terça-feira, 5 de julho de 2011

O Livro da Minha Vida (4)

Por Marcos Fernando Kirst*

Vários foram os livros que me marcaram ao longo de minha decana trajetória de leitor. O mais recente a ter me causado aquela sensação rara de prazer de degustar algo sublime foi “Se um Viajante numa Noite de Inverno”, do italiano Ítalo Calvino (1923 – 1985). Nesse romance, Calvino transforma o próprio leitor em personagem principal da narrativa, ao longo da qual vai debatendo temas concernentes ao universo da leitura e dos livros. A intertextualidade é a tônica da obra, em que acompanhamos as agruras do personagem que deseja evitar cruzar a tentadora linha que separa o simples leitor do fazedor de literatura, bem como os dilemas que assolam a dupla formada pelo escritor produtivo e o escritor atormentado, vizinhos que se monitoram um ao outro durante a produção de suas obras.
Tudo isso conduzido com o gênio narrativo de Calvino, que nos apresenta aqui o ápice de seu estilo erudito e irônico, sem ser pedante. Na verdade, descobri em “Se um Viajante...” a profundidade do humor com que Calvino trabalha seus livros, todos eles eminentemente alegóricos. Li o livro em 2003 e, a partir dali, mergulhei em uma caça sistemática a toda a obra do autor publicada no Brasil (que é vasta, mas ainda não completa) e devorei tudo. Ler Calvino é um prazer imenso, e consta em meus planos futuros empreender uma releitura geral.

*Marcos Fernando Kirst é jornalista e escritor. Foi o patrono da Feira do Livro de Caxias do Sul de 2010. Informações sobre suas obras, e os textos que Marcos escreve semanalmente para diversos jornais e revistas, podem ser acessados em seu blog Futilidades Literais.

Um comentário:

  1. "Ler Calvino é um prazer imenso, e consta em meus planos futuros empreender uma releitura geral."

    E eu não poderia deixar de fazer coro. Foi ali por 2001, 2002 também que eu acabei conhecendo Calvino através de "Um general na Biblioteca", e não consegui mais parar de correr atrás de suas obras em português, por sorte, várias sendo publicadas pela mesma editora, ano após ano.

    Mas confesso que "As Cidades Invisíveis" e "Se Um Viajante" foram dois livros que eu não entendi.

    J.Cataclism

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