quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Revolução dos Bichos

Por Guilherme

      Escrito em 1945 por George Orwell, A Revolução dos Bichos é um dos livros mais famosos do século XX. Sua história, bastante conhecida e discutida, narra a revolta dos animais da Granja do Solar contra seu proprietário Jones, um sujeito alcoólatra e violento no trato com os animais. A revolta é incentivada pelos porcos, animais mais intelectualizados, que convencem os demais de que é necessário um levante contra o abuso da autoridade humana. Um governo de animais, para animais, é a solução.
      Os animais se unem e conseguem expulsar o então proprietário da Granja, e assim cumprem a primeira etapa de sua revolução. Sem humanos, e com um governo que considere e trate igualmente a todos os animais (“quatro pernas bom, duas pernas ruim”), a vida, pensam eles, ficará muito melhor.
      Os dois porcos líderes, Napoleão e Bola-de-Neve, encarregam-se de dirigir o início da construção da nova granja, agora chamada Granja dos Bichos, e propõem os sete mandamentos dos bichos, que definem a vida igualitária da sociedade e tentam extirpar qualquer resíduo humano dela (proíbem-se as roupas, a ingestão de álcool, dormir em camas e matar animais).
      O tempo passa e a Granja toma um rumo diferente daquele imaginado inicialmente, pelo menos para a maioria dos animais. O líder Napoleão passa a ter privilégios e age de modo deliberado, sem consultar os demais animais para tomar decisões e modificar as leis estabelecidas. Para os outros animais, especialmente os cavalos Sansão e Quitéria, só há trabalho, muito trabalho.
      As revoltas, ou insubordinações, são punidas com perseguições e morte. Analfabetos e enganados pela boa propaganda governamental feita pelo porco Garganta, os animais não se dão conta de que os sete mandamentos aos poucos vão sendo levemente alterados (“nenhum animal matará outro animal, sem motivo”) de acordo com as necessidades dos líderes da Granja. Por fim, até os humanos, outrora inimigos mortais, se aproximam dos porcos e com eles se reúnem e negociam, sob o olhar perplexo dos habitantes da Granja.
      A história de Orwell foi escrita como uma crítica direta ao governo stalinista da União Soviética e, por isso, acabou rejeitada por diversos editores ingleses, que não queriam publicar um manifesto tão aberto contra um aliado de guerra, ainda mais tendo seus líderes representados por porcos. Além de proibido em países comunistas, também foi banido em nações islâmicas, sob o pretexto de que retrata porcos, alimento proibido para os muçulmanos. Apesar de seu enredo tratar de uma situação particular, A Revolução dos Bichos continua atual. Corrupção, exploração de indivíduos por outros, a fome pelo poder, a ganância pelo dinheiro e pelo conforto, mesmo que isso custe o bem-estar alheio, são todas características humanas. O livro de Orwell é, acima de tudo, uma fábula sobre a natureza humana. Afinal, “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”.

2 comentários:

  1. Pô, cara, GENIAL a menção a este livro!
    Eu não dava nada para o título ou o autor até assistir ao filme, nele baseado, e saber de onde realmente vinha o tal famoso nome "Big Brother" (apesar de ser de outro livro dele).

    Esse livro realmente é fantástico! Sei lá quantas vezes reli. Aquela parte onde os porcos vivem modificando ou criando adendos às regras, na parede do celeiro, é supimpa! hehehe. Me lembra bastante o mural de novas regras na escola Hogwarts, "sob nova administração", do Harry Potter.

    :D

    J.Cataclism

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  2. Adorei. Sempre tive uma admiração pelos porcos e agora vejo que são mais intelectualizados. Vai ver que é por isso. Jajaja...
    Parabéns!
    Análise perfeita.
    No início imaginei que seria uma administração tão perfeita que os humanos copiariam, mas inteligentemente foi uma crítica oa governo. Muito sábio.

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