sexta-feira, 4 de maio de 2012

A moderna fábula de Fausto

Por Guilherme

Na história de Goethe, Dr. Fausto recebe a visita do demônio Mefistófeles, que promete ao velho homem o rejuvenescimento, o poder, a sabedoria e a possibilidade de amar uma jovem senhora. Em troca, Dr. Fausto cede sua alma ao demônio, abrindo o caminho para a desgraça.
     Existem várias versões da história de Fausto no folclore e na literatura e, recentemente, um pequeno editorial da revista inglesa New Scientist sugere que a fábula também tem aplicações na vida moderna. Com o título de “Estamos vendendo nossas almas para as redes sociais?”, o texto discute o fato de estarmos fornecendo cada vez mais informações pessoais e nos expondo publicamente em troca de supostos benefícios promovidos pelas redes sociais, como possibilidades de emprego e encontro com amigos, no que parece um contrato informal feito à moda de Fausto e Mefistófeles.
      O tema é polêmico, e o pequeno texto da New Scientist obviamente não o esgota. A afirmação que inicia o editorial, por si só, pode gerar grandes discussões. Afinal, é justo dizer que “se você não está pagando pelo produto, você é o produto?”

Para ler o texto, clique aqui.

5 comentários:

  1. Eu gostei dessa ideia de o usuário SER o produto. Não tinha parado pra pensar, mas achei bem real e até sensata, no sentido de que, independentemente de quantas ou quais informações revelemos nas tais redes, os anunciantes dessas páginas estão pagando para TER-NOS, ou seja, investe grana para que as redes sigam gratuitas, em troca de poder ter maiores oportunidades de "atingir" os usuários.

    Ainda assim, me parece apenas uma maneira mais trabalhada de falar de publicidade. Assim como acontece ns maioria dos quadrinhos infantis até hoje, por exemplo, as crianças são incentivadas a enviar seus cadastros para participar de clubinhos, redes de amigos por correspondência, etc; assim como qualquer anúncio de publicidade em qualquer tipo de publicação impressa ou virtual pode fazer.

    Eu sempre gostei do Orkut durante vários anos que o utilizei, e no início de 2011 criei uma conta no Facebook e gostei até agora. Acho sempre uma piada como explodem esses "bafões" por aí, mencionando que fotos ou informações íntimas de algum dito famoso ou não sei quem foram divulgadas publicamente por suposto acidente; e a mesma piada, a meu ver, vale para quem não participa dessas redes sob a única desculpa de que "não quero minha vida como se fosse um Big Brother" (eu mesmo falei essa besteira há anos, dias antes de aderir ao Orkut, beeeem lá no comecinho do mesmo. NÓS revelamos aquilo que acharmos melhor; o incentivo das administrações ou dos anunciantes/patrocinadores/aproveitadores de dados das redes existe e será cada vez mais forte, seja através de algum aplicativozinho supostamente prático, seja através de sugestões de compra de upgrades, pacotes ou o que for.

    Quissá tosquice da minha parte, mas as redes continuam sendo o que sempre foram em sua essência: um banco de dados "ultramegahiper seguro", que se compromete a não divulgar informação nenhuma de seus usuários, a menos que algum novo integrante de seus Conselhos pague por eles.

    Não quer arriscar invasão de privacidade? Não divulga, não publica. NADA é confiável. Até mesmo o todo-poderoso Megaupload, superseguro, foi confiscado.

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  2. Guilherme, o meu comentário anterior NÃO foi direcionado a ti, ok? relendo após a publicação, eu notei que as "palavras de ordem" passaram a impressão de ser específicas a quem abriu o tópico original.

    :-)

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    1. Oi J.Cataclism,

      O assunto é realmente polêmico, e você escreveu algo que eu não tinha pensado muito antes, a questão da publicidade nessas redes sociais. Quando li "você é o produto" pensei no que o Roger Waters tem cantado em sua última turnê, somos apenas mais um tijolo no muro, mais uma peça na máquina, mais um número para as expressivas estatísticas do Facebook, que tem rendido um bom dinheiro aos seus criadores e mantenedores. Desse modo, somos o produto, somos um meio para que alguém saia lucrando com isso. Antes de mais nada, quero dizer que não concordo com esse ponto de vista, me parece extremista demais. Mas nem por isso o argumento deixa de ser interessante.
      Em relação à liberdade de se publicar o que se quer, e cuidar com a privacidade, isso também rende intermináveis discussões. Quando li seu comentário, lembrei imediatamente das discussões que a obrigatoriedade de se usar o cinto de segurança causa entre aqueles que defendem que o Estado não deve interferir na vida do cidadão. Para esses, a pessoa pode usar o cinto ou não, é uma decisão dela porque afeta diretamente sua própria vida. Honestamente não consigo concordar com isso. Temos que ter por princípio que nem todas as pessoas são bem informadas a respeito das consequências de seus atos, e cabe ao governo protegê-las, às vezes até de si próprias. Nesse caso, o agravante é o gasto que o estado tem em caso de acidentes com vitimas, um custo que não é coberto por aquele que não quer usar o cinto de segurança.
      Quando se fala sobre privacidade na internet, sempre tenho em mente a discussão sobre o cinto de segurança. A questão é distinta, e o Estado não pode intervir diretamente nesse caso, como ocorre no trânsito. Mas deve haver alguma discussão sobre como proteger as pessoas de suas próprias extravagâncias ou exibicionismos.

      Um abraço
      Guilherme

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  3. "Mas deve haver alguma discussão sobre como proteger as pessoas de suas próprias extravagâncias ou exibicionismos.".

    Pois é. A discussão em relação ao uso do cinto de segurança e do capacete (motociclistas) é realmente distinta, mas exemplifica muito bem a ideia da coisa.

    Após ler aquela dica do "Janelas Quebradas" fica mais fácil fazer essas associações.
    :-)

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  4. Boa noite!
    Como profissional de marketing, publicidade e propaganda, os argumentos expostos por J. Cataclism estão corretos. Sempre que possível, temos sim acesso a grande parte desses dados, que serão transformados em produtos, em consumo.

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