de Bart, Lisa. A menina vive de acordo com uma visão de vida que certamente agradaria a Nietzsche, pois ela pensa que o que faz a vida valer a pena são as coisas que fazemos nela, como tocar saxofone, ler um livro ou conhecer coisas novas. Mas o ponto principal da visão de vida de Lisa encontra-se naquilo que Rowlands já escreveu em O Filósofo e o Lobo, ou seja, em nossos maus momentos. Segundo Lisa, e Rowlands também, nossos piores momentos podem fazer com que sejamos melhores, podem nos dar o ímpeto necessário para superar a adversidade e fazer de nossa vida algo mais interessante. A vida é, portanto, um eterno convite ao aprimoramento pessoal. Certamente, o caminho para uma existência ideal não é só esse. Mas as ideias de Lisa nos fazem pensar sobre o que podemos fazer para melhorar a nossa própria vida.

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