terça-feira, 19 de julho de 2011

Ensaio Sobre a Cegueira

Por Guilherme

Um motorista para no semáforo e, subitamente, percebe que não consegue mais enxergar nada além de uma imensidão branca. A cegueira é epidêmica, e começa a afetar um número grande de pessoas. O governo, percebendo a gravidade da situação, isola os indivíduos afetados pela “treva branca”, imaginando assim conter o avanço da estranha doença. Os esforços para manter os pacientes em quarentena mostram-se pouco úteis, e muitas outras pessoas são atingidas pela cegueira. Incrivelmente, uma mulher mantém a sua visão intacta, e é ela que irá ajudar um grupo de pessoas a sobreviver em meio ao caos.

Nas instalações da quarentena, os cegos passam a juntar-se em grupos diferentes. Apesar de todos estarem na mesma situação, palavras como compaixão e cooperação parecem ser desconhecidas para eles. A luta pela sobrevivência é levada a extremos, e a ganância, a exploração e a sede de poder emergem no lado mais sombrio dos indivíduos. Quando um grupo consegue se libertar da quarentena, com o auxílio da única pessoa com visão intacta, os indivíduos percebem que a situação do lado de fora é tão terrível quanto a do confinamento. Sair com vida, e são, será um desafio enorme.
A epidemia de cegueira e, mais importante, o que ela provoca nas pessoas, é o tema de Ensaio Sobre a Cegueira (Companhia das Letras, 2008) um dos mais importantes romances do escritor português José Saramago. Aqui, Saramago consegue discutir com habilidade a extrema fragilidade das relações humanas, especialmente em momentos difíceis, que leva cada indivíduo a defender seus interesses, independentemente do que isso possa custar aos outros. Entretanto, a mensagem de Saramago não é totalmente pessimista: nossos piores momentos podem nos mostrar o quão forte realmente somos e despertar, pelo menos em alguns de nós, aquilo que chamamos de humanidade.

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