terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para Que Serve Tudo Isso?

Por Guilherme

Terminei ontem a leitura de Para Que Serve Tudo Isso? – a filosofia e o sentido da vida, de Platão a Monty Python (Zahar, 2008), do filósofo inglês Julian Baggini. A obra apresenta uma discussão racional sobre quais aspectos de nossa vida podem realmente dar sentido (ou não) a nossa existência. Um dos capítulos é dedicado ao tema “sucesso” porque, de acordo com o autor, muitas pessoas acreditam que uma vida profissional e financeiramente bem sucedida basta para tenhamos uma existência plena. Em um trecho do capítulo, Baggini questiona a validade dos ensinamentos da maioria dos chamados livros de autoajuda, com uma argumentação bastante pertinente.

Acho que a proliferação desses livros só foi possível porque eles tocam em um desejo quase universal dos seres humanos de desenvolvimento pleno de potencial. A relação entre esses livros e o que eu tenho dito é que as pessoas querem, sim, ser alguém e, com isso, dar sentido às suas vidas. Contudo, o que me preocupa é que esses livros podem estar usando esse desejo e canalizando-o para direções pouco produtivas.
        Por exemplo, eles podem prometer a felicidade. Tudo bem, mas como vimos no capítulo anterior, a felicidade não é tudo, e, se você fizer da busca da felicidade a principal questão da sua vida, é bem provável que não a consiga. Eles também podem prometer o sucesso, mas podem focar somente no sucesso palpável, ao passo que o sucesso de verdade é o desenvolvimento interior. Esses livros podem prometer coisas demais de maneira exageradamente fácil, ignorando que o tornar-se é uma forma de luta. (Apesar de que, nem sempre, é uma luta desagradável.) Eles podem apresentar o desenvolvimento pessoal como um meio para se chegar a determinado fim – reconhecimento, admiração e sorrisos abertos –, quando na verdade ele deveria ser um fim em si mesmo.

4 comentários:

  1. "De Platão a Monty Phyton" hahaha
    Que abrangente!
    :-)

    Bastante proveitosas estas passagens. O perigo desses livros é que, se o cara não cuidar, acaba entrando nessa onda da falta de sentido, aí se foi o boi com a corda toda.

    A filosofia é perigosíssima.
    :-)

    J.Cataclism

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  2. Oi J.Cataclism,

    Também considero algumas ideias filosóficas perigosas, mas no sentido de que nos tiram da nossa zona de conforto e nos fazem reconsiderar determinadas coisas que tínhamos como certas.
    O livro de Julian Baggini, no entanto, não é tão perigoso nesse sentido. A ideia de que a vida tenha algum sentido, segundo o autor, não significa que isso seja um enigma complexo, inacessível a maioria das pessoas. A questão do sentido, de acordo com Baggini, é até simples, mas envolve bom senso e também vontade e determinação para agir bem, levando uma boa vida, mas nunca esquecendo que existem outras pessoas, e que podemos fazer algo por elas.

    Um abraço
    Guilherme

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  3. Guilherme:
    Escrevi um texto sobre "O livro de minha vida". Ficou muito longo, mesmo depois dos cortes, e talvez seja melhor desmembrá-lo em dois ou publicar somente a metade, a teu critério. Para qual e-mail posso enviá-lo?
    Obrigado.
    Luciano

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  4. Oi Luciano, que boa notícia!

    Não se preocupe com o tamanho do texto. Pode encaminha-lo integralmente para o e-mail paginaviradablog@yahoo.com.br

    Um abraço
    Guilherme

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