quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Estamos todos no mesmo barco

Por Guilherme

            Há algumas décadas, os problemas ambientais eram discutidos e tratados em pequena escala. Por exemplo, um rio poluído era motivo de preocupação para as pessoas que moravam próximas a ele ou que se abasteciam de sua água. Atualmente, a situação é outra. Danos ambientais locais estão se transformando em problemas globais, afetando áreas bastante distantes daquelas que são as fontes dos problemas. Isso fica evidente quando vemos que o extremo norte da Terra, que não possui polos industriais, é uma das áreas mais afetadas pelo aquecimento global.
            Degelo nos polos, enchentes na Ásia, furacões nos Estados Unidos, secas em diversos países africanos e expansão de doenças tropicais para locais onde anteriormente não havia registros delas são alguns dos desastres ambientais atribuídos ao aquecimento de nosso planeta. Curiosamente, discutimos com detalhe problemas ocorridos em outros países, mas pouco sabemos sobre o que ocorre aqui no Brasil. E, em um mundo de problemas globalizados, o panorama para nosso país e para o Rio Grande do Sul também é preocupante.
            Uma reportagem recente publicada no site do jornal Zero Hora (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&newsID=a3055531.xml&channel=13&tipo=1&section=Geral) informa que os mesmos efeitos vistos em outros locais do planeta já estão sendo e serão ainda mais sentidos no RS. Entre as situações previstas estão um aumento de até 4ºC na temperatura média até 2050 e a ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos, como vendavais, secas e enchentes, além da proliferação de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue.
            Apesar da divulgação dessas informações e do potencial perigo que se aproxima, não temos nos esforçado para fazer qualquer coisa que possa realmente atenuar esses problemas. A maior parte das campanhas das quais ouvimos falar é baseada no voluntarismo (“dia sem carro”, “economize água e energia em sua casa”, etc), o que, ainda que seja parte da solução, é parte do problema também. Campanhas que incentivam a mudança de conduta individual são muito importantes e devem ser realizadas sempre, mas podem passar a impressão de que esse esforço é suficiente para mudar o mundo. Condutas ecológicas corretas devem durar uma vida, não um dia ou uma semana. Além disso, quantas pessoas que ficaram um dia sem carro em favor do planeta procuraram se informar a respeito das ideias de seus candidatos sobre meio ambiente, energia e transporte? E sobre planejamento familiar? Infelizmente, até que essas questões maiores não sejam debatidas com seriedade, continuaremos a agir paliativamente. Isso não significa, de maneira alguma, que devamos desistir de fazer aquilo que chamamos de “nossa parte”: economizar energia e água, separar o lixo, consumir menos, informar as outras pessoas sobre essas práticas, etc. Isso significa que “fazer a nossa parte” é algo que vai além disso e envolve também nossas escolhas políticas.

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