Escolher um livro, um único, é como
escolher uma música, um filme, uma viagem... Penso que o momento também é
importante: ele faz a leitura, a música ou um passeio interessantes. Mas um
livro? Vou voltar aos anos sessenta e trazer um pouco da minha juventude e
adolescência. Tínhamos muito a fazer, como hoje ainda fazemos muito todos os
dias. Apenas as situações eram diferentes e toda a novidade nos atraía. Lembro
do cinema Dom Vital, lá na praça XV com algumas sessões intermináveis de bons
filmes, quase sempre. As pessoas eram atraídas pelo novo, pelo inusitado. Uma
tarde, em meio a semana, um avião ‘enorme’ desceu na pista do aeroclube da
cidade. Dá para pensar o que aconteceu: uma verdadeira romaria para ver o avião
que, em pane, encontrou a pista de Veranópolis. Hoje sei que aquele avião era
da antiga Sadia e trazia perto de 30 passageiros mais tripulantes e que
atraíram a atenção de boa parte da cidade, inclusive a minha. As coisas eram
assim e por isso passávamos horas com os livros, que também nos permitiam
viagens imaginárias.
Mas
um livro, e este provavelmente tenha desencadeado meu gosto pela leitura, foi
Dom Quixote. Na escola líamos muito. Líamos em parte por cumprir normas e em
parte pelo gosto que essa rigidez pelo livro acabou nos proporcionando. O
engenhoso Fidalgo de La Mancha me fez rir muito com as peripécias do Cavaleiro
e de seu fiel escudeiro Sancho. Moinhos e demônios não me assustaram.
Hoje,
se adolescente, talvez eu desse preferência aos muitos autores regionais. Temos
editoras em Caxias do Sul que têm trabalhado muito escritores emergentes e bons
escritores. Só nos falta ler seus livros e valorizar seus escritos.
*Valdemir Guzzo é professor
"O Livro da Minha Vida" é um projeto do Blog Página Virada. O blog publicará regularmente um post sobre uma obra que marcou a vida de alguém. Para participar, mande seu texto para paginaviradablog@yahoo.com.br
Ótima resenha, obrigado!
ResponderExcluirAí um livro que eu ainda não tive saco de arriscar.
:-)