quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Burro diz que professores são inúteis. E tem certa razão nisso.

Por Guilherme
       
Notícias sobre educação no Brasil, quando aparecem nos grandes veículos da mídia, geralmente não significam coisas boas. A mais recente polêmica diz respeito à declaração de um vereador de Jacareí, em São Paulo. O nobre parlamentar, carinhosamente conhecido como Dario Burro (com B maiúsculo) afirmou que os professores são inúteis e não gostam de dar aulas.
        De acordo com reportagens sobre o assunto, há quem pense em buscar uma punição contra Burro. Como professor, sou contrário a isso, porque a conclusão de Burro é correta. Professores, no Brasil, são realmente inúteis, no sentido de que pouco, ou nada, podem fazer para mudar o panorama de ignorância que assola a nação. O tipo de ignorância que se apresenta aqui não é aquele que se resolve em uma sala de aula, é daqueles que só uma completa revolução na cultura do povo pode dar conta.
        Um professor não é muito útil em uma país no qual pessoas que sequer sabem gerenciar suas próprias vidas constituem “famílias”, e mandam seus filhos para a escola para que lá sejam educados, aprendam limites e saibam viver em sociedade. Na verdade, pais assim encaminham seus filhos para a escola porque não os suportam em casa. Pensando bem, os professores têm sua utilidade ao aguentar a falta de educação de quem nem os pais querem mais saber.
        Um professor também não é muito útil em um país no qual novelas (isso mesmo, NOVELAS) são consideradas meios de educação das massas. De fato, não se pode fazer nada quando bizarrices do tipo “Insensata Aberração” são líderes de audiência, consideradas por muitos como o meio mais eficaz de promover o debate de questões importantes para a nação. Não sei se devemos rir ou chorar com uma situação assim.
        Por último, um professor não pode fazer nada em um país que elege Burros como seus representantes. Um país no qual as propostas e a integridade de um candidato são os únicos itens que a maioria dos eleitores não considera quando tem que votar.
        Em um país onde há Burros em abundância, pouco pode fazer um professor.

2 comentários:

  1. "Pega tuas coisas e vai pra escola pra pegar merenda!"

    Pronto, já fiz meu papel de pai por hoje. Ah!, que esse guri, já aos dezesseis, vai poder votar também...

    :-/


    J.Cataclism

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  2. Aos 16 anos ele pode participar de processos que determinam os rumos da nação mas, curiosamente, não está apto a responder por atos criminosos que comete.
    Lembro de ter visto um vídeo, há alguns meses, de um grupo de adolescentes que fazia baderna nos corredores de uma escola de Miami. A próxima cena mostrava os "menores infratores" de cabeça baixa, algemados e acompanhados por policiais, que os levariam até a delegacia. Lá, eles iriam responder pelo que tinham feito.
    Se algo parecido ocorre aqui, os pais e os fervorosos defensores de menores dirão que falta pulso aos professores, que a escola é relapsa em disciplinar os alunos, ou então que isso é uma fase conturbada da vida dos meninos, e que isso passa logo. Afinal, são só adolescentes.

    Um abraço
    Guilherme

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