quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Livro dos Livros

Por Guilherme

O livro mais vendido da história, a Bíblia, é a versão religiosa de diferentes aspectos da vida, desde a sua criação até os princípios éticos da convivência humana. Vários cientistas e filósofos ofereceram uma visão secular (ou seja, não religiosa) das mesmas coisas, falando da evolução das espécies por seleção natural e da moralidade com o rigor do pensamento racional e da argumentação bem estruturada. Sobre evolução, vale a pena consultar o trabalho de Ernst Mayr e Richard Dawkins, e há ótimos livros desses autores publicados aqui no Brasil. Sobre ética e moralidade, apesar de eu não ser filósofo, indico as obras de Colin McGinn, John Rawls, Peter Singer, Simon Blackburn, Mark Rowlands e A.C. Grayling, embora não seja tão fácil encontrar os livros de alguns deles em português.
        Uma ótima iniciativa de juntar questões históricas e morais sob uma perspectiva secular está em O Livro dos Livros: uma Bíblia humanista, do filósofo inglês A.C. Grayling (O título original é The Good Book: a humanist Bible. A versão em português foi publicada em Portugal pela Editora Lua de Papel em 2011, mas a obra ainda não foi editada no Brasil). O Livro dos Livros está organizado nos moldes da Bíblia, com capítulos e versículos em catorze livros: Génesis, Sabedoria, Parábolas, Concórdia, Lamentações, Consolações, Sábios, Canções, Histórias, Provérbios, O Legislador, Actos, Espístolas e O Bem, a última parte do livro, dedicada, como o próprio nome deixa transparecer, à moralidade.
        Estou com o livro em mãos, pronto para percorrer as suas quase 700 páginas. Como todo leitor curioso, passei rapidamente pelos capítulos da obra, e me detive em alguns de especial interesse. Transcrevo abaixo um trecho da parte que encerra o livro. As ideias expostas nesse trecho mostram que, independentemente de termos ou não algum tipo de crença religiosa, nossas vidas devem ser guiadas por alguns princípios universais de conduta que incorporem o respeito aos outros, a boa intencionalidade das ações e a abertura para o diálogo e o entendimento.

Devemos perguntar quais os mandamentos a seguir / Ou faríamos melhor em perguntar, a cada um de nós: / Que tipo de pessoa devo ser? / A primeira pergunta assume que existe uma resposta certa / A segunda assume que há várias respostas certas / Se perguntarmos como responder à segunda pergunta, a resposta apresenta-se com outras perguntas: / O que devemos fazer quando vemos outra pessoa a sofrer, a passar necessidades, com medo ou fome? / Quais são as causas justas, que mundo idealizamos para os nossos filhos, para brincarem na rua com segurança? / Há muitas perguntas do género, algumas que dispensam resposta, outras a que não temos como responder / Mas quando todas as respostas a todas as perguntas são condensadas, ninguém ouve menos do que isto: / Ama bem, procura o bem em todas as coisas, não faças mal a ninguém, pensa pela tua própria cabeça, sê responsável, respeita a natureza, dá o teu melhor, informa-te, sê amável, sê corajoso: pelo menos, faz um esforço sincero / E a estas dez obrigações, junta mais uma: meus amigos, que sejamos sempre fiéis a nós mesmos e ao melhor das coisas, para que possamos ser sempre fiéis uns aos outros.




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