sábado, 30 de outubro de 2010

Em breve, não haverá tigres na natureza. E daí?

Por Guilherme

      Foi publicada, há poucos dias, uma notícia dando conta do possível desaparecimento de tigres em seu ambiente natural até 2022 (leia a notícia aqui). De acordo com a WWF, uma das mais importantes organizações não governamentais do planeta, existem aproximadamente 3200 desses animais soltos na natureza, e esse número declina a cada ano. Planos para salvar a espécie já estão em andamento, mas não se pode ter certeza de que funcionarão, já que esses felinos são visados por sua pele e por seus ossos, que possuiriam supostas propriedades medicinais (nunca comprovadas). Algumas pessoas, ao lerem a notícia, poderão se perguntar: “E daí? Minha vida não vai mudar nada com isso.” É verdade: a extinção dos tigres não vai alterar o cotidiano de quase ninguém. Mas sempre que vejo uma notícia como essa, lembro daquilo que o biólogo Edward O. Wilson escreveu em A Criação: como salvar a vida na Terra (Companhia das Letras, 2006):

É possível que nunca cheguemos a avistar pessoalmente certos animais raros – podemos lembrar o lobo, o pica-pau-bico-de-marfim, o panda, gorila, a lula-gigante, o grande tubarão-branco, o urso-pardo –, mas precisamos deles como símbolos. Eles proclamam o mistério do mundo. São as joias da coroa da criação. Só saber que eles existem em algum lugar, estão vivos e passam bem é importante para o espírito, para que nossa vida seja inteira. Se eles vivem, então a Natureza também vive. Com certeza nosso mundo estará em segurança, e nós estaremos numa situação melhor. Imagine o choque dessa manchete: ABATIDO O ÚLTIMO TIGRE – A ESPÉCIE ESTÁ EXTINTA.”

Um comentário:

  1. Falou tudo! "E daí?". Pois é. Não lembro quem foi o cara que escreveu, já no século XX, alguma coisa assim: primeiro eles vieram prender os protestantes, mas eu não reclamei porque não sou protestante; Depois, vieram prender os judeus, mas eu não reclamei porque não sou judeu; Depois foram atrás dos socialistas, mas também fiquei quieto porque não sou socialista. Até que vieram me buscar, mas aí não adiantava eu reclamar, porque não havia sobrado mais ninguém." Não é bem isso que foi escrito, mas é parecido, ou seja, acho que ajuda a passar a mensagem, não?

    Até 2022 (sinceramente, acho que os tigres soltos sumirão MUITO antes) já estarão sumindo muitas outras espécies. As que sobrarem, continuarão invadindo cada vez mais as cidades, arás de espaços que foram-lhes tomados, e isso vale para infestações de insetos e plantas também. Será cada vez mais comum ver animais silvetres invadindo quintais, atacando galinheiros domésticos ou brigando com cachorros no jardim de casa. "E daí?" E daí é tarde. Pode reclamar para o bispo, papa ou para a entidade que for.

    J.Cataclism.

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