Billy
Pilgrim é um sujeito com uma história de vida triste. Enviado à Segunda Guerra
Mundial como assistente de capelão – apesar de declarar não ser muito religioso
e estar na guerra sem ter recebido um treinamento militar suficiente –, Pilgrim
cai em poder alemão e é enviado a Dresden junto com vários outros prisioneiros.
O jovem não sabe que seria testemunha de um dos ataques mais destruidores da
época, o chamado bombardeio de Dresden, ocorrido no início de 1945, e realizado
em conjunto pelas forças aéreas americana e britânica em quatro ataques à
cidade alemã. Há controvérsias com relação a quantas pessoas morreram durante
os ataques, mas estima-se que tenham ocorrido cerca de trinta mil mortes.
Refugiado em um matadouro-prisão (o Matadouro
5), Pilgrim escapa da morte e é encaminhado de volta aos Estados Unidos, onde passa
por um período de recuperação para atenuar os efeitos perturbadores da guerra.
Acaba constituindo família, com dois filhos, e conseguindo um bom trabalho como
optometrista. E, a caminho de um encontro profissional, mais de vinte anos após
a sua experiência de guerra na Europa, Pilgrim teve outro incidente que
moldaria sua vida. O avião no qual viajava se acidentou, e Pilgrim foi o único
sobrevivente.
As marcas do acidente de Pilgrim não foram
apenas físicas. O homem passou a afirmar que, pouco tempo após sobreviver à
queda do avião, fora abduzido por alienígenas e levado a um planeta muito
distante da Terra, Tralfamador. Lá, teria sido exibido nu em uma espécie de
zoológico para que os tralfamadorianos pudessem observar como são os
terráqueos. Tralfamador guardava algumas semelhanças com a Terra, e talvez a
mais curiosa fosse que os alienígenas, como muitos terráqueos, eram fatalistas,
ou seja, acreditavam que as coisas acontecem “porque tinham que acontecer”, e
nada se pode fazer para mudar esse panorama. Coisas da vida.
As lembranças da vida de Pilgrim, que
ocorrem como rápidos flashes fotográficos em diferentes épocas, são contadas pelo
americano Kurt Vonnegut em Matadouro 5
(L&PM, 2005). Considerado um dos protestos antiguerra mais famosos no mundo
literário, a obra lançou o nome do humanista Vonnegut à lista dos autores americanos
de ficção mais comentados no século passado.
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