terça-feira, 8 de novembro de 2011

Palavras de Thoreau

Por Guilherme

Estou relendo o clássico Walden (Aquariana, 2001) do filósofo americano Henry David Thoreau, obra na qual o escritor transcreve sua experiência de dois anos morando em uma cabana a cerca de 3 km da civilização.
Walden é um livro extraordinário, escrito por um sujeito diferenciado, que não se conformava com a mediocridade da vida cotidiana de sua época.
Abaixo, um pouco da essência de Thoreau:

Devemos aprender a despertar novamente e a manter-nos despertos, não com ajuda mecânica, mas pela infinita expectativa do amanhecer, que não nos abandona em nosso sono mais profundo. Desconheço fato mais encorajador que a inquestionável habilidade do homem para elevar a vida através do esforço consciente. É importante ser capaz de pintar determinado quadro, ou esculpir uma estátua, e desse modo produzir objetos belos; é, porém, muito mais glorioso esculpir e pintar a própria atmosfera e o ambiente através do qual vemos e que podemos construir no plano moral. Modificar a natureza do dia, eis a arte superior às demais. Compete a todo homem a tarefa de fazer a própria vida, inclusive nos pormenores, digna da contemplação de sua hora mais elevada e crítica.

Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que tinha a me ensinar, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido.

Em cada mil pessoas podando os galhos do mal há uma tentando arrancá-lo pela raiz, e é bom possível que aquele, que dedica a maior parte de seu tempo e dinheiro socorrendo os necessitados, esteja contribuindo com seu modo de vida para gerar a mesma miséria que se esforça em vão por aliviar.

Nem todos os livros são tão insípidos como seus leitores. É provável que haja palavras endereçadas exatamente a nossa condição, as quais, se pudéssemos ouvi-las e entendê-las de fato, seriam mais salutares a nossas vidas que a própria manhã ou a primavera, e nos revelariam, talvez, uma face inédita das coisas. Quantos homens não inauguraram nova etapa na vida a partir da leitura de um livro! Deve existir para nós o livro capaz de explicar nossos mistérios e nos revelar outros insuspeitados. As coisas que ora nos parecem inexprimíveis, podemos encontrá-las expressas em algum lugar. As mesmas questões que nos inquietam, intrigam e confundem, foram colocadas por sua vez a todos os homens sábios; nenhuma foi omitida, e cada um deles respondeu respondeu-as de acordo com a sua capacidade, por meio das palavras ou da própria vida. De mais a mais, junto com a sabedoria aprenderemos a liberdade.

5 comentários:

  1. Guilherme,
    faz tempo que estou querendo ler essa obra. Obrigado pela prévia.
    Luciano

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  2. Oi Luciano,

    Essa é a segunda vez que leio Walden, e a estou apreciando muito mais do que quando li a obra há alguns anos.
    Se você tiver a oportunidade, dê uma olhada também em A Desobediência Civil, um ensaio mais curto, porém igualmente importante.

    Um abraço
    Guilherme

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  3. Muito massa! Já foi para a lista (aquela ETERNA lista.. :-D ).

    Ano que vem eu me mudo para o mat, mas apenas há 500m. da "civilização"; Aí eu vejo se concordo com o rapaz do texto hehehe.

    Valeu.
    J.Cataclism

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  4. Oi J. Cataclism,

    Espero que sua estada próxima à natureza seja tão interessante quanto foi a de Thoreau, apesar de que hoje é muito difícil escapar da tal "civilização".

    Um abraço
    Guilherme

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  5. Grazie!
    Se não for, a gente fizêmo ser!
    :-D

    J.Cataclism

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