quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Conversando com Simon Blackburn

Por Guilherme

Professor na Universidade de Cambridge e na Universidade da Carolina do Norte, o inglês Simon Blackburn é considerado uma das figuras mais importantes na filosofia contemporânea, tanto na área acadêmica quanto na popularização de temas filosóficos entre o público geral. Em suas obras, Blackburn escreve sobre ética, epistemologia, o pensamento crítico, a história da filosofia e a busca da verdade. No Brasil, estão disponíveis A República de Platão (Jorge Zahar, 2008), o Dicionário Oxford de Filosofia (Jorge Zahar, 1997) e Verdade: um guia para os perplexos (Civilização Brasileira, 2006 – escreverei sobre o livro em breve aqui no blog). Blackburn também é autor de uma interessante obra de introdução à ética (Being Good), outra de introdução à filosofia (Think: a compelling introduction to philosophy) e uma sobre as grandes questões da vida (Big Questions: philosophy, que também será tema de um post aqui no Página Virada).
Enviamos algumas perguntas a Blackburn para conhecer mais as suas ideias sobre livros e leitura. O filósofo gentilmente aceitou nosso convite e nos encaminhou suas respostas, que podem ser lidas abaixo.

Página Virada: O que você está lendo agora?
Simon Blackburn: Eu geralmente leio vários livros ao mesmo tempo. No presente momento, estou lendo os Ensaios de Montaigne, o que eu deveria ter feito há muito tempo. Eles são acalentadores, íntimos, nos fazem divagar, e são frequentemente muito divertidos. Também estou lendo, em contraste, O Talentoso Ripley, o suspense de Patricia Highsmith que foi transformado em um filme bem conhecido. Terminei recentemente Darwinian Populations, de Peter Godfrey-Smith, um livro sobre filosofia da biologia que eu apreciei bastante.

PV: Que livros o influenciaram?
SB: São muitos para mencionar! Profissionalmente, creio que eu deveria indicar Russell e Frege, os dois grandes pioneiros da lógica moderna. Depois, o Tratado de Wittgenstein, com o qual passei muito tempo lutando quando era estudante. Em meus anos de graduação eu li pela primeira vez David Hume, que provavelmente me influenciou mais do que qualquer outro autor.

PV: Por que você pensa que é importante ler?
SB: O grande negócio em relação à leitura, diferentemente de assistir a filmes ou televisão, é que você pode escolher seu próprio passo. Você pode fazer uma pausa para a reflexão, deixar sua imaginação livre, ou pensar um pouco por conta própria. Assim, um livro é o mais polido e modesto das companhias. Penso que filmes, ao contrário, são muito insistentes. Você tem que assisti-los no passo que eles ditam, e eu realmente não gosto de fazer isso. Não é somente o fato de que eu encontro mais prazer nos livros, mas eu penso que eles expandem mais a minha mente. Eles me dão espaço para respirar.

PV: É possível fazer com que as pessoas leiam mais? Como podemos fazer isso?
SB: Nós temos que comunicar o nosso prazer mais efetivamente. Ver jovens mexerem ociosamente em seus Angry Birds ou Donkey Kongs, ou qualquer coisa parecida, me deixa muito triste. É uma maneira pobre, vazia e sem sentido de passar o tempo, considerando que eles poderiam estar perdidos em companhia de Agamenon ou Aquiles, Hamlet ou Dom Quixote, ou mesmo Alice no País das Maravilhas ou Harry Potter. Não penso que importe o que a criança lê, contanto que elas assimilem a ideia de que os livros são prazerosos.

2 comentários:

  1. Achei que ler vários livros ao mesmo tempo fosse coisa minha!
    Ler amplia nossa visão de mundo.
    Parabéns pela entrevista.
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Oi Ceres!

    Também tenho esse costume de ler mais de um livro ao mesmo tempo. Para isso, devem ser obras de assuntos diferentes, senão fico meio perdido.
    O que não pode acontecer é eu passar um dia sem ler, aí fico realmente perdido.

    Um abraço
    Guilherme

    ResponderExcluir