Professor
na Universidade de Cambridge e na Universidade da Carolina do Norte, o inglês Simon
Blackburn é considerado uma das figuras mais importantes na filosofia
contemporânea, tanto na área acadêmica quanto na popularização de temas filosóficos
entre o público geral. Em suas obras, Blackburn escreve sobre ética, epistemologia,
o pensamento crítico, a história da filosofia e a busca da verdade. No Brasil,
estão disponíveis A República de Platão
(Jorge Zahar, 2008), o Dicionário Oxford
de Filosofia (Jorge Zahar, 1997) e Verdade:
um guia para os perplexos (Civilização Brasileira, 2006 – escreverei sobre
o livro em breve aqui no blog). Blackburn também é autor de uma interessante
obra de introdução à ética (Being Good),
outra de introdução à filosofia (Think: a
compelling introduction to philosophy) e uma sobre as grandes questões da
vida (Big Questions: philosophy, que
também será tema de um post aqui no Página
Virada).
Enviamos
algumas perguntas a Blackburn para conhecer mais as suas ideias sobre livros e
leitura. O filósofo gentilmente aceitou nosso convite e nos encaminhou suas
respostas, que podem ser lidas abaixo.
Página Virada: O que você está lendo agora?
Simon Blackburn: Eu geralmente leio vários livros ao
mesmo tempo. No presente momento, estou lendo os Ensaios de Montaigne, o que eu deveria ter feito há muito tempo.
Eles são acalentadores, íntimos, nos fazem divagar, e são frequentemente muito
divertidos. Também estou lendo, em contraste, O Talentoso Ripley, o suspense de Patricia Highsmith que foi transformado
em um filme bem conhecido. Terminei recentemente Darwinian Populations, de Peter Godfrey-Smith, um livro sobre filosofia
da biologia que eu apreciei bastante.
PV: Que livros o influenciaram?
SB: São muitos para mencionar!
Profissionalmente, creio que eu deveria indicar Russell e Frege, os dois
grandes pioneiros da lógica moderna. Depois, o Tratado de Wittgenstein, com o qual passei muito tempo lutando
quando era estudante. Em meus anos de graduação eu li pela primeira vez David
Hume, que provavelmente me influenciou mais do que qualquer outro autor.
PV: Por que você pensa que é importante
ler?
SB: O grande negócio em relação à
leitura, diferentemente de assistir a filmes ou televisão, é que você pode
escolher seu próprio passo. Você pode fazer uma pausa para a reflexão, deixar
sua imaginação livre, ou pensar um pouco por conta própria. Assim, um livro é o
mais polido e modesto das companhias. Penso que filmes, ao contrário, são muito
insistentes. Você tem que assisti-los no passo que eles ditam, e eu realmente
não gosto de fazer isso. Não é somente o fato de que eu encontro mais prazer
nos livros, mas eu penso que eles expandem mais a minha mente. Eles me dão
espaço para respirar.
PV: É possível fazer com que as pessoas
leiam mais? Como podemos fazer isso?
SB: Nós temos que comunicar o nosso
prazer mais efetivamente. Ver jovens mexerem ociosamente em seus Angry Birds ou Donkey Kongs, ou qualquer coisa parecida, me deixa muito triste. É
uma maneira pobre, vazia e sem sentido de passar o tempo, considerando que eles
poderiam estar perdidos em companhia de Agamenon ou Aquiles, Hamlet ou Dom
Quixote, ou mesmo Alice no País das Maravilhas ou Harry Potter. Não penso que
importe o que a criança lê, contanto que elas assimilem a ideia de que os
livros são prazerosos.
Achei que ler vários livros ao mesmo tempo fosse coisa minha!
ResponderExcluirLer amplia nossa visão de mundo.
Parabéns pela entrevista.
Abraços
Oi Ceres!
ResponderExcluirTambém tenho esse costume de ler mais de um livro ao mesmo tempo. Para isso, devem ser obras de assuntos diferentes, senão fico meio perdido.
O que não pode acontecer é eu passar um dia sem ler, aí fico realmente perdido.
Um abraço
Guilherme