quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Paixão Índia

Anita Delgado era uma simples jovem espanhola que, com a irmã, apresentava um número de dança num teatro-café de reputação duvidosa. Foi em uma dessas apresentações que conheceu Jagatjit Singh, marajá de Kapurthala, um pequeno distrito localizado no norte da Índia, próximo à fronteira com o Paquistão. Para o marajá, foi paixão à primeira vista; para Anita, nem tanto, pois pensou que o soberano queria comprá-la com suas ofertas de joias e dinheiro. Com o passar dos meses, Anita deixou-se seduzir pela generosidade e pelo cavalheirismo de Singh, enquanto sua família deixou-se encantar pela sua fortuna. Em 1908, Anita e o marajá, 18 anos mais velho do que ela, que tinha 17, casaram-se, e sua história de amor ficou conhecida no mundo todo.
Javier Moro conta a história (verídica) de Anita Delgado na obra Paixão Índia (Editora Planeta do Brasil, 2006), um livro indispensável àqueles que apreciam as culturas orientais e adoram tudo aquilo que pareça “exótico”. E Anita de fato teve uma vida que pode ser chamada de exótica: recém-casada (no civil), foi à Índia, onde se casou à maneira hindu, e passou a morar no palácio do marajá, e não na casa das concubinas, onde já moravam as quatro outras esposas de Singh. O fato de Anita esperar ser tratada como uma esposa ocidental despertou a ira das demais esposas, que chegaram a armar intrigas para afastá-la do marajá. Além disso, os costumes indianos – como a divisão da sociedade em castas, a alimentação bem temperada e as artimanhas para a prevenção de doenças tropicais – às vezes confundiam Anita, que acabou se sentindo muito solitária. Em alguns anos, a história de amor da dançarina e do marajá tornou-se um emaranhado de mentiras, desculpas e traições. Paixão Índia é, de certa forma, um conto de fadas. Dele, porém, não se pode esperar um final feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário