terça-feira, 6 de novembro de 2012

Comte-Sponville, sobre a fidelidade


“Fidelidade à verdade, antes de mais nada! É nisso que a fidelidade se distingue da fé e, a fortiori, do fanatismo. Ser fiel, para o pensamento, não é recusar-se a mudar de ideia (dogmatismo), nem submeter suas ideias a outra coisa que não a elas mesmas (fé), nem considerá-las como absolutos (fanatismo); é recusar-se a mudar de ideia sem boas e fortes razões e – já que não se pode examinar sempre – é dar por verdadeiro, até novo exame, o que uma vez foi clara e solidamente julgado. Nem dogmatismo, pois, nem inconstância. Tem-se o direito de mudar de ideia, mas apenas quando é um dever. Fidelidade à verdade, antes de mais nada, depois à lembrança da verdade (à verdade conservada): este é o pensamento fiel, isto é, o pensamento.”

André Comte-Sponville, sobre a fidelidade, em O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes (Martins Fontes, 2007)

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